segunda-feira, 28 de abril de 2014

Una Canción, Capítulo 7 - Antes só do que perto demais

Ponto de vista de Dulce

Dormir nunca fora um tarefa muito fácil para Dulce. Ela sempre teve dificuldades para pegar no sono a noite devido a sua mente criativa que insistia em ficar mais alerta e ativa nas horas menos apropriadas. No entanto, dessa vez, não havia sido esse o problema. Dul não dormiu direito pois só conseguia pensar em Christopher e no beijo que ele lhe dera. E ela se odiava por isso. Odiava a forma como aquele simples gesto a havia devastado. Não esperava sentir todas aquelas coisas vindo à tona. Todo o seu passado com Chris voltando para atormentá-la. E principalmente, não esperava que a atração que havia entre os dois estivesse tão viva e tão intacta depois de tanto tempo. Por um breve segundo, enquanto ele a beijava, ela quis se deixar levar pela loucura do momento. Quis deixar a razão e o compromisso de lado e se entregar a ele. Sentir de novo como era estar em seus braços, como era ser amada por ele. Mas graças a Deus, Jack os havia interrompido e a impediu de cometer o maior erro de sua vida. Pela segunda vez!

A ruiva não queria pensar sobre o assunto, mas não conseguiu refrear seus pensamentos. Memórias e mais memórias chegavam dos mais obscuros lugares de sua mente. Memórias boas e algumas não tão boas assim. Ficou espantada de ainda ter tantos detalhes gravados no pensamento. Não tinha ideia de como conseguia se lembrar de tudo tão perfeitamente. Talvez fosse porque estava revivendo uma situação muito parecida no presente. Os dois se deixando levar pelos sentimentos e pelo desejo, sem pensar direito nas consequências de seus atos. Foi assim que tinham decidido ficar juntos no passado e foi assim que acabaram estragando qualquer chance de darem certo. Dulce Maria havia jurado para si mesma jamais deixar isso acontecer de novo. Sofrera demais da última vez, quase até achar que nunca mais se recuperaria. Mas acabou conseguindo tirar forças da família e amigos. Juntou seus pedaços e seguiu em frente. Era por isso que não podia permitir se deixar levar por essa armadilha novamente. Não aguentaria se tudo desse errado de novo. Tinha que segurar firme naquilo que era certo e seguro. E no momento aquilo era o seu noivado com Rodrigo.

Maria dormiu poucas horas naquela noite sem ter conseguido chegar a uma conclusão sobre o que devia fazer em relação a Ucker. Acordou se sentindo mais cansada do que quando fora dormir. Apesar de ainda ser cedo não conseguiu continuar na cama. Se obrigou a levantar e tomar um banho. Deixou a água quente cair sobre a cabeça e os ombros enquanto se concentrava em retomar o controle e as rédeas de sua vida. Uma coisa era certa: ela já havia brigado com Christopher, então já não importava se ele ficaria ou não chateado com qualquer atitude que ela tomasse. Nesse momento ele já devia a estar odiando mesmo. Então o que Dulce tinha que fazer era dar um jeito de ficar o mais distante dele possível. Evitar ao máximo o contato especialmente nos bastidores. Só assim aquele retorno da banda funcionaria. Pelo menos para ela e seu plano de se manter fiel ao noivo.

Então era isso, Dulce diria a Pedro que não podia mais ficar próxima de Chris durante os shows. Todas aquelas “cenas” que eles normalmente faziam teriam que ser canceladas. Seria assim ou ela não iria mais participar do retorno da banda! Eles teriam que aceitar, afinal já estava tudo acertado, não podiam correr o risco de um integrante dar pra trás. Quanto aos bastidores, Dulce não podia exigir nada. Ela teria que dar um jeito por si só de se manter afastada do garoto. Ela seria fria e grossa ao extremo se fosse preciso. Provavelmente perderia a amizade dele com aquela atitude, mas não havia outra maneira. Decidida, Dul se vestiu, arrumou os cabelos, fez uma maquiagem forte para se sentir segura de si e se encaminhou para o quarto de Pedro Damian. Havia se inflado de coragem e não poderia deixar esse momento passar. Ou então não conseguiria encarar o produtor e falar o que tinha para dizer.

- Adelante - a voz de Pedro se ouviu por trás da porta depois que Dulce deu três batidas nela.

- Con permiso - disse a garota adotando uma formalidade pouco comum com aquele que a conhecia a mais tempo que todos da produção.

- Buenos dias, Dul. O que te traz aqui tão cedo? - estranhou o produtor mostrando o quanto conhecia bem a sua mais antiga pupila. Na verdade, todos sabiam que Dulce não era muito de madrugar, a não ser que realmente fosse necessário.

- Buenos dias, Pedro, cómo estás? - cumprimentou ela, indo se sentar quando ele lhe indicou uma cadeira ao seu lado na mesa. Pedro estava concentrado em seu laptop, provavelmente resolvendo assuntos do grupo - Tenho algo importante para falar com você.

- Imaginei que sim - respondeu o homem com um jeito tão paterno e compreensivo que Dulce sentiu um nó na garganta que quase a fez desistir do seu plano. Mas ela desviou o olhar e tentou não se deixar sensibilizar - Pode dizer, querida, o que houve?

- Bom, na verdade não é algo assim tão sério. Eu apenas queria esclarecer certos detalhes antes de começarmos os shows. Você sabe, para que não haja nenhum mal entendido depois... - Dulce fez uma pausa e Pedro assentiu para que ela continuasse. Era possível ver uma ruga de inquietação em sua testa, ele sabia que aquela não seria nem de longe uma discussão comum apenas sobre “certos detalhes” dos shows.

- Pois bem, - continuou a ruiva - como todos já sabem eu estou noiva e tenho uma imagem artística a zelar, como todos os outros integrantes da banda - ela estava inventando tudo aquilo, obviamente, mas precisava de um motivo convincente, ou então Pedro suspeitaria - Sendo assim acredito que não seria conveniente que eu e Christopher continuemos fazendo aquelas cenas de “casal” que costumávamos fazer antes. Na verdade, acredito que elas sejam desnecessárias agora. Já não há mais novela, e muito tempo se passou. E creio que ambos estaremos mais confortáveis sem esse tipo de manifestação atrelada as nossas imagens públicas.

Pedro escutou com muita atenção enquanto Dulce falava. Sua expressão era indecifrável, o que estava acabando com a autoconfiança que a cantora havia tentado transparecer. Ela tinha certeza que seu discurso, formal e sério demais, não havia convencido Pedro. Ele devia saber que ela estava mentindo, ou ao menos escondendo o real motivo para aquele “pedido”. Dul esperava não ter que exigir que sua vontade fosse aceita ameaçando deixar o projeto. Isso iria criar um clima muito ruim entre ela, o pessoal da equipe e os próprios integrantes da banda. Logo, ela rezou para que ele não se opusesse. Mas é claro, não pode fugir dos questionamentos do produtor que estava no mínimo curioso para saber o porquê daquela atitude tão incomum por parte dela.

- Dul - começou a dizer Pedro depois de uma breve pausa, de forma bem mais descontraída do que a adotada pela garota - Não achei que te preocupasse o fato de suas performances no palco afetarem sua imagem e sua vida pessoal. Você sempre foi tão bem resolvida a esse respeito, até quando era bem jovem no início da banda.

Droga! Porque Pedro tinha que conhecê-la tão bem?! Ele estava certo em tudo que dizia. Dulce não dava a mínima para o que pensariam dela, nem se fariam fofoca. O que sempre prevaleceu foi a opinião dos fãs e claro, de seus familiares e amigos próximos. E esses sabiam que tudo que ela fazia em cima do palco não passava de atuação. Tinham as Vondys que, de certa forma, acreditavam naquela encenação. Mas elas eram inofensivas, nunca fizeram mal a ela nem a Chris, pelo contrário. Sempre foram tão gentis, atenciosas e fiéis. Era impossível não gostar de fãs assim. Dul até as admirava por serem tão leais e apaixonadas. Mas nada disso importava agora. Dulce só queria convencer Pedro, e quem mais precisasse, de que estava dizendo a verdade. Então se manteve na mentira.

- Agora as coisas são diferentes Pedro. Sou uma mulher comprometida, e todos sabem disso. Não vai pegar bem se eu ficar de “parzinho romântico” com alguém no palco.

- Mas você sabe que não é apenas isso, Dul - insistiu Pedro - Não é apenas uma encenação teatral.  Nunca quisemos convencer ninguém de nada. Sempre deixamos você e Chris bem próximos nos shows, porque é isso que o público quer ver. Vondy faz parte da banda. Faz parte do que o RBD é, desde o princípio. Sem isso o grupo perde muito de sua magia e de seu encanto…

- Eu sei Pedro, entendo tudo isso - ponderou Dulce ainda firme em sua decisão. E mesmo sabendo que o produtor tinha toda razão, ficou irredutível - Mas acredito que essa “magia” de que você fala já se perdeu há muito tempo. Sei que ainda existem muitos fãs do RBD que ainda amam o grupo incondicionalmente. Mas posso apostar que até mesmo a mais traumada das Vondys já não veria essas performances da mesma forma. Vai parecer muito falso e artificial. Todos sabem que nunca houve, nem vai haver, nada entre nós além de amizade.

E ao dizer aquilo, Dulce temeu ser desmascarada em sua mentira. Pedro nunca dissera abertamente que sabia do envolvimento que ocorrera entre Dulce e Christopher durante os anos que estiveram no RBD. Mas Dulce tinha certeza que ele sabia. Assim como tinha certeza que muitos sabiam e simplesmente fingiam não saber. Tudo para preservá-los, já que havia uma clausula muito clara no contrato deles com a Televisa e com a gravadora EMI de que não poderia haver relacionamentos amorosos entre os integrantes do grupo. Dul se lembrava do quanto achara ridículo aquilo, principalmente enquanto estivera com Chris. Mas hoje, muitos anos depois, ela quase entendia a preocupação das empresas. Estavam apenas tentando preservar seu investimento. Ela mesma havia considerado várias vezes deixar o grupo por causa de suas decepções amorosas. O que dizer então de quando ela e Chris brigaram? Eles estavam certos, afinal de contas. Relacionamentos entre colegas de grupos só traziam problemas.

- Está bem então - respondeu Pedro enfim - Não posso te obrigar a fazer nada que não queira Dulce, e nem pretendo fazer isso. Se é esse o seu desejo, assim será. Não se preocupe.

Dulce María quis abraçá-lo naquele momento. Mesmo sabendo que ela mentia, mesmo sabendo que devia haver qualquer outra razão para ela ter pedido aquilo, ele não mais questionou. Pedro certamente sabia que o real motivo era pessoal demais para ser compartilhado, até mesmo com ele. Então, resolveu não expor a amiga, e apenas acatou ao seu pedido. Em seguida Pedro informou que teria que convocar uma reunião com os membros da banda para comunicar a mudança, o que voltou a deixar Dulce preocupada. Os companheiros não receberiam bem aquela notícia. Não sabia se Pedro contaria que fora tudo ideia dela, mas teria que arcar com o que quer que fosse. Afinal, havia conseguido o que queria.

***

Evidentemente todos acharam estranho aquela reunião marcada às pressas por Pedro logo no início da segunda semana de ensaios da banda. Estavam presentes todos os seis integrantes do RBD, os músicos, o coreógrafo Jack, alguns produtores musicais e os assessores de cada um deles. Dulce havia chegado antes de todos e quando alguns deles começaram a comentar sobre qual seria o motivo da convocação, ela tentou fingir que não estava ouvindo. Ficou mexendo no celular, trocando mensagens com amigos, o que já era um hábito comum da garota. Minutos depois, por fim, Pedro chegou a sala reservada para a reunião e fez o anúncio que, como Dul já esperava, deixou a todos no mínimo surpresos. Alguns até questionaram o motivo. Christopher permaneceu calado. Maria tinha obtido sucesso em não olhar na direção dele até aquele momento. Mas sua curiosidade traiu seu autocontrole. Para piorar, Chris estava olhando para ela no instante em que a garota virou para olhá-lo. E não precisou encará-lo por mais do que dois segundos para analisar sua expressão. Ele sabia. Sabia que havia sido ela que pedira aquela mudança. E com certeza sabia que o objetivo daquilo era ficar longe dele.

Enquanto Pedro tentava acalmar os ânimos e explicar que tratava-se de um motivo pessoal, Dulce quase se arrependera do que havia feito. Ucker pareceu tão magoado e desapontado com ela... Ela não queria que ele a odiasse, não queria que guardasse ressentimento dela. Mas em vista de tudo o que acontecera, não seria estranho que ele o fizesse. Ficou imaginando se a situação fosse inversa, como ela se sentiria mal com a rejeição. Mas já era tarde para voltar atrás. O estrago estava feito. Dul teria que conviver com o fato de que poderia perder a amizade de Christopher. E tentava se convencer de que aquilo ainda era melhor do que ficar tão próxima do ex e acabar encorajando seus sentimentos e os dele.

Pedro terminou a reunião dizendo que a única coisa que não poderia tirar do “roteiro” dos shows, seria a música “Este Corazón”, um dos maiores sucessos do RBD. Ele deixou claro que precisava que Christopher e Dulce continuassem cantando-a juntos. Mesmo que já não fosse com todo aquele clima de romance que eles costumavam fazer. A notícia deixou os ânimos um pouco pra baixo entre os integrantes, mas ninguém ficou mais decepcionado do que Jack. E não era nem por causa de todo o trabalho que ele teve no final de semana para ensaiar com a dupla. O coreógrafo estava quase aos prantos enquanto andava pelos corredores dos estúdios resmungando coisas a respeito do “fim de Vondy”. Ele realmente devia ser um fã muito incondicional do casal, pensava Dulce, enquanto analisava Jack e se sentia imensamente culpada.

Ponto de vista do Ucker

Foi como levar um tapa na cara. Não bastasse a discussão pós-beijo, agora a Dulce vinha com todo aquele “showzinho” pedindo para não ficar perto dele. Ucker não conseguiu disfarçar a sua raiva. Ele encarava a ruiva, as respostas para as ofensas que ela lhe dissera na noite anterior ainda estavam entaladas na sua garganta. Não era justo que ela o culpasse por tudo o que acontecera no passado. Na época era tudo muito complicado... Para Christopher era difícil saber o que era real e o que era apenas encenação. Ele assumia que havia se atrapalhado antes. Mas agora ele estava certo do que queria. Não era justo que a Dulce se precipitasse daquela maneira, que o afastasse sem nem permitir que se explicasse, que lhe aplicasse tal pena e o fizesse passar aquele “carão” na frente de toda a banda e produção.

