segunda-feira, 31 de março de 2014

Una Cancion, Capítulo 3 - Happy Hour

Ponto de vista de Dulce

Dulce María chegou ao estúdio musical onde rolariam mais ensaios de voz naquela tarde por volta das 16h. Ela estava um pouco atrasada, mas ninguém a repreendeu. Ao que parecia ainda não chegara sua vez de cantar. Quem estava dentro da sala a prova de som eram Any e Poncho. Informaram a ruiva que estavam ensaiando apenas os duetos do grupo. Já havia sido a vez de Maite e Christian e de Any e Christian gravarem. Logo seria a vez de ela cantar com Ucker, para ensaiar os vários duetos que eles tinham em várias das músicas do grupo. Ótimo, era tudo o que Dulce queria! Mais uma oportunidade de fazer um papelão na frente de todos. Para ajudar, havia uma música nova em que eles cantavam praticamente inteira só os dois. Ela temia que eles não tivessem harmonia durante aquele ensaio, assim como não tiveram durante a coreografia. Dul tentou não ficar muito encanada com aquilo, no entanto. Só iria tornar tudo pior. Nem mesmo da conversa que tivera com o noivo algumas horas atrás a garota queria lembrar. Foco no ensaio, era o que ela precisava.

Cerca de quinze minutos depois ela e Christopher foram chamados para entrar no estúdio e começarem a passar a música Este Corazón, um dos principais duos deles do grupo. Dulce tentou parecer natural ao lado do companheiro de banda, ainda que no fundo estivesse muito nervosa só com a proximidade entre eles. Ucker parecia mais relaxado do que na hora da coreografia, o que acabou transmitindo a ela uma energia melhor também. Quando eles começaram a cantar ficou evidente a química entre eles não havia se acabado. Mais ou menos como dizia a música. Dava para sentir que o que quer que fosse que tornava o par tão atrativo ao público, não havia se apagado. Tanto ela como ele ficaram visivelmente satisfeitos com o resultado que se repetiu ao cantarem novamente sua parte na canção. E assim continuaram durante todos os outros trechos em que Chris e Dulce cantavam juntos.

- "Aunque tenga en los coincidios, el conjuro de tu olvido, aunque ya no estes conmigo me vas a extrañar" - cantavam os dois um dos trechos da música Celestial. E depois mais para frente na música cantaram - Si algun dia te vuelvo a ver, te prometo que voy a estar bien!

Era uma das música preferidas de Dulce, tanto para cantar quanto para dançar nos shows. Ela também adorava as partes que ela e Ucker cantavam juntos. Era divertido fazer caras e bocas para ele enquanto dizia aquelas palavras, sempre levando os fãs a loucura. Mesmo que as vondys fossem um pouco intensas e loucas de vez em quando, elas era um dos grupos de fãs mais fiéis e amorosos. Dulce não podia dizer que entendi essa fascinação extrema que alguns possuíam por ela e Chris. Mas era inevitável se “sensibilizar” com a causa deles. Mesmo eles nunca tendo sabido realmente que os dois haviam ficado juntos uma época, sua fé não se abalava. Eles acreditavam tanto nesse amor que só existia na cabeça deles, que nem ela nem Ucker poderiam contestar. Por muitas vezes a garota achou que era ruim encorajar esses fãs. Iludi-los com toda aquela encenação que havia em cima do palco. Mas depois ela percebeu que aquilo não fazia mal aos fãs, muito pelo contrário. Então, porque não dar a eles um pouco da fantasia que tanto gostam?

Foi pensando nisso que Dulce continuou num clima agradável com Ucker durante todo o ensaio dos duetos. Mais tarde ela também ensaiou com os outros companheiros com quem também compartilhava duetos nas músicas. Quem mais ficou com a ruiva no estúdio além de Ucker, foi Christian. Eles cantavam muitas partes juntos e tinham uma harmonia vocal incrível. Em uma das músicas novas os produtores abusaram dessa parceria. Cantar com Christian era ótimo, mas naquele ensaio a melhor dupla no estúdio fora DyC. E parecia não ser apenas a opinião da ruiva. Todos os haviam elogiado pelo bom desempenho e ninguém parecia lembrar mais do fiasco que fora o ensaio das coreografias naquela manhã. O clima estava tão bom que Dulce até achou que fosse enfim ter uma oportunidade de conversar com Ucker e quem sabe conseguir reatar aquela antiga amizade de uma vez. Infelizmente havia um empecilho em seu caminho. Um empecilho alto, magro e de cabelos negros extremamente brilhantes.