Em determinado momento da reunião, os olhares dos dois se cruzaram e Christopher pode ter a certeza: Ela o queria longe. Ele já tivera sua chance e estragara tudo. Agora era tarde demais para correr atrás do tempo perdido... Christopher se odiou por isso, mas acima de tudo, sentiu uma raiva imensa de Dulce naquele momento. A ruiva costumava ser a pessoa que o melhor entendia. Como ela poderia fazer tudo aquilo com ele? Como?

Assim que a reunião terminou, Ucker deixou a sala batendo a porta atrás de si. O cantor seguiu até o seu quarto onde desejava passar o resto da tarde, sozinho. Infelizmente, Linda o seguiu, entrando no cômodo sem ser convidada.

- Será que eu posso saber o que está acontecendo? No sábado à noite você e a Dul quase se beijam no corredor e na segunda pela manhã ela resolve que não quer nem chegar perto de você? Qual foi a parte que eu perdi? – A assessora questionou encarando Christopher.

- A parte que eu a beijei e ela brigou comigo – Ele confessou sem ânimo.

- Caramba, Uckerzinho! Você beija tão mal assim?

- Não enche, Linda! – Ele disse bravo antes de se dirigir ao banheiro para jogar uma água no rosto.

- Tá, tá... Parei com a zuera! Agora é sério, por que brigaram? – A morena o seguiu, encostando-se na porta do banheiro mantendo o seu interrogatório. Ucker sabia que não adiantaria tentar fugir. Quando queria, a amiga sabia ser realmente insistente e chata. Por isso ele preferiu respirar fundo e responder às suas perguntas afim de se livrar logo da Linda.

- Ela disse que eu sempre acabo misturando as coisas. Tipo, que não sei o limite entre o profissional e o pessoal, saca? – Ele explicou enquanto secava o seu rosto com uma toalha.

- E aí ela resolveu acordar essa manhã e fazer essa “ceninha” toda? Tudo por causa de um beijo? Aff... Na boa, se o beijo mexeu tanto assim com ela é porque ela ainda sente algo por você – A assessora concluiu, cruzando os braços, se achando a dona da razão.

- Linda, acorda! Ela acabou de dizer que não quer ficar perto de mim... Isso não é exatamente uma declaração de amor, é? – Christopher perguntou em tom irônico – E quer saber também? Eu não quero mais falar desse assunto! Para mim chega! Por favor, avise ao pessoal da produção que não vou ao ensaio hoje – Ele pediu voltando para o quarto e se jogando na sua cama, completamente ciente que não era a primeira vez que ele dizia que não queria mais saber da Dulce nas últimas duas semanas. Se continuasse assim, até o fim da turnê ele já teria repetido aquela frase algumas milhares de vezes.

- Claro que isso não é uma declaração de amor, mas também não é tão ruim quanto você pensa! Só acho que você precisa relaxar um pouco, levantar essa bunda extraordinariamente grande dessa cama e ir agora mesmo para o ensaio. Dignidade, Ucker! Dignidade! – A morena disse, batendo as mãos, incitando o rapaz a tomar uma atitude.

Christopher olhou para a amiga, sem saber o que dizer. Poxa, será que até a Linda tinha resolvido ficar contra ele?

- E nem adianta me olhar com essa cara. Você está aqui por causa da volta do RBD e não para ficar chorando pela Dulce! Você não quer mostrar para ela que é completamente capaz de separar as coisas? Pois bem, então volte já para aquele ensaio e mostre que quem está perdendo é ela por não querer ficar ao seu lado – Linda completou o seu “discurso” falando como um verdadeiro general.

Ucker queria muito continuar a discussão, mas a verdade é que os argumentos que a assessora usara eram realmente muito bons. Diante disso, não lhe restou outra opção senão levantar-se e voltar ao ensaio, ciente que ele era o assunto da vez. “Ahh Dona Dulce Maria, a senhora ainda me paga!”, ele pensou consigo mesmo enquanto caminhava pelos corredores do hotel.

- Já não era sem tempo! Não me basta ter que lidar com o “chiliquinho” da Dulce, ainda tenho que aturar os atrasos desse aí... Ninguém mais respeita o trabalho de um coreógrafo! – Jack resmungou assim que viu Christopher chegando – Ucker, sua nova parceira de coreografia é a Anahí. Ou será que vocês dois também não podem ficar perto um do outro? – Ele alfinetou em voz alta para que a Dulce, que estava do outro lado do palco, também pudesse ouvir.

 Era óbvio que o Jack estava muito infeliz com o fim de Vondy. Chris queria dizer que ele também não havia gostado muito da novidade, mas preferiu ficar quieto. Em pensar que ele já estava fazendo planos para aqueles momentos no palco...

- Heeeey Uckerzinhooooo! Que maravilha! Tenho certeza que vamos nos divertir muito juntos! – A loira exclamou antes de pular no seu pescoço e apertá-lo muito forte.

Christopher revirou os olhos antes de soltar-se do abraço tipo “Felícia” da Anahí e oferecer-lhe um meio sorriso sem nenhuma empolgação.

“É Ucker, a semana ainda será longa...”, ele resmungou para si próprio, torcendo para que aquela frase que diziam “O que está ruim sempre pode piorar” não se tornar realidade para ele.

***

Como ele previra, a semana passou lenta e com um clima bem pesado entre a banda e o pessoal da produção. Para piorar, o tempo fechou e começou a chover, tornando os dias cinzas e sem graça... Desde a reunião, Christopher ficava somente o tempo necessário no mesmo ambiente que a Dulce e gastava o seu tempo livre durante os ensaios conversando com a Anahí ou com a Linda. Ou melhor, ele ficava escutando e fugindo das perguntas insistentes da loira enquanto ela tentava, a todo custo, saber o que acontecera durante o final da semana em que ele a Dulce ficaram sozinhos no hotel.

Como se não bastasse, Christopher descobrira da pior maneira possível que sim, o que estava ruim sempre podia piorar. No seu caso, a situação tornou-se totalmente insustentável quando Pedro Damián sugeriu um último dia de ensaio geral de voz antes da gravação do EP, que aconteceria na próxima semana.

O grupo passou as músicas novas e depois partiram para os duetos. Anahí e Christopher conseguiram se virar muito bem nas canções que interpretavam juntos e os produtores pareceram ficar muito satisfeitos com o desempenho dos dois. Para Chris fora fácil cantar e dançar junto com a loira. Os dois sempre se deram muito bem e aquela sintonia ainda existia, mesmo após o término da banda.

O problema foi quando Pedro pediu que ele e Dulce cantassem “Este Corazón”. De repente o estúdio onde eles estavam pareceu ficar pequeno e era como se todas as pessoas ali presentes tivessem prendido o ar ao mesmo tempo. Dul se aproximou dele e Ucker não pode deixar de sentir o cheiro do seu perfume e de reparar na regata branca que ela usava que destacava ainda mais os seus fios ruivos. Ela estava linda. Pouca maquiagem, roupa de ginástica, cabelos presos. Simples, mas ainda sim linda.

Era estranho estar ali, ao lado dela, e os dois sequer trocarem uma palavra. Depois do final de semana “Intensivo”, aquele silêncio parecia não caber entre eles. Mas ela estava estranha desde o dia da reunião e ele ainda estava muito magoado com tudo o que acontecera. Durante toda a semana os dois falaram apenas o estritamente necessário um com o outro. Para Ucker, estava na cara que ela o estava evitando e ele, na verdade, também não estava muito afim de puxar papo. Depois do pedido para não ficar mais perto dele, a situação estava muito clara para Christopher: Ela não o queria mais, e ele não insistiria para que ela mudasse de ideia.

Porém, quando a música começou, os seus olhares disseram exatamente o contrário. Foi como se, de repente, tudo ao redor deles desaparecesse e só existissem ele e a Dulce ali. Christopher deixou-se levar pela batida romântica e colocou muito mais emoção do que queria na primeira estrofe da música.

Cómo puder recuperar tu amor?
Cómo sacar la tristeza de mí corazón?
Mi mundo sólo gira por ti

O resto da canção seguiu com a famosa “tensão” no ar da qual todos comentavam. Ucker não conseguia tirar os olhos de Dulce, e por mais que ainda estivesse chateado, naquele momento tudo o que ele queria era abraçá-la e esquecer de tudo nos seus braços.

Y este corazón que te robaste
Cuando te marchaste
Y te marchaste con mis besos
Con mis besos y mis sueños
Y este corazón está latiendo
Cada vez más lento
Y estoy sintiendo en mis adentros
Como el fuego no se apagó
No se apago

- Tá ótimo, tá ótimo! – Pedro parabenizou ao final da música, quebrando o clima e trazendo os dois de volta à realidade – Estão liberados por hoje, chicos. Amanhã faremos o último ensaio geral, e depois vamos focar na gravação do clipe e do EP – O produtor avisou.

Assim que foi dispensado, Christopher correu pegar as suas coisas. Naquela última semana ele manteve a rotina de ser o último a chegar e o primeiro a sair, mas naquele dia ele estava com muita pressa. Ele se sentia encurralado, completamente sem saída, sufocado por tantos sentimentos que uma única canção poderia trazer.

- Ucker, Ucker, queria combinar uma coisa com você sobre a música nova. Eu tive uma ideia... – Anahí correu até ele, tentando chamar a sua atenção antes que ele passasse pela porta de saída.

- Agora não dá, Any! Me deixa! – Ele respondeu de forma grosseira sem nem olhar para a companheira de banda.

- Espera aí senhor Christopher Von Uckermann – Ela deu um jeito de entrar na sua frente e apontar o dedo para o seu rosto, obrigando-o a parar – Se você e a Dulce brigaram, isso não é problema meu! Agora não venha descontar em mim toda a sua raiva! Eu passei a semana inteira tentando te ajudar, mas você insiste em continuar se fazendo de coitadinho! Se você quer sofrer calado essa é uma opção sua, mas enquanto você trabalhar em um grupo com outras cinco pessoas o mínimo que você precisa é tratar os seus companheiros de banda com respeito! – A loira ralhou com ele, fazendo com que ele se sentisse culpado. De fato ele não estava tratando a Anahí como devia.

- Desculpe Any, é que essa semana foi um pouco difícil para mim... – Ele confessou, mexendo nos cabelos.

- Isso já deu para perceber... – Ela rebateu em tom irônico – Espere aqui. Vou pegar as minhas coisas e nós vamos tomar um café.

Como a loira não lhe deu opção, o jeito foi esperar até que ela estivesse pronta e depois segui-la até a cantina do estúdio, onde sentaram-se para beber e comer algo.

- E então, vai ou não vai me explicar o que aconteceu? – Anahí pediu dando uma bicada em seu cappuccino.

Então Christopher lhe contou tudo o que acontecera no último final de semana: o ensaio, o jantar, os dois bêbados, o beijo no corredor até chegar à briga que culminara naquela trágica reunião.

- Caramba, em apenas dois dias vocês conseguiram causar, hein? – Ela assoviou, em tom de espanto – Olha Ucker, sei que é complicado, mas você precisa tentar entender a Dul. Vocês já tentaram isso uma vez e não deu certo. E agora ela está noiva! Tem muita coisa em jogo, entende? Claro que esse beijo mexeu com os seus sentimentos e agora ela não sabe o que fazer!

- A Linda também acha isso...

- Porque a Linda é uma garota esperta, assim como eu! – Ela se gabou, jogando o cabelo e sorrindo, convencida – Mas a questão é a seguinte: Voltar a encenar todas aquelas cenas com você nos shows é voltar para onde tudo começou. Tenho certeza que a Dulce está se fazendo mil perguntas do tipo “Mas e se nós nos deixarmos levar de novo?”; ou “E se no fim de tudo o Ucker falar que não sabe se o que sente por mim é verdadeiro ou não?”; e claro “E se eu me envolver de novo, como vai ficar o meu noivado?”. Entenda Christopher, a Dul já arriscou muito por você. É natural que ela esteja com medo – Anahí disse em tom sério, fitando o amigo diretamente nos olhos.

- Mas dessa vez é diferente, Any. Eu sei o que eu quero! – Ele confessou com a voz triste. Ele ainda não tinha levado em consideração tudo o que a Anahí dissera sobre os sentimentos da Dulce. Colocado daquela maneira, Christopher sentiu-se como um menino mimado que queria ganhar o seu prêmio a todo custo e não aceitava perder.

- Então o senhor assume que está realmente rolando algo entre vocês? – Any questionou com a voz cheia de segundas intenções.

Christopher apenas levantou os braços, em sinal de rendição – Culpado! – Ele disse por fim. Naquelas alturas não adiantaria tentar esconder os seus sentimentos. Dulce estava certa quando disse que ele não sabia separar o profissional do pessoal. Ele passara a semana inteira comportando-se como um verdadeiro tolo e, com certeza, todos da banda sabiam o porquê.

- Aiiii, que lindoooo! Eu sempre torci por vocês! – A loira comemorou, animada.

- Menos Any! Lembre que a Dul não quer me ver nem pintado de ouro – Ucker cortou o barato da amiga.

- Ah meu querido, mas isso é por pouco tempo! Pode deixar que vou dar um jeito nessa situação! – Ela disse com tanta determinação que Christopher sentiu até medo.

- Any, Any... Olha lá o que vai fazer! Não quero que a Dul saiba que comentei essas coisas com você!

- Uckerzinho, relaxe e confie nos poderes da “mamãe” aqui! Tudo o que você tem a fazer é me prometer que dessa vez é para valer! Não quero a Dul sofrendo por você de novo!

- Eu prometo! – Ele disse, levantando a mão direta para reforçar o ato.

- Então esteja pronto para a longa tarefa que será reconquistar o coração da Dulcezita! Mas pode confiar, dessa vez vocês vão acabar juntos! – Ela piscou para ele em tom de cumplicidade – Mas agora, se me permite, eu tenho um casal Vondy para unir! Até mais ver, Christopher – E com essas palavras ela se levantou e saiu, deixando Chris sozinho com o seu café e dezenas de pensamentos e dúvidas que zuniam em seus ouvidos e atormentavam o seu coração.


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Notas finais: Me digam se tem casal mais complicado do que Vondy, minha gente!?
Realmente acho que não viu!? Uma hora estão se beijando, na outra estão brigando, depois uma não quer mais saber de ficar perto do outro, e agora rola um arrependimento?! Ahhhh... Decidam-se! 
Bom, só posso dizer que o próximo capítulo promete uma reaproximação dos dois e vamos torcer para que dessa vez saia tudo bem, né!?
Espero que tenham gostado do capítulo ;)

Até semana que vem!!
beijo,
Sarah

Leia o próximo capítulo: Oferta de paz

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Una Canción, Capítulo 6 - Passando da conta

Notas iniciais: Não é por nada não, mas o cap hoje tá caprichado!
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Ponto de vista de Dulce
 
Aquele jantar havia sido muito melhor do que Dulce esperava. Ou pelo menos era o que os vários copos de saquê a fizeram acreditar. Depois de certo ponto já nem sabia se era ela mesma ou a bebida falando. Se sentia muito solta e desinibida. Tocava em assuntos que jamais mencionaria se estivesse sóbria. Antes era mais difícil Dul ficar tão alterada por causa da bebida, ela tinha que realmente encher a cara para ficar no estado em que estava. No entanto, ultimamente ela não estava mais saindo nem bebendo tanto, o que definitivamente havia afetado sua tolerância ao álcool. Se pudesse prever o estado em que ficaria Dulce não teria bebido tanto. Mas já era tarde demais, a garota estava ligeiramente rosada e a temperatura de seu corpo parecia ter subido alguns graus. O chão parecia tremer sob seus pés e tudo à sua volta parecia se mover mais lentamente que o normal. Tudo que Ucker fazia parecia extremamente engraçado e a fazia dar risinhos abafados e colocar a mão na frente da boca. Até quando ele a segurou para evitar que caísse, enquanto seguiam para o elevador, pareceu extremamente cômico.

Em resposta ao ato ela o agarrou sem nenhum pudor e pode sentir o abdômen bem definido dele entre seus braços. Em outra ocasião aquela proximidade a teria deixado acanhada ou pelo menos constrangida. Mas Dulce não estava ligando para nada disso no momento. Ela só conseguia pensar que estava tão perto daquele corpo que um dia ela desejara tanto. Que um dia, aliás, a pertencera. Pensar nos momentos íntimos que tivera com Christopher não a ajudou a manter o equilíbrio e ela tropeçou nos próprios pés obrigando Ucker a apertá-la com mais força contra si enquanto entravam no elevador. Dulce riu de sua completa falta de jeito e sussurou no ouvido dele algo como “Que bom que tenho você para me carregar, e ainda bem que é forte o suficiente para isso”. Em seguida colocou as mãos sobre seu bíceps e o apertou levemente sentindo a rigidez de seus músculos. Maria mal percebeu quando as portas do elevador se fecharam e ele começou a subir. Estava com a cabeça encostada no ombro de Chris e a embriaguez não a impediu de sentir seu forte perfume cítrico. Era o mesmo que ele usava na época em que namoravam. Dulce sempre adorou aquele cheiro. Misturado ao perfume natural que ele tinha, era com certeza uma das melhores fragrâncias que existia.

Ela encostou a ponta do nariz no pescoço dele para sentir mais de perto o perfume, mas percebeu que ele se enrijeceu e a afastou imediatamente. Dulce enrugou a testa sem entender sua atitude. Mas o que é que havia de errado com ele? Não era possível que não estivesse sentindo a mesma coisa que ela. Era o que a garota pensava enquanto encarava o rosto sério de Ucker que olhava para a porta o elevador sem desviar o olhar por nada. Aquilo a deixou irritada, mas de certa forma também a excitou. Ele estava se fazendo de difícil. Só podia ser isso. Dulce estava ali, vulnerável e disposta em seus braços, demonstrando que queria algo dele, e ele não fazia absolutamente nada. Nem um mísero gesto para indicar que também queria algo. Dulce sabia que estava bêbada e que se partisse para cima dele poderia colocar a culpa na bebida depois. Mas mesmo assim não conseguia adotar uma estratégia mais agressiva. Mesmo alterada ela não era assim. Então tentou uma abordagem mais sucinta. Segurou a mão dele e começou a acariciá-la levemente com os dedos. No entanto, Dul não conseguiu ler em sua expressão se aquilo estava lhe provocando alguma reação. Seus reflexos ainda estavam muito lentos para perceber esses detalhes.

- Chegamos - disse ele quando o elevador parou no andar onde ficavam os quartos deles e de parte da produção - Venha, vou te levar até a porta. Não acho que consiga dar nem meio passo sozinha…

- Se é assim então é melhor que me leve direto até minha cama! - Dessa vez Dulce conseguiu ver sua expressão se alterar. Ele com certeza estava espantado com aquela investida tão direta da ruiva. Até mesmo gaguejou ao responder.

- Acho melhor então eu chamar alguém da sua produção. Iliana ou outra garota - desconversou Ucker, fingindo não ter entendido as intenções de Dulce.

- Não quero incomodá-los agora e, de qualquer forma… eu preferia que fosse você.

- Dulce, não acho que seja uma boa ideia.

Mas a garota já não estava prestando atenção. Procurava desesperadamente o cartão para abrir a porta do quarto em sua bolsa. Christopher se ofereceu para ajudar enquanto pediu que ela se apoiasse na parede ao lado da porta. Ficou olhando-o enquanto ele pegava o cartão e habilmente abria a fechadura da porta. Era muito injusto perceber que a bebida não o havia afetado tanto quanto a ela. Mas Dulce ainda estava se deixando guiar pelo desejo súbito que a invadia e não ia desistir de tentar persuadi-lo a dar a ela o que ela queria.

- Você primeiro - disse com uma voz rouca e baixa, fazendo um gesto com a cabeça em direção ao quarto. Tentando sem sucesso parecer sensual.

- Esse não é o meu quarto, Dulce - respondeu ele dando um sorriso torto e empurrando a porta para que ela se abrisse totalmente.

- Eu sei - rebateu a ruiva levantando uma das sobrancelhas e mexendo no cabelo. Fazendo de tudo para provocá-lo. Não sabia se aquilo iria funcionar, mas ela tinha que tentar. Estava a um passo de perder o controle e pular em seu pescoço e queria que ele também deixasse o juízo um pouco de lado.

- Boa noite, Dulce. Durma bem.

E foi tudo o que ele disse antes de dar as costas e sair. Foi andando em direção ao seu quarto e entrou sem hesitar, deixando Dulce sozinha e muito confusa. Com muito esforço a ruiva conseguiu entrar no quarto, fechar a porta e andar até a cama, onde desabou e ficou deitada por um longo tempo. Estava cansada e sabia que precisava dormir para o ensaio do dia seguinte. Mas a inquietação que sentia por causa do álcool e principalmente por causa do que acabara de acontecer não a deixaram. Ela ficou por mais de uma hora olhando o teto que girava levemente enquanto tentava entender como aquela noite havia terminado de forma tão triste. Ela ainda não estava pensando nas consequências de seus atos. Só o que pensava era que tivera uma oportunidade única de estar com Christopher novamente. De abraça-lo e sentir seu corpo perto do dela. Ela sabia que daria tudo para sentir seus lábios nos dela só mais uma vez. Daria tudo para que ele a beijasse e a fizesse enlouquecer como só ele sabia fazer. E devido as últimas informações fornecidas por Annie de que ele ainda sentia algo por ela, Dulce não conseguia entender porque ele a rejeitara. Ela havia sido bem direta, e mesmo assim ele não demonstrara, em nenhum momento, interesse no que ela estava propondo.

Dulce chorou e acabou adormecendo com a roupa que estava.

Ponto de vista do Ucker
Christopher acordou cedo no dia seguinte com a cabeça doendo e com muita vontade de ficar na cama para sempre. Porém ele sabia que Jack jamais o perdoaria se chegasse atrasado no segundo dia de “intensivo”, e foi isso que o forçou a levantar-se e caminhar até o banheiro para tomar uma ducha fria.

Enquanto a água o despertava por completo, o cantor pensava em como a Dulce estaria aquela manhã. A noite anterior fora, no mínimo, surpreendente. A ruiva havia “se jogado” para cima dele e agora Ucker não sabia se aquilo fora fruto da “bebedeira” dos dois ou se a ruiva estava aproveitando a “trégua” entre eles para demonstrar o que realmente sentia.

Chris não sabia o que pensar. Ele conseguira resistir aos “ataques” de Dulce em respeito ao seu relacionamento e ao seu estado. O difícil agora seria “sobreviver” à sua crise de consciência. Era como nos desenhos animados, quando havia um “anjinho” e um “diabinho” dizendo o que a pessoa deveria dizer. Um ficava repetindo a todo momento “Ucker, ela é comprometida e está muito bêbada. É errado fazer qualquer coisa nesse momento”. Do outro lado, o diabinho falava “Essa é a sua chance, rapaz! Aproveita! A mulher tá de dando o maior mole! Cai ‘pra dentro’, moleque!”.

Para piorar, a Linda chegou ao quarto trazendo o café da manhã, louca por notícias. Aparentemente, ela não havia dormido ainda, mas nem cogitava a hipótese de ir para o quarto antes de se atualizar dos últimos acontecimentos. Quando soube da bebedeira e do “quase-beijo” dos dois, a assessora quis bater no amigo.

- COMO ASSIM VOCÊ NÃO FICOU COM ELA? Ucker, você sabe quantas oportunidades como essa você vai ter? Poxa, ela te deu mole, era ÓBVIO que ela queria ficar com você! A Dulce passou a noite toda te olhando, toda cheia de “charminho”... E o “climão” que rolou no ensaio? E você ainda me fala que não quis beijá-la por causa do saquê e do noivo? – A morena parecia que ia ter um colapso nervoso. Para quem passou a noite em claro, ela parecia muito disposta a lhe dar bronca. Disposta até demais, Ucker pensou consigo mesmo.

- Eu já disse, Lí... Ela não sabia o que estava fazendo... E tinha o noivo dela... – Ele tentou justificar-se bebendo um pouco de suco de laranja, a única coisa que o seu estômago aceitava depois de tanto saquê.

- Uckerzinho – Linda falou em tom irônico – Noites de bebedeira servem para isso: para fazermos loucuras! E o noivo é problema dela, e não seu! Se ela não estava ligando, por que você tinha que se importar?

- Ai Linda, para de pegar no meu pé, ok? Era o certo a se fazer – O cantor disse mais para si próprio do que para a amiga. Por mais que ele soubesse que havia tomado a atitude correta, dentro dele havia uma sensação chata de “E se...”. Se ele a tivesse beijado, como será que a noite anterior teria acabado?

- Tá na hora do ensaio. Vou nessa – Ele anunciou, pegando as suas coisas e preparando-se para sair. Lamentar não ia adiantar nada agora. O jeito era esquecer. Ele ainda tinha o domingo todo pela frente...

O cantor desceu até a recepção, onde uma van já o esperava para levá-lo até o estúdio de dança. Quando entrou no carro, Ucker deu de cara com Dulce com ainda mais cara de ressaca do que ele e uma garrafa de água nas mãos.

- Buenos dias! – Ele cumprimentou ao entrar e fechar a porta atrás de si – Recuperada de ontem?

- Não muito... Acho que tem uma cabeça na minha dor – Ela brincou colocando a mão na têmpora.

- É, passamos da conta ontem... – Ucker comentou quando o carro arrancou.

- Nem me fala...O mundo estava rodando muito quando deitei na cama ontem. Ai Chris, desculpa se falei ou fiz alguma coisa... A verdade é que não me lembro muito bem do que aconteceu – Ela falou, bastante sem jeito, desviando olhar.

Ucker entendeu o recado. Aquela era a maneira que ela encontrara para justificar suas atitudes na noite anterior. Aproveitando a “deixa”, ele também tentou se explicar – Relaxa, Dul! Eu também não lembro muito bem o que aconteceu... Acho que todo mundo quando bebe fica um pouco fora de si – Christopher emendou falando de uma maneira compreensiva.

Ela apenas concordou com a cabeça, dando o assunto por encerrado. Ele achou melhor não insistir. Afinal, o que mais havia para ser dito? A culpa por não a ter beijado na noite anterior ainda o atormentava, mas estender aquela conversa não resolveria o assunto. Ao contrário, só complicaria mais a situação!

Por sorte, o trajeto até o estúdio era curto e os dois não precisaram interagir muito. O clima estava pesado dentro do carro, mas assim que chegaram Chris fez uma brincadeira ao avistar o grupo de seguranças que o esperavam, o que ajudou a descontrair o caminho pelos corredores que levavam à sala de ensaio - Sempre que vejo toda essa segurança em volta de nós me sinto parte de um projeto ultrassecreto da NASA ou do FBI.

Dulce riu, concordando. – Já eu me sinto parte daqueles filmes sobre a Casa Branca, sabe? É muito estranho, não acha? Parece que somos prisioneiros...

- De certa forma, somos! Temos um contrato que limita os nossos passos, pelo menos até o anúncio oficial da volta da banda – Chris ponderou – E já tivemos um que determinava como devíamos agir, lembra? – Ele se referia ao “marketing” que ambos fizeram no passado para promover o casal “Vondy”.

- Lembro sim – Ela pareceu ficar sem jeito ao tocar naquele assunto.

- Você acha que vão nos pedir para fazer isso de novo?

- Hããã... Acho que não! São outros tempos, não temos mais a novela. Acho que não faz mais sentido – Dulce se enrolou toda com a resposta.

- Então o porquê de tanta insistência para que as nossas coreografias saiam perfeitas? – Chris insistiu. Claro que ele não gostara muito do “não faz mais sentido” que ela dissera, mas mesmo assim ele quis manter o assunto. Ucker não sabia o motivo, mas acordara mais decidido naquela manhã. Ele não estava disposto a perder mais nenhuma oportunidade. Conviver com aquela dúvida do “E se...” era ruim demais. Aquele sentimento já o perseguira durante todos aqueles anos. Estava na hora de mudar esse jogo.

- Talvez seja só porque estávamos realmente mandando muito mal com os passos... – A ruiva tentou justificar, ainda parecendo muito nervosa.

- É, acho que era isso... – Ucker concordou – Mas se pedirem, eu toparia fazer todo aquele “showzinho” novamente. Pelas fãs, é claro... – Ele apressou-se para justificar.

- É, pelas fãs valeria a pena... – Ela emendou, mexendo no cabelo, ainda sem coragem de encará-lo.

- Meu Deus, que caras são essas? – Jack exclamou ao vê-los entrando na sala de ensaios, atrapalhando a conversa dos dois – Eu disse para vocês não beberem muito!