Novamente Christopher estava conversando com aquela mesma garota que chegara com ele ao ensaio de manhã. E novamente Dulce não estava gostando de ver aquilo. Ela não sabia porquê, mas a incomodava extremamente a forma como ele a chamava de linda o tempo todo. Não sabia porquê, mas a “amiguinha” de Ucker a estava tirando do sério. Toda vez que a ruiva pensava em ir falar com ela a morena estava em seu caminho. Estava começando a ficar irritante. Não dava pra tentar chegar e falar com ele com ela ali. Não dava mesmo. Dulce suspirou pesadamente e deu as costas pra eles. Foi pegar suas coisas para voltar ao hotel e passar o resto da noite enfurnada sem falar com ninguém. Era isso que ela queria e era isso que iria fazer. Quer dizer, pelo menos foi o que tentou fazer. Mas Dul não contava com outro empecilho que surgiria em seu caminho. Dessa vez um loiro, baixinho e saltitante.

- Duuuuuuuuul - gritou Any ao vê-la se despedir de todos e se encaminhar para a porta de saída - Aonde pensa que está indo?!!

- Embora para o hotel, ué - respondeu Dul confusa com a pergunta da loira - Pra onde mais eu iria.

- Para o nosso “happy hour” de hoje, é claro! - disse Anahí, como se fosse óbvio - Vai me dizer que não te falaram?

- Não, não me falaram, Any - falou ela para a amiga sem nenhum ânimo na voz.

- Mas você vai, não vai?! - perguntou a outra, mas era quase que uma intimação.

- Não sei, Any, não estava muito afim não - Dulce resolveu ser sincera com a amiga, não tinha porque mentir nem inventar uma desculpa para ela - Acho que queria voltar pro meu quarto e ficar por lá mesmo, tipo, até amanhã…

- Ai não diga isso, ardillita - reclamou Any chamando a amiga pelo apelido que Poncho lhe dera muitos anos atrás - Vamos com a gente vai! Você precisa ir! Vai ser muito legal! Por favor? Por favor? Por favor? Por favor? Por favor?

- Ai Any, não sei…

- Anda Dul! Você sabe que é a única do grupo comprometida como eu, se não for eu vou ficar excluída lá. Todos vão querer ficar azarando, e eu só quero beber, conversar e me divertir um pouco. Vamos, vai! Diz que sim, o que que custa, não seja má, diz que sim, anda, sim?!

- Você é a rainha de citar “Chaves”, Any, sabia disso né? - tirando sarro da cara da amiga, Dulce tentou desconversar, mas Any continuou esperando a resposta com carinha de pidona - Está bem! Você venceu! Eu vou a esse maldito happy hour!

- Yeeeeah! Te quiero mucho!! - exclamou de alegria a loira antes de pular no pescoço de Maria, dando-lhe um abraço e um tremendo susto.

Antes que Dul conseguisse se recuperar do “ataque” de Any, ela viu a amiga ir correndo falar com Christopher. Não que ela quisesse ficar ouvindo a conversa dos outros, mas eles estavam tão perto e Any falava tão alto que foi inevitável. Escutou quando Anahí disse que o garoto precisava ir ao bar com os outros também. Ela insistiu tanto quanto havia insistido para Dulce ir. E até teve a ajuda da “amiga” de Ucker, que estava praticamente o obrigando a aceitar o convite de Any. Dulce se sentiu extremamente incomodada por estar ouvindo tudo aquilo. Pelo fato de ser uma falta de educação é claro, mas também por não suportar a forma como aquela garota de cabelos pretos falava com Christopher. Ela o tratava como se fosse sua dona. Por mais que fosse namorada dele ou coisa do tipo, não tinha o direito de agir assim. Indignada, Dul pegou a bolsa e foi esperar o resto do pessoal do lado de fora do estúdio.