- Eu falei isso para a Dulce, mas ela não me ouviu... – Christopher brincou, rindo da companheira.

- Dulcinha, meu amor, você está realmente com uma cara péssima! – O coreógrafo afirmou após avaliá-la mais de perto – Mas tenho certeza que o ensaio de hoje vai dar um jeito de espantar essas ressacas! Vamos botar pra quebrar, pessoal! Quero o mesmo entrosamento e a mesma química de ontem, hein? Chega de papo e vamos aquecer!

Dulce e Ucker olharam um para o outro como se tentassem descobrir juntos da onde saia tanta disposição em um domingo pela manhã. A animação do Jack era algo surpreendente. Sem opção, os dois começaram a alongar, se aprontando para o ensaio. Com ressaca ou não, com climão ou não, os dois ainda teriam um longo dia pela frente.

***

- Certo, já chega! – Jack anunciou após árduas três horas de ensaio. Depois de uma noite de “farra”, manter o ritmo foi difícil para Christopher e Dulce. Mesmo assim, eles conseguiram alcançar o bom desempenho do dia anterior, o que deixou o coreógrafo pulando de alegria. Literalmente.

- Ahhh, estou feliz demais com os resultados do nosso intensivo! Vocês estão “tinindo”! Vondy voltou a arder! – O coreógrafo continuou falando, muito sorridente – E para provar o quanto eu estou feliz com a evolução de vocês, vou dar a tarde de folga para os dois!

Ucker não sabia muito bem se estar “tinindo” era algo bom ou ruim, mas achou melhor não questionar. Tudo o que importava naquele momento eram aquelas três palavrinhas mágicas: TARDE-DE-FOLGA. Christopher estava exausto, de ressaca e com crise na consciência. Ter o resto do dia livre seria uma ótima pedida.

- Quero os dois assim durante o resto dessa semana, hein? Vamos começar a ensaiar pesado a coreografia do novo clipe e o pessoal da produção me pediu para dar um destaque especial para vocês nesse trabalho. Tenho certeza que vão arrasar! Mas agora, já para o quarto, tomar um banho gelado e curar esse resto de bebedeira! Vejo os dois amanhã! – O coreógrafo os dispensou.

- É, pelo o que o Jack falou, a produção vai querer insistir nesse lance Vondy... – Ucker comentou enquanto os dois pegavam as suas mochilas e saíam em direção ao elevador.

- Será? – Dulce meneou a cabeça, pensativa – Bom, acho que vamos ter que esperar para ver...

- Seria interessante... – Ucker ponderou.

- É, seria... – Ela desconversou.

O elevador chegou e os dois entraram em silêncio. A ruiva apertou o botão do andar onde ambos estavam hospedados e começaram a descida.

Ucker não queria, mas a proximidade entre eles fez os acontecimentos da noite anterior voltarem com tudo a sua mente. Ele lembrou-se da Dulce jogando os cabelos e o convidando com a voz mansa para entrar no seu quarto, do seu corpo junto ao dela, do perfume, das suas mãos nos seus braços, no seu abdômen... Christopher sabia que aquilo era errado, mas ele não tinha como controlar. Aquele final de semana fora muito parecido aos de antigamente, quando os dois namoravam. De repente ele sentiu uma saudade incontrolável de senti-la em seus braços, de sentir o seu cheiro, de brincar com os seus cabelos...

O elevador parou e as portas abriram. Os dois saíram no corredor, ainda quietos. O silêncio de Dulce o deixava ainda mais incomodado. Por que de repente ela ficara muda? Será que ele fizera algo errado?

- Bueno, então nos vemos amanhã! – Ela falou de forma seca antes de virar e seguir para o seu quarto.

- Dul, espera! – Ucker pediu a segurando pelo braço e a virando para que ela ficasse de frente para ele – Sobre ontem, eu... – Ele vacilou com as palavras, mexendo nos cabelos, nervoso.

- Chris... Olha, sobre ontem... Acho que eu preciso te pedir desculpas! Eu exagerei no saquê e acabei forçando a barra com você... – Ela confessou com a voz baixa, bastante sem jeito.

- Não Dulce, você não precisa me pedir desculpas... Eu é que preciso fazer algo que deveria ter feito ontem e não fiz...

Nessa hora Ucker esqueceu os seus julgamentos, o certo e o errado. Assim que terminou a frase, ele puxou a ruiva e a jogou contra a parede do corredor colando os seus lábios nos dela. Ele a beijou de forma intensa, como se quisesse compensar toda a saudade que sentia da ex-namorada. Christopher correu uma das mãos pelas costas de Dulce até chegar a cintura dela enquanto a outra subia até a lateral do rosto.  Christopher sentiu as mãos dela deslizando por debaixo da sua camisa enquanto eles continuavam se beijando do mesmo jeito de antes, como se o tempo não tivesse passado. Naquele momento foi como se nada tivesse acontecido entre os dois. As brigas, os anos separados, a insegurança de Ucker... Tudo ficara pequeno diante do desejo que um sentia pelo outro.

Mas como tudo que é bom dura pouco, o elevador voltou a parar no andar onde eles estavam fazendo soar um sinal sonoro estridente. Rapidamente os dois se soltaram, Dulce ajeitando os cabelos e Ucker abaixando a camiseta.

Um Jack muito intrigado apareceu no corredor encarando a cena com curiosidade. Por um segundo os três apenas se olharam até que o coreógrafo decidiu retomar o trajeto até o seu quarto, apenas parando para fazer um comentário quando passou pelos dois – Huuum... Pelo jeito o intensivo deu mais certo do que a gente imaginava, hein?

Ucker abaixou a cabeça para tentar segurar o riso. A expressão de surpresa que o Jack fez quando saiu do elevador era algo que ele não esqueceria tão facilmente. A cena toda havia sido engraçada demais.

Ele esperou até que o coreógrafo se afastasse o suficiente para voltar a encarar a Dulce. Porém, quando a encarou, percebeu que a ruiva estava furiosa. Ele ficou sem entender o que havia acontecido. Será que ela só dera “bola” para ele porque estava bêbada? E agora? Como eles ficavam depois daquele beijo?

Ponto de vista de Dulce

Deviam ter se passado apenas uns 30 segundos no máximo enquanto Christopher a estava beijando. Mas a intensidade do momento foi tanta que Dulce podia jurar que haviam se passado horas até ouvir a campainha do elevador soando e indicando que alguém iria descer naquele andar. Antes que ela se desse conta do perigo de alguém vê-los juntos, Ucker já havia se afastado e estava arrumando a blusa que ela tirara do lugar. Céus, ela tinha mesmo feito aquilo? Dul ainda estava processando o que havia acabado de acontecer quando Jack desceu do elevador e passou por eles. Disse algo sobre o intensivo, mas a verdade é que a ruiva não estava prestando muita atenção. Em sua boca ainda havia a sensação do beijo. Os lábios estavam sensíveis e ainda um pouco molhados. Sua cabeça estava a milhão e só o que ela conseguiu sentir em seguida foi raiva. Não sabia se era raiva dele por tê-la beijado ou de si mesma pelo enorme desejo que estava sentindo aprisionado dentro de si. Mas Dulce estava furiosa e não mediu as palavras que disse em seguida…

- Porque fez isso? - questionou num tom de voz muito alterado - Porque me beijou Christopher?

- Calma Dulce, eu só… só achei que você…

- Achou o que? Que era isso que eu queria? - debochou Dul como se ele fosse o único que tivesse disfrutado do beijo - Eu estou noiva Christopher, noiva! Vou me casar. Será que você se esqueceu disso!?

- Não, não me esqueci - devolveu ele tentando manter a calma pelos dois - É que ontem, a forma como você… Eu realmente achei que você quisesse....

- Eu estava bêbada, Uckermann, por diós! É claro que não quero nada disso. Você acha que só porque tivemos um dia bom de ensaios e que saímos para jantar tudo vai voltar a ser como era antes? Isso aqui - ela gesticulou apontando para si e para Ucker repetidamente - não existe mais há muito tempo. Já está na hora de você aprender a separar as coisas! Estamos trabalhando juntos novamente, nada mais! Você, melhor do que ninguém deveria saber que isso não funciona. Não se lembra como tudo acabou quando tentamos misturar trabalho e relacionamento amoroso? Se não lembra eu posso refrescar sua memória: foi um desastre total. O que está querendo? Cometer os mesmos erros do passado? Acorda, ok?! Nada mais vai acontecer entre a gente, então, por favor, fique longe de mim!

Dulce então deu as costas para ele e entrou em seu quarto, batendo a porta atrás de si. Ela estava respirando pesadamente devido ao sangue que fervia em suas veias e ao seu coração que estava acelerado. Ela se encostou na porta e tentou recobrar a calma. Tinha que por um ponto final naquilo de uma vez por todas, e era o que faria. Então engoliu o choro entalado na garganta e tentou colocar a mente para funcionar.

___________________________________

Notas finais: E esse beijo? SOCORRO!
E agora, Maria? Como proceder? É gente, já diria a Thaísa: Temos um impasse aqui!
Como o nosso casal vai sair dessa? Alguém tem alguma sugestão? Rs!

Beijão pessoal, até a próxima segunda!

Leia o próximo capítulo: Antes só do que perto demais

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Una Canción, Capítulo 5 - Intensivo

Ponto de vista de Dulce

Abriu a porta do quarto com violência. Entrou bufando e batendo o pé, deixando a todos de sua produção sem entender nada. Dulce teve vontade de pegar a mala que já estava praticamente pronta e jogá-la no chão. Ela ainda não estava acreditando que seus planos para o fim de semana haviam sido arruinados. E tudo por causa daquelas coreografias estúpidas que ela e Ucker não conseguiam fazer direito. Eram dois incompetentes, concluiu Dulce afundando na cama ao lado de sua mala. A ruiva estava se odiando por não ter conseguido ser profissional o bastante para deixar os sentimentos de lado e dar conta dos ensaios. Agora ela estava pagando por isso. Não era mais que o merecido. Ainda assim, a perspectiva de cancelar os planos com o noivo e passar o fim de semana todo ensaiando com Christopher não lhe agradava nenhum pouco. E com certeza não a ajudaria na sua missão de se dedicar ao noivo e deixar totalmente de lado o episódio com Ucker, o show, a música e os olhares... Aquilo já era página virada, para a ruiva, ou pelo menos era isso que ela se obrigava a acreditar.

O problema em questão era, principalmente, como contar a Luis Rodrigo que não voltaria para casa. Ela sabia que o noivo não reagiria bem. Por isso pensou diversas vezes antes de ligar para ele e explicar a situação. À príncipio achou que dizer a verdade seria a melhor opção, afinal ele teria que compreender que não era uma decisão sua, que ela tinha que acatar as ordens de Pedro e pronto. No entanto, a questão de que seriam somente ela e Christopher naquele fim de semana poderia soar estranho. Levaria um tempão para conseguir explicar porque só os dois é que tinham que ficar para ensaiar no sábado e no domingo. E provavelmente aquilo resultaria numa briga, afinal quando o nome de Chris aparecia, sempre era motivo para deixar Rodrigo irritado. Mesmo que aquilo fosse uma bobagem, mesmo que ele não tivesse motivos para desconfiar de Dulce, ela sabia que o noivo não ficaria feliz. Portanto, no final das contas, optou por contar um pouco da verdade e ocultar parte dela.

- Bueno, Dulce? - atendeu Luis depois de três toques.

- Bueno, mi amor. Como estas? - perguntou a garota num tom não muito animado.

- Bem, e você? Pasó algo? - perguntou ele logo já percebendo algo de errado no tom de voz da noiva. Dulce não havia tentado disfarçar, era melhor já soltar a bomba logo de uma vez.

- Na verdade, aconteceu sim - respondeu Dul com um suspiro profundo - Não poderei voltar para a casa nesse final de semana.

- Mas porque? - o empresário soava bastante decepcionado.

- É que Pedro nos pediu que ficassemos para ensaiar mais um pouco. Ele disse que temos pouco tempo até o anúncio oficial do retorno da banda e ainda temos de gravar o EP, o clipe e estar afiados para os shows. Por isso não teremos folga por enquanto - ela não precisou se esforçar para soar tão desapontada quanto o noivo já que realmente não estava nenhum pouco afim de passar o fim de semana trabalhando e vez de voltar para casa.

- Mas que droga! - exclamou Rodrigo indignado - Mas porque eles avisaram isso só agora? Eu já tinha arrumado tudo para te receber aqui e preparado várias coisas para fazermos juntos.

- Eu sei, mi vida, e acredite, não estou nenhum pouco feliz em ter que te dar esse bolo - se explicou Maria - Mas acontece que isso não estava previsto. Só agora é que eles perceberam que muitos de nós ainda estão bastante enferrujados e que tivemos dificuldades de pegar o ritmo dos ensaios principalmente das coreografias.

- Espera, mas irão ficar todos, ou apenas alguns de vocês? - Dulce sentiu o tom de preocupação e ciúmes na voz do noivo e sabia o que ele queria dizer com aquela pergunta na verdade: “vão ficar apenas homens ai com você?”

- Sim, vão ficar todos - mentiu a garota pelo bem de seu relacionamento - E teremos ensaio o dia todo, então não vai dar nem para dar uma passada em casa. Vou pedir para a Iliana ou o Luisillo buscarem mais roupas para mim e ficarei por aqui mesmo - depois de uma pausa em que Dulce viu que o noivo não tinha mais nada a dizer ela completou - Me desculpa, mi amor, queria mesmo estar com você amanhã.

- Tudo bem, Dul, eu entendo. É o seu trabalho, e você tem que fazê-lo da melhor forma. Vou tentar não morrer de saudades, ok?!

- Ok, acho que você consegue sobreviver - brincou a cantora.

- Boa sorte nos ensaios, mi amor. Te quiero mucho.

- Gracias, te quiero.

A ligação havia sido muito mais tranquila do que Dulce imaginara. Luis Rodrigo até que tinha aceitado bem o fato de que não a veria naquele fim de semana. O que era estranho, mas a ruiva decidiu não encanar com aquilo, afinal era um ponto positivo no meio daquele rolo todo. Estava bem com o noivo apesar do contratempo, haviam conversado de forma bem humorada. Isso a deixou mais calma e um pouco menos ansiosa para como seriam os próximos dois dias. Claro que “um pouco menos ansiosa” queria dizer “ainda assim muito ansiosa”. Afinal, muita expectativa estava sendo criada em cima daquele intensivo de dança. Desde que Pedro tocara no assunto horas atrás, Dulce já começara a imaginar um monte de coisas, e agora que sua cabeça havia voltado a ficar em ordem, ela voltou a ser invadida por esses pensamentos. Sabia que não seria fácil. Que ela e Ucker continuariam errando os passos a não ser que mudassem de atitude. Dulce Maria não sabia como, mas esperava de coração que Jack tivesse uma fórmula mágica que os fizessem voltar a ter aquela sincronia e quimica de que tanto as Vondys gostavam.

***

Por sorte Dulce havia anotado em um papel que precisava de mais roupas de ginástica que seus queridos e eficientes assessores tinham trazido. Todas as que levara já estavam usadas. Ela até poderia ter mandado lavar na lavanderia do Hotel, mas não teriam ficado prontas a tempo. Sendo assim Dul vestiu um shorts de laycra preto um top de academia, e por cima uma camiseta regata branca larga. Nos pés, uma meia baixa e tênis. O look perfeito para um ensaio de dança. A garota havia acordado decidida a dar o melhor de si e acabar de vez com aquela zica que perseguia ela e Christopher. Mas mesmo com toda disposição, ela não conseguia ficar completamente relaxada. A expectativa acabou deixando-a tensa, o que não melhorou nenhum pouco quando ela estava diante de Jack e ao lado de Ucker no salão de coreografia. Mesmo com toda a empolgação e positividade de sempre do coreógrafo, a garota ainda se sentia muito insegura com aquele ensaio particular.

- Meu queridissímo casal - exclamou Jack transbordando alegria - É um prazer imenso ter vocês aqui, exclusivamente só para mim. Aposto que milhares de fãs me invejariam se soubessem que tive a oportunidade de conduzí-los em um ensaio tão particular e íntimo - Christopher e Dulce se olharam com a testa enrugada e logo Jack continuou - Ah não se preocupem, é que as vezes eu me empolgo um pouco. Mas o que quero dizer é que estou muito animado em ajudar vocês a recuperar aquela velha quimica que todos nós já conhecemos. Hoje eu não quero mais que vocês sejam Dulce María e Christopher Uckermann, cantores em carreria solo. Eu quero que sejam Dul y Ucker, DyC, quero que sejam Vondy. Sei que é difícil voltar encarar tudo como era antes. Mas peço que pelo menos pelas próximas horas, vocês tentem ser aquilo que o fãs querem ver de vocês no palco. Aquilo pelo qual os fãs deliram a cada show.

E eles sabíamos muito bem do que Jack estava falando. Fala sério, eles tinham vivido aquilo por vários anos, afinal. E parecia que o coreógrafo, mesmo não tendo trabalhado antes com eles, também havia acompanhado aquilo de perto. Dulce então passou a desconfiar que Jack fora, ou ainda era muito fã do RBD. Afinal, de que outra forma ele falaria com tanta propriedade sobre os shows e sobre Vondy? A questão era que ele estava certo! Eles precisavam resgatar essa quimica. Precisavam resgatar a essencia de Vondy! Se fosse preciso eles fariam o bom e velho “marketing” para isso. Pelo menos Dulce estava disposta a fazê-lo, pelo sucesso daquele ensaio e da posterior turnê. O ensaio começou com os costumeiros alongamentos nos quais Jack pediu que ajudássem um ao outro para irem interagindo desde já. Dul não pode deixar de se sentir constrangida em ter que estar tão perto do companheiro de grupo daquela forma. Mas fez um esforço e agiu com naturalidade. Em seguida o coreógrafo colocou uma música lenta ao fundo e começou a explicar o que seria feito.

- Muito bem. Para começar vamos fazer algo bem diferente. É um exercício que vai fazer com que vocês se sintam mais a vontade um com o outro, ok? - disse Jack e dava para notar que ele estava tentando controlar sua empolgação - Não se preocupem porque é muito simples. Vou colocar essa venda nos olhos de um de vocês e o outro irá conduzir o parceiro vendado nos passos da dança. Vamos começar com você Uckerzinho, venha cá.

Christopher se aproximou de Jack que amarrou a fita em sua cabeça, cobrindo seus olhos. Então pediu para Dulce se aproximar e ficar na frente de Chris. Pegou as mãos dela e colocou sobre os braços dele. Em seguida Jack foi colocar a música. Era “Empezar Desde Cero”, essa música nem estaria na setlist da turnê, pelo que Dulce estava sabendo. Mas ela não falou nada, apenas seguiu as instruções do coreógrafo que a orientou a fazer os passos da música para que Chris a acompanhasse. Ele, claro também tinha que colaborar, já que a garota obviamente não conseguiria segurar o peso dos braços do parceiro o tempo todo muito menos mover suas pernas quando era preciso. Na verdade, a ideia era que ele estivesse fazendo a coreografia por si só, mas seguindo o movimento que Dulce o incitava a fazer com suas mãos. No começo foi complicado de entender a lógica daquele exercício, mas em pouco tempo Dulce pegou o jeito e Ucker também.

Se ela se sentiu nervosa por ter que ficar tocando nele por tanto tempo? Com certeza! Suas mãos estavam suadas o que a deixava ainda mais apreensiva, já que ele poderia ficar desconfortável com seu toque. Mas ela foi percebendo que Christopher não estava nenhum pouco desconfortável. Pelo contrário, ele parecia bem a vontade com as mãos dela passando por seus braços e ombros conforme fazia os passos de dança. Por esse motivo Dulce foi gradativamente perdendo àquela insegurança e sentindo-se mais a vontade com a “brincadeira” que Jack havia inventado. Quando a música terminou e o “professor” falou que eles teriam que inverter os lugares, Dulce voltou a ficar um pouco acanhada. Christopher deve ter percebido algo pois antes de colocar as mãos em seus braços perguntou se estava tudo bem. Ela respondeu que sim e sorriu tentando parecer relaxada. Jack trocou a música e começou a tocar “Solo Quedate En Silencio”. Originalmente Ucker dançava essa música com Anahí, e Dulce a dançava com Christian. Mas como era apenas um exercício, a ruiva não discutiu.

As mãos de Chrostopher já estavam posicionadas, os dedos deles em volta dos pulsos dela segurando firme. Dulce achou que ele poderia ser brusco ou puxar muito forte seus braços, mas quando começou a dançar era como se ele nem estivesse fazendo força. Parecia até que era ele que seguia os movimentos dela e não o oposto. Dul fazia um esforço tremendo para se concentrar na coreografia já que era imposível ficar alheia aos toques dele em seu corpo. Sua pele a traia e ficava arrepiada cada vez que ele mudava a posição das mãos. Ela também sentia a temperatura de seu corpo aumentando e seu coração acelerando com aquela dança que na teoria era bem simples, mas que daquele jeito estava se tornando bem sexy. Quando a canção estava quase terminando, Ucker fez uma gracinha fazendo Dulce girar em volta de seu próprio corpo e depois a empurrou de leve, segurando-a pela cintura antes que ela caisse. A garota se assustou um pouco, afinal aquilo não fazia parte da coreografia, mas em seguida começou a rir.

O segundo exercício proposto por Jack foi ainda mais divertido e fez Maria dar boas risadas. O coreógrafo orientou Chris a fazer movimentos de dança livremente em frente ao espelho e ela teria que imitá-los. Ele começou com alguns passos simples, mas é claro que no final aproveitou para tirar onda com a cara da amiga fazendo uns movimentos e gestos bem malucos e engraçados. Alguns deles Dulce não queria imitar mas Jack insistiu dizendo que Ucker era o “mestre” da vez, e que depois seria a vez dela. E é claro que a garota ficou satisfeita em poder dar o troco e lançou um sorriso malicioso para o companheiro que ficou bem menos animado e parou de fazer tanta graça. Na sua vez Dulce, obviamente, não pegou nenhum pouco leve. Fez alguns passos de funk que havia aprendido no Brasil e alguns de reggaeton. Todos eles do jeito mais feminino possível. Infelizmente rebolar nunca fora um mistério nem um desafio para Christopher, então o garoto tirou de letra e imitou Dul direitinho. Ela deveria ter ficado frustrada, mas tinha que admitir que não era a pior coisa do mundo poder assistir Ucker dançando sensualmente através do espelho. Quando a atividade acabou ambos já estavam cansados e suando.

Mas foi ai que o ensaio começou pra valer e Jack colocou as músicas que iriam entrar nos shows para tocar, começando pelas antigas. Primeiro ele colocou cada um para dançar separado, mesmo sendo as coreografias que faziam juntos e fez o outro só assistir. Para só então fazê-los dançar juntos. O método pareceu funcionar. Dulce via Chris dançando e analisava como ele se movia, assim quando estavam juntos podia prever o que ele ia fazer. As coreografias antigas sairam perfeitamente e Jack não poderia estar mais feliz, ele até saltitava de tanta alegria. Então começaram a ensaiar as novas músicas e as novas coreografias preparadas para as músicas antigas. Era a parte mais preocupante daquele ensaio já que era onde mais costumavam errar. No entanto a dupla se saiu super bem, e os erros foram mínimos. O entusiasmado e fanático coreógrafo disse estar mais que satisfeito com o resultado daquele intensivo e fez questão de descrever sua emoção ao ver a magia Vondy de volta. Ele disse que “o fogo realmente não havia se apagado”, parafraseando a música Este Corazón do RBD.

Dulce não estava nem de perto tão eufórica e emocionada como Jack por causa do muito bem sucedido ensaio. Mas não dava para negar que ela tinha ficado consideravelmente mais animada e descontraida ao final dele. O entrosamento entre ela e Christopher havia melhorado astronomicamente e Dulce até se distraiu e esqueceu de toda expectativa ruim que havia criado quanto aquele fim de semana. A distração foi tanta que ela nem ao menos tinha reparado que Linda estava no salão os assistindo. Há quanto tempo ela estava ali? Dul não fazia ideia e percebeu que Ucker também ficou surpreso ao se virar e ver a assessora. Tecnicamente eles deviam ter visto a moça há muito tempo, porque mesmo estando sentada nos fundos, ela aparecia refletida no grande espelho da parede oposta. Em todo caso, Maria foi educada, acenou e cumprimentou Linda de longe, antes de Christopher ir até lá falar com ela. A garota imediatamente deu as costas a eles e começou a arrumar suas coisas. Se sentiu estranhamente triste em ver que o momento de “entrosamento” com Chris havia acabado. Ela pegou sua bolsa e foi andando em direção a porta quando ouviu a voz da assessora de Ucker chamando seu nome.

- Duuuuuulce, espere! - Linda corria ao seu encontro quando Dulce virou-se em sua direção. Outra coisa muito estranha acontecendo, mas Dul tentou não parecer tão espantada - Você não quer vir jantar conosco? Christopher se ofereceu para pagar.

- Ahhh não sei, não quero incomodar.

- Imagina, sua companhia é muito bem vinda e aliás… - ela deu uma olhada para trás na direção de Chris e depois voltou a olhar para Dulce - Temos que aproveitar a oferta, não é todo dia que esse mão de vaca se dispõe a pagar um jantar.

Dulce riu e Christopher repreendeu a assessora dizendo que podia ouvir tudo o que ela dizia, já que o salão produzia eco. A ruiva não teve outra saída senão aceitar o convite. Ela teria recusado se pudesse inventar uma boa desculpa, mas nada tinha vindo a sua cabeça. Aquele jantar seria no mínimo embaraçoso, mas pelo menos Dulce não teria que pagar nada…

Ponto de vista de Ucker

Um sinal de alerta acendeu na cabeça de Christopher. Mas o que diabos a Linda estava fazendo? Desde quando ele era “mão de vaca”? E quando foi que ela inventou aquele jantar?Ela só poderia estar ficando louca!

- Linda, não seja tão sem noção! A Dulce certamente deve querer jantar com o seu noivo – Ucker aproximou-se das duas e repreendeu a assessora.

- Não, não... O Luis não está na cidade – Ela justificou-se, parecendo acanhada de repente.

Christopher não sabia explicar, mas de repente sentiu uma estranha sensação de felicidade, como se o fato do noivo estar longe fosse algo positivo para ele. O cantor passou a mão pelos cabelos tentando tirar aquela ideia da cabeça. Ficar pensando onde o noivo da Dulce estava não o ajudaria a sair daquela encrenca que a Linda o colocara.  Com esforço, ele voltou a focar no “problema”.

- Hãã... Bom... Então vem com a gente! Eu sei que você não gosta de comer sozinha! – Ele manteve o convite – Mas só se você quiser, é claro...  – Ele vacilou na sequência, ainda perdido com a situação.

- Ahh, mas eu não quero incomodar – Ela voltou a dizer, mexendo as mãos, também um pouco nervosa.

- Quer saber de uma coisa? – A Linda entrou na conversa – Eu estou morta de fome! Vocês dois vão ficar aí discutindo ou nós podemos descer para jantar logo de uma vez? – A assessora protestou acabando com o “impasse”.

- Ih Dul, essa aí fica uma fera quando está com fome. Acho melhor irmos andando se não quisermos sentir a ira da Linda – Christopher aproveitou a “deixa” para quebrar o clima pesado entre ele e Dulce.

- Por Díos, não quero morrer ainda! Por favor chicos, vamos! – Dulce entrou na brincadeira fingindo preocupação e pressa.

Antes de saírem, Linda perguntou se Jack gostaria de juntar-se a eles, mas o coreógrafo dispensou o convite dizendo que precisava acertar os últimos detalhes para o ensaio do dia seguinte. Com o alerta do Jack para que Christopher e Dulce não bebessem muito, o trio se despediu e seguiu cada um para o seu quarto. O plano era tomar uma ducha rápida e reencontrar-se no restaurante do hotel dali uma hora.

No horário marcado eles sentaram-se em uma mesa reservada do restaurante do hotel e pediram comida japonesa e saquê para acompanhar.

Ao contrário do que Christopher imaginava, a conversa fluiu facilmente na mesa. Linda servia como “intermediária” fazendo o “meio de campo” entre eles. O papo girou em torno da volta do RBD, projetos profissionais e assuntos “corriqueiros”. Como em um acordo silencioso, os dois evitaram falar das vidas pessoais. Ucker pensou que era melhor evitar assuntos “delicados”. Havia muitos pontos que precisavam ser esclarecidos entre Ucker e a ruiva, mas ele ainda não sabia se devia, e como entraria naquele assunto com ela... De qualquer maneira, aquela noite não era o momento ideal para essa conversa acontecer. Aquele jantar estava servindo como uma espécie de “acordo de paz” e Christopher estava disposto a aproveitar a trégua enquanto ela durasse.