Any logo apareceu ao lado de Dulce novamente e segurou em seu braço enquanto as duas iam em direção a van que levaria todos eles de volta ao hotel. O Happy hour rolaria lá mesmo, assim como no dia anterior, para não chamar a atenção de nenhum paparazzi de plantão. Dessa vez, segundo os comentários da galera, haveria um palco e a banda do RBD faria um showzinho ao vivo particular para a produção. Coisa fina mesmo, pensou Dul. Apesar de não estar exatamente pulando de alegria por ir àquela confraternização, muito menos para ficar vendo Chris e sua “namoradinha”, a ruiva sabia que seria divertido. Até porque os músicos da banda mandavam muito bem! Charlie Rey, o guitarrista, até tinha feito um tempo de carreira solo como cantor depois que o RBD tinha acabado em 2008. Ou seja, o show deles seria top, com certeza! Anahí não parou de falar o trajeto todo e teve várias ideias para tornar a noite ainda melhor. Uma delas foi fazer a “rodada da carreira solo”, onde cada um deles cantaria algum de seus hits. Dulce adorou a ideia e começou a se animar. Tentou então entrar na onda de Any e aproveitar aquela noite ao máximo, já que o dia não havia sido lá essas coisas.

Ponto de vista do Ucker

- Você tá indo para um enterro ou para um “happy hour” com amigos? – Linda provocou o amigo enquanto ambos entravam no elevador.

- Não enche, Lí! – Ele respondeu com a expressão fechada.

- É sério, Chris! Se continuar com essa cara todos vão achar que você não está curtindo a noite. Qual é... Não vai me falar que esse mal humor todo é por causa dela! – A assessora deu bastante ênfase na última palavra apertando o botão da garagem no painel do elevador, onde uma van aguardava para levar todos de volta ao hotel.

- É que hoje estava tudo tão bem entre nós... – Ucker respirou fundo – Nós cantamos os nossos duetos, e nos entendemos tão bem... Mas eu sei que quando estivermos fora do estúdio ela vai voltar a me tratar como antes. Eu só estava querendo guardar a imagem da Dul que eu tive hoje à tarde – Ele desabafou. Como estavam sozinhos ali, ele não se preocupou em disfarçar os seus sentimentos. A maioria dos outros integrantes já havia partido para o bar em outros carros. Agora faltavam poucas pessoas para voltar.

- Ai meu Deus, mas que papo de “niño enamorado”! Eca! – A Linda desdenhou fazendo careta – Uckerzito, já se esqueceu do que conversamos ontem à noite? Não combinamos que você ia desencanar da ruiva? Então... Acho que vocês estão no caminho certo: Enquanto estiverem trabalhando os dois devem manter um bom relacionamento, mas fora isso, dane-se se ela está sorrindo ou não para você! Ela está noiva, lembra? Quanto menos vocês se aproximarem melhor para os dois. Já pensou a confusão que vai dar se todo aquele lance que rolava entre vocês no passado voltar? Cara, não quero nenhum empresário te ameaçando de morte!

Christopher riu do exagero da amiga. Ele não conhecia muito bem o noivo da Dulce, mas duvidada que ela fosse capaz de se envolver com alguém vingativo aquele ponto. Mesmo assim, era melhor não dar “sorte ao azar”. Linda estava certa. Entre ele e Maria não rolava mais nada. O fato dos dois terem conseguido se entender no ensaio que acontecera naquele dia mais cedo serviu apenas para mostrar que os dois poderiam ser adultos o suficiente para saber separar a vida profissional da pessoal, e apenas isso.

- Você está certa, Linda! Quer saber? Nem ligo se a Dul me ignorar lá no bar. Ela que seja feliz com o noivo! Eu já perdi a minha chance, só posso me conformar com isso... – Ele tentou parecer otimista enquanto saíam do elevador, vários seguranças cercando os dois assim que botaram o pé para fora.

- É assim que se fala, Chris! E se quer saber, ela quem saiu perdendo nessa! – A amiga disse entrando na van e se acomodando em um dos últimos acentos no fundo do carro – E hoje vamos mostrar para ela que ninguém despreza o Uckerzinho aqui e fica por isso mesmo... Bora recuperar a sua dignidade!