Ele reparou que conforme o tempo foi passando, e as doses de saquê foram chegando, a conversa pareceu rolar cada vez mais descontraída. A comida estava ótima, a música agradável e Christopher relaxou em seu lugar, agradecendo mentalmente à Linda por aquela ideia. Era claro que ele nunca iria dizer isso à amiga, mas no fundo ele até admirava essa determinação da Linda. A assessora sempre que queria alguma coisa, não desistia até conseguir.

Foi nesse momento, quando Ucker estava feliz e rindo na companhia das meninas, que o celular de Linda tocou.

- Bueno – Ela atendeu após checar o número na tela – Hola! Como estás, chica? Uaaauuu, essa festa vai ser o máximo! Claro que estou dentro! Pode ser às onze? Então tá certo! Te encontro lá! Besos! – A morena falou, fazendo algumas pausas para escutar a pessoa do outro lado. Quando encerrou a ligação, Linda parecia muito empolgada.

- Chicos, eu realmente sinto muito por interromper o nosso jantar e ter que deixá-los, mas acontece que acabo de ser convidada para a inauguração de uma boate e não posso perder essa festa de JEITO NENHUM! – Ela enfatizou bem as duas últimas palavras – Claro que eu adoraria que vocês fossem comigo, mas os dois não podem ser vistos juntos porque a volta do RBD ainda é segredo. E como sua assessora, Chris – Ela apontou para Ucker – Eu não posso permitir que você faça nada que prejudique a sua imagem ou carreira profissional – Linda terminou com um sorriso afetado, como se no fundo, estivesse se divertindo com aquela situação - Besos, besos, chicos! Buenas noches! Vejo vocês amanha! Divirtam-se e juízo! – Ela levantou-se distribuindo beijos para os dois e saiu com pressa do restaurante.

Ucker e Dulce ficaram um olhando para o outro, como se tentassem entender o “furacão Linda” que acabara de passar por ali. De repente o clima ficou muito estranho entre os dois. O silêncio tomou conta da mesa e nem a música, tampouco a comida pareciam tão bons quanto antes.

Christopher ficou tenso. Aquilo que ele falara sobre gostar do jeito determinado e destemido da Linda? Passado! Naquele momento ele estava com vontade de torcer o pescoço da amiga. Como ela poderia largá-lo ali, junto com a Dulce, sabendo do “climão” que existia entre eles?

Ele tomou mais uma dose. Ela mexeu nos talheres do prato. Ele queria ir embora dali imediatamente. Ela estava com cara de quem não sabia o que fazer.

“Certo, Ucker! Dignidade! Dulce é sua amiga e companheira de banda. Vocês tiveram um dia ótimo de ensaio juntos. Você é capaz de manter um diálogo com ela. É só se concentrar” – Ele pensou, mexendo no cabelo, apreensivo.

- Chata essa história de “intensivão”, né? – Foi o primeiro assunto que lhe veio à cabeça.

Dulce concordou com a cabeça – Pois é, eu estava louca para voltar para casa, descansar um pouco, rever a minha família... – Ela completou. Ucker não pode deixar de reparar que a ruiva não citou o noivo.

- E eu? Estava com tudo marcado para ir à praia com os meus amigos...  – Ele contou.

Ela riu daquela forma tão adorável que ele adorava.

- Que foi? Está rindo de mim? – Christopher já era bem inseguro, mas Dulce conseguia deixá-lo ainda mais apreensivo.

- Não, não... Ou melhor, estou sim! – Ela confessou, tentando segurar a gargalhada – Estou rindo daquela viagem que nós fizemos ao Brasil, lembra? Levaram a gente para dar um passeio de barco e você não parava de enjoar... É que você falou de praia, e aí eu lembrei...

- Nossa! Nem me fala! Ainda sou capaz de sentir o balanço do mar... – Ele brincou, fingindo cara de enjoado – E você? Lembra daquele show em Hollywood que você, Any e Maité beberam demais e quase não conseguiram subir no palco de tanta ressaca? – Foi a vez de Ucker provocar.

A partir daí a conversa voltou a fluir normalmente. Papo “ia”, “saquê” vinha, e os dois ficaram relembrando todas as “aventuras” que passaram juntos na época de RBD: as viagens, as gravações da novela, as turnês... Já era tarde da noite quando Dulce anunciou que precisava voltar para o seu quarto. Ela tentou ficar de pé sozinha, mas acabou quase caindo.

- É, acho que teremos mais algumas histórias de ressaca para contar amanhã – Ela brincou, apoiando-se na mesa, a face corada por causa da bebida.

- Caramba, acho que passamos da conta! Quero ver como vamos acordar amanhã... – Ucker concordou, também ficando em pé. Embora também estivesse tonto por conta da bebida, aparentemente o seu equilíbrio não fora afetado.

- Vem Dul, eu te acompanho até o quarto – Christopher se ofereceu, indo até ela e pegando a sua mão. Subitamente a sua insegurança fora embora. Chris não sabia se era culpa do saquê ou não, mas ele queria cuidar dela. Colocá-la na cama, vê-la dormir, acordá-la no dia seguinte com um café da manhã caprichado.
Ele respirou fundo. “Menos Ucker. Segura essa onda, cara”. A Dulce tinha um noivo. Se alguém deveria cuidar dela, esse alguém era o Luis. Não era certo ele ficar pensando daquela maneira. Era só criar falsas expectativas com algo que não iria se concretizar. Mesmo assim, ele não resistiu. Foi até a ruiva e passou um dos braços pela sua cintura, fazendo com que ela apoiasse o seu peso contra ele. O perfume dela o invadiu, e o calor da sua pele lhe causou um leve arrepio. Por mais que lhe fosse proibido, ele não poderia deixá-la naquele estado. Não era pecado ajudá-la a chegar até o seu quarto, era?

Dulce resmungou alguma coisa e encostou a cabeça no seu ombro, os olhos semi fechados, mais embriagada do que ele imaginava. Seria muito difícil resistir a Dulce naquela noite, mas ele tentaria. Não seria certo fazer nada com ela noiva e “levemente” alterada como estava. Odiando-se por não ter bebido o suficiente para cometer uma loucura, Ucker respirou fundo e começou a conduzir a ruiva pelos corredores do hotel.
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Notas finais: Vixi, sou só eu que acho que essa noite de bebedeira não vai acabar bem? Ou melhor, vai acabar bem até demais?

E esse "intensivão"? Ucker dançando funk? Essa Dul é sortuda mesmo, viu?! Rs!

Meninas,

Preparem o coração, porque emoções fortes estão a caminho!

Beijos, espero vocês na próxima segunda!

Manu


ps by Sarah: Quero deixar os devidos créditos e agradecimentos a Taisa pela revisão do capítulo! Obrigada nena <3

  

Leia o próximo capítulo: Passando da conta

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Una Canción, Capítulo 4 - Planos Adiados

Ponto de vista de Ucker

Ucker viu a ruiva deixar o palco de repente, parecendo muito abalada e sentiu de imediato que algo estava errado. Ele conhecia Dulce o suficiente para saber que ela jamais faria aquilo se não tivesse uma boa razão. Será que fora a discussão por telefone com o noivo que a deixara sem “cabeça” para apresentações? Ou seria algo ainda mais grave?

Não aguentando ficar ali sentado sem poder fazer nada, Christopher levantou-se e foi até Anahí. Ao seu redor todos comentavam o ato de Dulce, buscando entender o que acabara de acontecer.

- Aní, você sabe o que aconteceu com a Dul? – O cantor perguntou afobado, jogando-se de qualquer jeito na cadeira ao lado da loira.

- Não, não... Ela estava bem até agora pouco... – A outra respondeu com o olhar perdido e a voz baixa, encarando o palco como se esperasse que a amiga fosse voltar a qualquer momento.

- Então vai atrás dela, Aní, por favor! Pode ter acontecido alguma coisa! – Ucker pediu, aflito – E se ela estiver se sentindo mal?

- Ai Chris, vira essa boca pra lá! – A loira o repreendeu batendo os nós dos dedos na madeira da mesa diante de si – Calma, eu vou até lá! Conheço a minha “Dul” muy bien! O que quer que esteja acontecendo, eu vou descobrir! – Ela levantou-se decidida.

- Qualquer coisa, me liga Aní! Qualquer coisa, entendeu? – Ele pediu com a voz séria enquanto a companheira de grupo já se encaminhava para a saída do bar.

- Relaxa “Uckerzinho”. Vai ficar tudo bem! A Maria é “Dulce” mas não é feita de açúcar, não! Deixa com a “tia” Aní aqui que eu sei o que estou fazendo, cierto? – Ela se gabou depois de soltar o pior trocadilho de todos os tempos. Ainda bem que a Anahí resolveu ser cantora, porque se tivesse optado pela carreira de humorista certamente não teria dado certo, foi o que Ucker pensou ao ver a loira deixá-lo sozinho na mesa.

- Christopher, a Anahí foi ver o que aconteceu com a Dulce? – Pedro foi até o cantor com a expressão preocupada. Atrás dele outras pessoas da produção também se aproximaram querendo saber notícias da ruiva. Por que todos estavam perguntando sobre a Maria para ele era uma questão que ele não sabia e nem queria pensar sobre...

- Foi sim! Pedi para ela ligar caso tenha acontecido alguma coisa com a Dul – Chris respondeu procurando pela sua bebida e dando-se conta que havia a esquecido do outro lado do bar.

- Menos mal, o jeito é esperar por notícias... – O produtor deu de ombros, aparentemente convencido com a resposta – E aí, quem é o próximo a cantar? Vai encarar Christopher? – Ele provocou.

- Eu? Hããã... Agora não! Acho que não estou com cabeça para isso... – O cantor desconversou.
- Que isso, cara... Todo mundo cantou! Agora é a sua vez! Ou vai dar para trás que nem a Dulce? – Poncho falou, querendo “cutucar” o companheiro.

- Ahhh, você vai sim! – Linda surgiu de repente ao lado de Ucker, sussurrando para ele – Dignidade Christopher Uckermman! Se você continuar desse jeito, todo mundo vai perceber que você está beira de um ataque de nervos por causa da Dulce. Anda, sobe naquela palco e sossega esse seu coração mole!

- Linda, você sempre foi chata desse jeito ou está se empenhando mais de um tempo para cá? – Ele fez cara feia para amiga.

- Não estou sendo chata, estou sendo realista! – A assessora se defendeu.

- Tá bom, tá bom... Eu sei o que você está pensando... – Ela soltou o ar pesadamente, se arrependendo por ser tão dura com o amigo – Eu vi o olhar dela para você. E... foi incrível! O jeito que um olhou para o outro, a forma como ela cantou para você, porque para mim ela cantou aquela música só para você... É sério Chris, eu nunca vi algo assim! Foi surreal, fiquei até arrepiada! Agora eu entendo porque tantas fãs são Vondy’s. O que rolou aqui foi tão forte que eu quase consegui tocar, era uma energia muito viva no ar – Ela explicou com a voz baixa para que ninguém ao redor pudesse ouvi-la.

Christopher não conseguiu conter um sorriso. Então não fora coisa da sua imaginação? Aquilo realmente existiu! Dulce realmente cantara para ele e naquele momento os dois voltaram à época que estavam juntos, quando conseguiam se entender com um único olhar. Uau, aquilo era mais do que ele poderia imaginar para uma só noite!

- Mas pode ir tirando esse “sorrissinho” do rosto! – A morena deu um tapa de brincadeira nele – Eu juro que amanhã vou tentar descobrir o que está rolando entre vocês. Mas por enquanto, vê se não se empolga muito e, principalmente, não dá tanta bandeira. Vocês estão aqui para trabalhar, lembra? Além disso, ela tem um noivo! Vamos devagar, Uckerzinho! Não quero que você se machuque! Sei que esse lance ainda é bem complicado para você.

- Você tem razão! Não é hora de me precipitar... – O cantou concordou. Ao longe os companheiros continuavam insistindo para que ele cantasse – Vou seguir o seu conselho. Vou cantar um pouco para me distrair de tudo isso.

Porém, foi difícil tirar Dulce de seus pensamentos. O tempo todo ele ficou repassando mentalmente o que a Linda lhe falara e era impossível não se animar. O que ele vira naquela noite o deixara ainda mais confuso. Seria possível que a ruiva ainda sentisse algo por ele? E se sentisse, quanto daquele antigo sentimento ainda restava no coração de Dulce?

Ponto de vista de Dulce

As batidas insistentes na porta irritaram Dulce profundamente, até que ela ouviu a voz tão amiga e familiar de Anahí. Por mais que quisesse não podia ignorar o chamado da loira. Não quando ela soava tão preocupada. Também não era para menos que Any estivesse assim. Da forma como Dulce havia abandonado o palco no meio da música e saído de lá sem mais nem menos, deixava muito a se imaginar. Todos deviam achar que ela tinha ficado louca ou algo do tipo. Os que a conheciam melhor, como no caso de Any, deviam saber que algo estava errado com a ruiva. Deviam saber que ela não faria algo assim se não tivesse acontecido algo realmente grave. Por isso Dul foi até a porta e a abriu. Mas não sem antes dar uma conferida no espelho para ver como estava sua cara. Péssima, é claro. Teria que fazer um enorme esforço para disfarçar o que estava acontecendo. Afinal ela não pretendia contar o real motivo de seu surto, por mais que amiga tivesse a melhor das intenções em ajudá-la.

- Dulcezito! - exclamou Anahí fazendo aquele bico e aquela voz de bebê que só ela sabia fazer - O que deu em você para sair da festa daquele jeito? Aconteceu alguma coisa? Você tá bem?

- Calma Any, eu estou bem, não se preocupe - apressou-se em explicar Dulce Maria - Passei um pouco mal, só isso. Acho que foi porque bebi demais. Mas agora já estou melhor…

- Sei - respondeu a outra levantando uma das sombrancelhas numa expressão desconfiada - Conta outra, Dul, porque essa tá muito manjada.

- É sério! Estou falando a verdade! - da forma como eu parecia ofendida com a desconfiança dela qualquer um acharia que eu estava mesmo falando a verdade. Qualquer um menos Anahí.

- Tá bom, e você pensa que me engana? - insistiu a loira - Eu te conheço Dulce, para você passar mal precisa bem mais do que aquelas duas margueritas que você tomou.

- Ahhh você é tão irritante as vezes por me conhecer tão bem - reclamou Maria cruzando os braços e sentando na cama com tudo na cama.

- Eu sei, obrigada - respondeu Any sarcástica enquanto se sentava ao lado de Dulce - Agora vai, me conta o que realmente aconteceu com você. Porque saiu que nem uma louca de lá?

- Ok, também não precisa pegar tão pesado comigo - resmungou Dulce ainda chateada por não ter conseguido manter sua mentira. No fundo ela sabia que uma hora Anahí sacaria o que estava acontecendo e que ter o apoio da loira naquela história não seria má ideia. Mas ainda assim, não era legal ser desmascarada tão facilmente mesmo que por uma amiga - Eu me desconcentrei na hora do show. Errei a letra e me atrapalhei toda. Dai fiquei morrendo de vergonha e achei melhor sair…

- Jura, Dul? Nada do que você disse é novidade. Sabe, eu estava lá e pude ver exatamente como tudo aconteceu - ironizou Any já meio que perdendo a paciência com Dulce - O que quero saber é o que foi que te distraiu? E também não vem com essa de que foi só uma distração, tenho certeza que tem mais coisa ai!

- Ai, ok! - se rendeu Dul as investidas da amiga - Eu perdi a concentração porque fiquei reparando numa pessoa que estava cantando na platéia…

- Uma pessoa… Que pessoa, caray?

- Ucker! Christopher, ok? Christopher Uckermann! Christopher Alexander Luis Casillas von Uckermann!! Quer que eu soletre?

- Não, não. Só com o “Ucker” já deu pra sacar… - Any falou de forma mansa como se estivesse com medo da forma ríspida como Dulce havia falado. A ruiva parecia furiosa por ter tido que falar aquilo,mas mesmo assim Any ariscou continuar com o interrogatório - Mas Dul, porque você você estava reparando nele? E o mais importante, porque isso te deixou tão abalada.

Dulce não respondeu de imediato. Apenas lançou um olhar de culpa para a amiga. Any sabia muito bem o que estava acontecendo ali. Já vira e já participara dessa novela muitos anos atrás. Na época em que Dulce e Christopher namoraram por alguns meses, muito antes de o RBD acabar, Anahí tinha sido uma das pessoas que mais dera apoio ao casal. Ela ajudou a manter a relação em sigilo absoluto, até mesmo dentro da própria equipe da banda. Ela também deu muito força, tanto para um como para outro, quando as coisas começaram a dar errado e ele se separaram. Logo, não tinha ninguém além dos dois que entendesse melhor aquela situação. Se tinha alguém que entenderia ou pelo menos apoiaria Dulce naquele momento, era a loira. Alguns segundos depois, Dul respirou fundo e tomou coragem para dizer o que estava sentindo.

- Não sei o que está havendo comigo, Any - começou a ruiva fitando o chão com as mãos apoiadas na cama ao lado de suas pernas - Só sei que estou muito confusa. Realmente não imaginava que algo assim pudesse acontecer. Não imaginava que ele ainda pudesse mexer com minha cabela dessa forma. Quer dizer, já se passaram tantos anos. E não tem nada a ver eu sequer pensar nisso afinal essa história toda ficou no passado. Eu superei, estou vivendo minha vida muito bem, estou noiva… - ela fez uma pequena pausa dramática depois daquela última palavra,como se ela tivesse acionado um despertador na cabeça de Dulce - E quer saber? Não sei nem porque eu fiquei daquele jeito. Deve ser todo esse estresse dos ensaios que não correram tão bem como eu imaginava. Toda essa expectativa do reencontro… É, deve ser isso…

- Dul, você sabe que não é só isso - falou Anahí corajosamente, arriscando despertar a fúria de Dulce outra vez - Você e o Christopher tem muitos “assuntos inacabados” para resolver. As coisas entre vocês não terminaram exatamente da melhor forma.

- Mas terminaram Any, e terminaram para sempre há muito tempo - disse Dulce convicta - Não tem porque ficar deixando isso voltar a tona. Se por acaso deixamos algo pendente no passado, então agora já é tarde para tentar concertar. Só o que eu queria é pudéssemos ser os mesmos amigos de antes…

- Não vão conseguir voltar a ser o que eram antes se não conversarem e se acertarem. Você sabe qual é a minha opinião sobre isso tudo, não preciso nem dizer... - e Dulce sabia mesmo. Any sempre fora a maior Vondy de todo o mundo, para ela Dulce e Ucker sempre se amaram e sempre iriam se amar. E por causa disso Dul temeu que Any fosse querer dar uma de cupido de novo para juntar os dois.

- Any, não vamos voltar a ficar juntos, ok? Nem sequer pense nessa possibilidade. Não se esqueça eu estou noiva. NOIVA! E eu realmente amo o Luis Rodrigo. Casar com ele será o melhor a fazer, é nisso que eu devo pensar, e só nisso!

- Não me pareceu muito segura. Tem certeza que está pronta para assumir esse compromisso, Dul?

- Claro que sim! Quer dizer, porque não estaria? Nós estamos juntos há muito tempo, nos amamos, somos adultos responsáveis e bem resolvidos. Porque não poderiamos nos casar?

- Não foi isso que perguntei, mocinha. Quero saber se está segura da sua decisão. Se é isso mesmo que você quer. Olha não me leve a mal, mas se essa coisa de reencontro acontecesse quando o Velasco me pediu em casamento eu acho que não teria aceitado. Era a coisa mais importante do mundo pra mim naquele momento. Sei que cada um tem sua visão e tal, mas sei lá Dul…

- Certo, talvez me casar agora não estivesse nos meus planos. Mas o fato é que eu não tive escolha, eu já aceitara participar do reendontro. Se eu rejeitasse o pedido ele poderia me deixar. E só estamos noivos Any, não quer dizer que vamos nos casar amanha. Isso pode ocorrer daqui há um ano ou mais… Mas esse também não é o ponto.

- Então qual é o ponto?

- Que eu realmente não devia estar tendo esse comportamento. Digo, em relação ao Ucker. Não há absolutamente nada acontecendo e também não haverá. Até porque ele provavelmente também não sente mais nada por mim e não deve estar tendo nenhum surto como o que eu tive.

- Não estaria tão certa disso se fosse você…

- O que quer dizer com isso? - perguntou Dulce interessada.

- Nada não. Mas olha amiga, seja lá o que for, acho que você só precisa seguir o seu coração. Deixa ele te falar o que é melhor a se fazer. Tanto em relação ao Rodrigo, como em relação ao Christopher. Se sentir que deve tentar acertar as coisas com o bebê, então faça isso. Se sentir que as coisas estão bem como estão e que não vai mais pirar, então deixe tudo como está. E se sentir que talvez não queira se casar, então termine de uma vez esse noivado…

- Any! - repreendeu-a Dul.

- Ok, ok, parei de me meter. Mas que fique claro que só estou dizendo isso com a melhor das intenções.
- Eu sei… Obrigada por ser uma boa amiga, como sempre foi!

- Certas coisas nunca mudam, docinho - a loira deu uma piscada para a amiga - Amizades, amores… tudo isso dai.

Dulce queria fazer cara de brava pela persistência de Any com aquele assunto, mas não conseguiu fazer nada além de rir. Ninguém melhor do ela sabia como aquela situação era confusa e embaraçosa para a ruiva. Dul definitivamente precisava dela agora, mais do que nunca. Afinal, com quem mais iria dividir aquelas coisas? Quem mais iria ajuda-la a descobrir o que diabos era aquilo, afinal. Só podia ser Any e seria ela! Decidiu então que deveria ser completamente sincera com a loira. Mesmo que fosse a coisa mais constrangedora do mundo, ela tinha que falar. Qualquer outra poderia pensar coisas horríveis dela se ouvisse o que tinha para dizer. Mas não Anahí. Ela não a julgaria, não sem antes entender tudo o que se passava. E mesmo que a verdade fosse que Dulce era sim uma pessoa horrível, provavelmente Any não se importaria e a apoiaria do mesmo jeito.

- Preciso que me ajude numa coisa Any - começou Dulce, depois de respirar fundo algumas vezes - Uma coisa que só você pode fazer…

- Sim senhora, o que precisar - respondeu ela com entusiasmo e um sorriso sincero.

- Quero que descubra para mim se o que rola entre Christopher e Linda é mesmo só amizade. Preciso saber se ele tem algum interesse nela. E também preciso saber se há alguma possibilidade de que ele ainda sinta algo por mim. E não me olhe com essa cara, ok!? - Dulce reparou na surpresa de Any ao ouvir seu pedido - Preciso saber disso porque é a única forma de eu sossegar. Se eu souber com certeza que ele já está em outra e que nem pensa mais em mim dessa forma, isso será o ponto final que eu preciso. Não terei outra escolha senão esquecer toda essa “situação” dos últimos dias e seguir em frente…

- Está bem, se é isso que quer. Vou descobrir tudo para você. Amanha mesmo se quiser já terei levantado as informações.

- Mas que eficiência! - brincou Dul.

- Detetive Any não brinca em serviço, baby! - disse a loira e em seguida deu uma piscada. As duas quase rolaram pela cama de tanto rir.

Ponto de vista de Ucker

Christopher acordou cedo no dia seguinte, tomou uma ducha rápida, engoliu o café no quarto mesmo e não quis esperar pela Linda. Seguiu para o estúdio de dança e ficou plantado ao lado da entrada.

Assim como imaginava, Anahí foi uma das primeiras a chegar. Sempre bem-humorada e disposta, a loira parecia empolgada para mais um dia de ensaio.

- Bueeeenos díiiias! Caiu da cama é, Uckerzinho? – Ela brincou indo até o amigo e depositando um beijo na sua bochecha.

- É, meio que cai... – Ele respondeu sem jeito – E aí, notícias da Dulce? – Christopher não se aguentou e foi direto ao assunto, esquecendo-se da sutileza.

- Ahhh, então é por isso que você está aqui?! Sabia que tinha algum motivo! Você é sempre um dos últimos a chegar no ensaio – A loira exclamou deixando-o vermelho de vergonha.

- Não é nada disso, Aní! Não pira! Só fiquei um pouco preocupado, poxa! Ela é minha companheira de banda. Se fosse com você eu também me importaria da mesma maneira! – Ele tentou se justificar, tropeçando nas palavras e mexendo as mãos, ansioso.

“Poxa Christopher, você é um ator! Deveria saber disfarçar melhor as suas emoções”, ele pensou consigo mesmo, completamente ciente que a sua desculpa não convencera a loira.

- Preocupado do mesmo jeito que você costumava fazer antigamente? – Anahí perguntou com um olhar provocativo, a voz cheia de segundas intenções.

- Já disse para não pirar, Aní! Só quero saber se a Dulce está bem, só isso! Será que você pode me responder? – Ele pediu nervoso, passando as mãos pelos cabelos despenteados.

- Tá bravinho por que, Chris? Antes vocês também não eram parceiros de banda? Era só isso que eu estava querendo dizer... – Ela deu de ombros fingindo inocência.

Ucker apenas a fitou com a expressão fechada, claramente não gostando da ironia da amiga. Os dois trocaram um olhar demorado até que ela, por fim, percebeu que ele não ia dar o braço a torcer e se deu por vencida.

- A Dulce está bem. Ela só bebeu alguns drinques a mais, ficou meio tonta e preferiu ir para o quarto antes que o mal-estar piorasse – Ela contou com a voz firme, sem gaguejar, o que fez Ucker pensar que a loira era muito melhor em disfarçar do que ele. Christopher percebeu que se tratava de uma mentira logo de cara. Ele conhecia a Maria muito bem e tinha certeza que era preciso muito mais que alguns drinques para “derrubá-la”. Mas, mesmo sabendo que o companheiro não cairia naquela desculpa esfarrapada, Anahí manteve a mentira, dizendo cada palavra com veemência.

- Ótimo, então... – Ele concordou, desistindo de tentar arrancar mais alguma informação da loira. Estava na cara que dali não sairia nem mais uma palavra que fosse de fato interessante a ele. O jeito era esperar a Dulce chegar ao ensaio e conferir o seu estado com os próprios olhos.

- Uckerzito, Uckerzito... Você não me engana! Eu vi você e a Dul conversando ontem à noite, e vi como você a olhou quando ela estava cantando... E agora você está aí, morrendo de preocupação e querendo saber notícias da Maria. Fala a verdade, você ainda é afim dela, não é? – A loira insistiu, falando em tom de confidência e apoiando um dos braços no ombro do amigo, aproximando o seu rosto do dele.

- Já falei para não pirar, Aní! A Dulce está noiva e nós estamos aqui por motivos profissionais, nada além disso – Ele retrucou nervoso, tirando o braço da amiga do seu ombro e afastando-se dela.

- Tá bom, tá bom! Não está mais aqui quem perguntou – Anahí levantou os braços, como se quisesse dizer que estava se rendendo.

- Melhor assim. Não quero misturar as coisas e nem criar problemas para a Dulce – Ucker voltou a afirmar, tentando parecer o mais natural e tranquilo que ele conseguia. Por dentro ele estava uma pilha de nervos. Será que estava tão evidente assim que aquele assunto ainda mexia com ele? Ou será que a Dulce havia comentado algo sobre ele com a Anahí?

- Ahhh, aí está você! Obrigada por me esperar para o café, viu? – A Linda entrou no estúdio brigando com o amigo.

- Uckerzinho caiu da cama hoje. Ou melhor, nem deve ter conseguido dormir pensando se a Dulce estava bem. Não que ele se importe! Não, não... Não é nada disso! É só para saber mesmo... Preocupação normal entre amigos, coisa de parceiros de banda... – A loira ironizou, rindo da própria “piadinha” sem graça.

Ucker olhou feio para a loira e soltou o ar pesadamente – Na boa, vou começar a me aquecer. Hoje está impossível falar com você, Aní – Ele avisou, dando as costas para as duas garotas e caminhando até a grande sala espelhada onde eram realizados os ensaios de coreografia.

Ele encostou-se em uma das barras horizontais fixadas na parede e começou a se alongar. Imediatamente se arrependeu de ter deixando a Linda sozinha com a Anahí. Ele lembrava que a assessora dissera na noite anterior que iria dar um jeito de descobrir o que rolava entre ele e a Dul. E já dava para sacar que a Anahí tinha saído da cama aquele dia especialmente inspirada a executar o seu antigo papel de “Cupido Vondy”. Ou seja, deixar as duas juntas não era nem de longe uma boa ideia... Com certeza não sairia boa coisa dali.
Ucker ficou “vigiando” as duas amigas de longe, torcendo para que a Linda segurasse a língua e não falasse nada demais quando viu Dulce chegar ao ensaio. Ela estava com a aparência de quem não dormira bem e com olheiras. Ela mal falou com o pessoal que já estava por ali e foi direto para o alongamento, com cara de poucos amigos.

A expressão dela ficou ainda pior quando o coreógrafo chegou e pediu que todos ficassem em posição. Ucker caminhou até o lado da ruiva e sentiu que ela estava tensa. Bom, pelo menos não era só ele que estava com medo daquele ensaio. O desempenho dos dois andava tão ruim que ele temia que eles não conseguissem pegar a coreografia a tempo. Ucker sabia que dali a pouco tempo eles teriam a gravação do clipe da música nova de trabalho e os novos passos precisariam estar mais do que ensaiados e decorados a essas alturas... Porém, estava difícil reencontrar a velha sincronia que ele e Dulce costumavam ter.

O ensaio foi rolando e a dupla teve seus altos e baixos. Em alguns momentos, principalmente nos passos onde eles não precisavam ficar tão perto um do outro, a coreografia corria sem problemas. Ucker até conseguiu improvisar uma “gracinha” e fez a ruiva cair na risada. Porém, as coisas ficavam “enroladas” mesmo era quando precisavam dançar juntos. Aí era um tal de um pisar no pé do outro, errar o passo, sair do ritmo, ir para o lado errado... Por mais que Christopher se esforçasse, parecia que existia uma barreira entre os dois, algo que ele não conseguia romper. Ucker olhava para Dulce e via em seu olhar que ela se sentia da mesma maneira. Tudo o que ele queria era encontrar um meio de transpor aquele muro que haviam criado e que parecia aumentar a cada dia.

- Já chega por hoje! Amanhã nós continuamos! E Christopher e Dulce, por favor, tragam a coordenação motora para o próximo ensaio, ok? Vocês estavam um desastre total hoje! – O coreógrafo chamou a atenção deles na frente de todo mundo, o que só piorou a cara da Dul e levou a moral de Ucker lá para baixo.

- Fica tranquilo, Jack. Isso não vai mais acontecer! Tenho certeza que eu e o Christopher vamos dar um jeito de aprender a coreografia logo. Não sei nem o porquê não pegamos ainda... Acho que deve ser só uma falta de treino, só isso... Mas amanhã vamos nos empenhar mais! – A ruiva falou com a voz decidida, as mãos fechadas ao lado do corpo. Algo na forma como ela disse aquelas palavras, como se o fato deles não conseguirem pegar os passos fosse só fruto da incompetência deles e não de algo que pudesse estar rolando entre os dois, deixou Christopher chateado. Mas também, o que ele esperava? Que ela sentasse ali mesmo, e caísse no choro confessando que estava louca de amores por ele? Tratando-se de Dulce Maria ele sabia que isso jamais aconteceria. O jeito era se conformar e seguir o conselho da Dul: Colocar mais empenho e focar no ensaio. Só no ensaio!

O cantor deixou o estúdio cabisbaixo. Dispensou o almoço em grupo, assim como a Dulce que preferiu comer no quarto junto com a amiga, e fez a refeição no seu dormitório. Ele queria ficar em paz, mas a Linda, como de costume, não deixou. Enquanto ele comia em silêncio ela tagarelava sem parar, o prato praticamente intacto na sua frente.

- Conversei bastante com a Anahí! Ela é tão gente boa, né? Tem um astral tão bacana – A assessora falava agitando as mãos, muito empolgada – E você não sabe... Soltei umas indiretas, como não quem quer nada, e perguntei sobre a Dulce. E aí, como quem não quer nada também, ela deixou entender que a Dul ainda sente algo por você sim! Aí é claro, eu não perdi tempo e, de uma maneira muito sutil, falei que você também tem uma quedinha por ela... Heey, você não vai ficar feliz? Fiz todo o “serviço sujo” e você nem me agradece? – Ela ficou indignada ao ver que o amigo continuava a comer sem expressar nenhuma reação de surpresa ou ânimo.

- Lí, você não ouviu o que a Dulce falou no final do ensaio? Ela foi bem clara: Precisamos focar nesse novo projeto e deixar todo o resto de lado. E ela está certa! Na boa, não quero mais ficar fazendo papel de bobo, correndo atrás de notícias dela, ficando todo nervoso quando estamos juntos... Eu conheço bem a Dul. Se quisesse algo, ela mesmo viria e falaria comigo. A Dulce não é mulher de meias palavras... – Ele explicou antes de se servir de outra porção do seu filé grelhado, parte da dieta para manter a forma e ficar com tudo “em cima” para a nova turnê. Depois do discurso da ruiva naquela tarde Ucker estava mais do quem convencido: O que ele vira na noite anterior fora fruto da sua imaginação. Dulce definitivamente não queria nada com ele.

- E então o que você vai fazer? – A empolgação da assessora murchou na mesma hora.

- O que eu vou fazer? Isso aqui, ó... – Ele pegou o celular e discou um número. Menos de um minuto depois alguém atendeu do outro lado – Bueno, Igor? Christopher, tudo certo? Cara, estava pensando aqui... Estou super enrolado com um novo projeto, mas tenho o final de semana livre. Que tal reunir a galera e descer para a minha casa de praia? Podemos bater uma bolinha, tomar umas, dar um mergulho...

Cinco minutos depois tudo já estava combinado.

- Pronto, é isso! Essa semana de ensaios já está quase acabando, então vou tentar desencanar da Dulce, relaxar um pouco no final de semana, tomar um banho de mar e voltar com as energias renovadas. Acho que eu comecei da forma errada aqui, com muitas expectativas e planos... Um novo começo vai me fazer bem – Ele concluiu dando um gole no seu suco natural – E aí, topa ir com a gente?

- Claro! Não posso te deixar sozinho, Uckerzito! Se não você faz besteira... Além disso, esse seu amigo Igor é “mó” gato! – A Linda brincou fazendo os dois caírem na risada.

- Então, litoral aí vamos nós! – Ucker disse levantando os copos para sugerir um brinde – Que o fim de semana chegue logo!

***

Ucker já estava com as malas prontas e tudo combinado para o passeio do final de semana. Após o ensaio, que mais uma vez terminara com uma bronca do Jack por causa do seu desempenho e da Duce, ele correu para o seu quarto afim de tomar uma ducha, arrumar os últimos detalhes e livrar-se daquela prisão para finalmente curtir o tão esperado sol do litoral.

A Linda não parava de mandar mensagens para o seu celular, apressando-o.

Christopher deixou que a água levasse embora toda a tensão e o estresse da semana. Pelo menos pelos próximos dois dias ele não queria pensar em trabalho. O plano era descansar a mente e recarregar as energias. Quando retomasse os ensaios ele seria um novo Ucker.

Assim que saiu do banho, Chris ouviu o telefone do quarto tocar.

- Linda, Linda, mas será que não dá para esperar só um pouquinho? – Ele resmungou antes de atender a chamada – Bueno!

- Christopher? É Pedro! Será que você pode dar um pulo aqui no meu quarto? Preciso conversar com você.

- Claro! Daqui dez minutos estou aí!

- Fico esperando – O produtor disse antes de encerrar a chamada.

Ucker desligou o telefone com a expressão preocupada. Pedro querendo falar com ele no seu quarto não era boa coisa. Se não fosse algo sério ele teria dito durante o ensaio de voz que rolara naquela manhã e que o produtor acompanhara de perto.

Ele vestiu-se rapidamente e deixou seu quarto, entrando no elevador para ir até o andar de Pedro. Seja lá o que fosse, ele preferia descobrir logo.

Ponto de vista de Dulce

Finalmente folga! Dulce estava esperando ansiosamente pelo fim de semana desde que as coisas começaram a dar errado durante os ensaios de coreografia com Ucker. Não que ela não tenha gostado de voltar para o grupo, reencontrar todo o pessoal e estar participando desse projeto. Mas ela esperava se sentir mais segura ao lado do seu ex-namorado, ainda mais enquanto eram apenas os ensaios iniciais. O que a deixava mais desconfortável era que perto de Poncho ela conseguia se comportar normalmente como se eles não tivessem sido nada além de bons amigos a vida toda. Agora com Christopher a coisa era diferente, sempre fora diferente na verdade. Mas agora que Dulce estava noiva, com a vida feita, e muito mais madura do que na época do RBD, ela achava que essas coisas não existiriam mais. Pelo jeito estava muito enganada. E ter aquele tormento em sua cabeça não estava ajudando nenhum pouco a ela se focar nos ensaios e em seu trabalho que no momento era cantar e dançar em grupo. Os ensaios daquela última tarde haviam sido muito ruins, e novamente ela e Ucker tinham sido o centro das atenções por suas constantes falhas.

Mas por sorte, sua mente teria um breve momento de descanso. Longe daquele hotel, dos estúdios e principalmente do salão de coreografia, ela teria paz e sossego para colocar sua mente em ordem e refletir sobre o seu objetivo. E naquele momento seu objetivo era: reencontrar seu noivo e aproveitar o final de semana com o homem com quem passaria o resto da vida. Dulce chegara aquela conclusão depois de uma conversa que tivera com Anahí logo antes de voltarem para o quarto. Ela contara a Dulce que havia conversado com Linda e que confirmou que entre eles não havia nada além de amizade e mais, que achavam que Ucker ainda sentia algo pela ruiva sim! Aquela notícia deveria ter deixado Dulce ainda mais confusa e perturbada, mas ao contrário, fez a garota tomar uma decisão e colocar um ponto final em tudo de uma vez.

Não podia deixar Chris ter nenhuma esperança com ela, e ela também não podia deixar crescer em si nenhuma esperança de que eles poderiam ficar juntos de novo. Tudo pelo simples fato de que ela já sabia que eles não davam certo juntos. Era simples, não podiam e não iriam ficar juntos. Só restava aceitar isso e, como ela ultimamente sempre estava repetindo para si mesma, seguir em frente.

O telefone de Dulce María tocou enquanto ela fazia as malas para voltar para a casa. Olhou o visor do celular e viu que se tratava de Pedro Damian. Mas o que o produtor queria com ela àquela hora? Já haviam dados os avisos finais a todos logo depois do último ensaio daquela sexta-feira. Pelo que Dulce havia entendido, eles só se veriam na segunda seguinte. Mas também podia ser algo que não tinha a ver com os ensaios nem nada disso já que Pedro era seu amigo de longa data. De qualquer forma Dul atendeu:

- Bueno?

- Bueno, Dulce?

- Hola, que onda Pedro? - disse a garota descontraída, sem esperar grandes novidades do produtor.

- Pode vir até o meu quarto, preciso falar com você - respondeu Pedro de forma séria.

- Ok. Algum problema?

- Não, é apenas um aviso que tenho que dar a você e… bem, melhor falarmos pessoalmente.

- Está bem, estou ai em um minuto.

Dulce desligou o celular e deixou a mala feita pela metade para ir atender ao chamado de seu produtor e amigo. Ela sabia que para devia ser algo urgente. Mesmo que Pedro não tivesse expressado nenhum alarme ou pressa na voz, Dul sabia que era no mínimo algo importante. De outra forma não a teria incomodado quando sabia que todos estariam fazendo suas malas para ir embora. O quarto de Pedro Damian ficava um andar acima de onde os integrantes da banda estavam. Era o andar do pessoal da produção. Sempre muito reservado, o criador do RBD estava num quarto só seu. Maria parou diante da porta e bateu. Logo ouviu a voz do amigo dizer “adelante”, então ela entrou. Adentrou o quarto com um sorriso e um “con permiso”, mas logo sua expressão murchou. No quarto junto com Pedro estava Christopher Uckermann. Mas o que diabos ele estava fazendo ali? E mais importante, o que diabos Pedro queria falar aos dois. A garota logo começou a ficar preocupada. Depois de Anahí, Pedro era o mais “vondy” em toda equipe que trabalhava com o grupo.

- Que bom que chegou, Dul - falou o produtor calmamente - Assim já posso dizer aos dois de uma vez do que se trata… - fez-se um silêncio no qual talvez ele estivesse esperando que algum dos dois falasse alguma coisa. Percebendo que isso não aconteceria, Pedro continuou - Como já sabem, a volta do RBD será anunciado a toda imprensa em breve. Será uma surpresa então nem mesmo os meios de comunicação convidados poderão falar nada do assunto até o dia do anúncio. Enfim, o fato é que temos muito pouco tempo até lá e ainda precisamos gravar um EP com as músicas novas, gravar o vídeo clipe do primeiro single, fora todos os ensaios que ainda temos pela frente…

- É… acho que já sabemos de tudo isso sim - falou Ucker num tom de brincadeira.

- Eu sei, niño - rebateu Pedro - Só estou repetindo para justificar o que vem em seguida. Porque sei que não vão gostar muito do que vão ouvir.

- Então diga de uma vez o que é! - pediu Dulce já impaciente.

- Ok. Preciso de todos em sua melhor forma o mais rápido possível e Jack me passou que vocês dois andam tendo problemas com os ensaios de dança. Ele disse que não estão pegando os passos novos e também estão tendo dificuldades de acertar as coreografias antigas. Por isso, infelizmente, terei que fazê-los ficar aqui durante o fim de semana, para terem um intensivo de dança com nosso coreógrafo. E não me olhem com essas caras. Agradeçam que Jack concordou em ficar para ajudá-los, se não teriam que dar um jeito de ensaiar sozinhos.

Quando enfim constatou que Pedro estava realmente falando sério, que não havia mais tempo de ele rir e dizer que tudo não passava de uma brincadeira muito sem graça, Dulce olhou para Christopher. Ele olhou para ele no mesmo instante e os dois ficaram se encarando com uma expressão que misturava medo, insegurança e constrangimento. Dulce não sabia como seria ensaiar sozinha com Christopher, ela só sabia de duas coisas, (1) seus planos de rever seu noivo tinham ido por água abaixo, (2) Rodrigo não ficaria nada feliz com aquela história e (3) o fim de semana seria mais longo do que esperava.

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Notas finais: E ai galera, o que acharam dessa bomba do Pedro? E o mais importante... o que esperam desse intensivão de dança? :P
Não sei não, mas acho que vem altas emoções por ai rs :D

beijos,
Sarah


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Leia o próximo capítulo: Intensivo