- Por Dios, Linda! Você nem começou a beber ainda e já está falando besteiras? – Ucker comentou rindo da sua assessora. A morena estava se empolgando demais com o assunto – Pode ir esquecendo esse papo de recuperar dignidade! Vamos apenas nos divertir no bar, ok?

Desencanar do seu “problema” com a Dul e relaxar. Aquilo era o que ele mais queria...

***

Ucker ligou o botão do “Dane-se” e se concentrou em aproveitar a noite. Ou pelo menos tentou. Várias vezes ele se pegou olhando para o canto onde a Dulce e a Anahí pareciam estar conversando muito entretidas no seu próprio assunto. Maité também estava com elas, mas a morena parecia muito mais interessada em mexer no celular do que participar do papo.

Já na “rodinha” de Christopher a conversa estava rolando solta. Christian não parava de fazer piadas, Poncho relembrava as loucuras dos “RBDmaníacos”, Pedro comentava os planos para a nova turnê da banda e os músicos faziam “piada” sobre alguns momentos comprometedores que os seis integrantes já haviam passado no palco. Claro que um tombo que Ucker sofrera em uma das apresentações do RBD não passou despercebido. Ele até tentou se defender, mas a “oposição” estava muito grande. O jeito foi aderir à “moda Maité”: pegar o celular para se distrair até o resto do pessoal encontrar outro alvo para pegar no pé.

Quando pegou o aparelho, ele percebeu que havia uma nova mensagem de texto de Linda. O cantor revirou os olhos antes de ler, já adivinhando que boa coisa não era.

“Para de ficar encarando a Dulce! Olha a dignidade!”.

Ele olhou feio para a assessora que só riu, antes de pegar o celular e digitar algo. Segundos depois o celular de Christopher voltou a apitar.

“Se te serve de consolo, também peguei a Dulce dando umas olhadelas para você. Mas olha lá, não vá ficar se achando agora! Dignidade, Uckerzinho!”

Sua ideia de levar a Linda até o ensaio para animá-lo mostrou-se um tremendo fiasco. Ele sabia que aquele era o jeito da amiga, que ela adorava implicar e pegar no pé dele. Cristopher já estava acostumado e nem ligava mais. Mas o assunto “Dulce Maria” andava muito mal resolvido, e por isso estava difícil para Ucker ver graça em tudo aquilo. Talvez ele estivesse mesmo precisando de um pouco de “dignidade”, ou só tivesse bebido muito pouco...

- Vou até o banheiro. Já volto! – O cantor avisou a amiga ao passar por ela, sentada na cabeceira da mesa bebendo um drinque com direito a “guarda-chuvinha” e tudo mais. Entre uma opção e outra, Ucker decidira levantar e tomar um pouco de ar. Depois ele poderia voltar e deixar a parte do “bebido muito pouco” no passado. Tá certo que eles teriam ensaio no dia seguinte, mas uma dose a mais não lhe faria mal.

O banheiro ficava em um corredor afastado, decorado com um grande espelho com molduras douradas que ficava em cima de um lavatório. Havia um vaso de flores, um tapete e uma mesa ao lado de uma poltrona de couro em um canto. Por que havia tanta mobília na entrada do banheiro era algo que Ucker não entedia, mas decoração nunca fora o seu forte. De cada lado do grande espelho ficava uma porta. A da direita dava acesso ao banheiro feminino e da direita ao masculino. Pelo menos era o que indicavam as placas coladas no topo de cada uma.

Parada em frente ao espelho estava uma ruiva, que falava ao celular ao mesmo tempo que retocava o batom. Sua bolsa estava aberta em cima da mesinha, o conteúdo todo à mostra. Seu tom de voz indicava que ela parecia nervosa e ela batia o pé no chão sem parar, como sempre fazia quando estava agitada. Certas coisas nunca mudavam...

- Rodri, eu já disse... É só um “happy hour”, não tem nada demais... Mi amor, fica tranquilo! Você não confia em mim? – Ela falou ao telefone, fazendo a última pergunta com um “quê” a mais de drama. Na certa, para tentar amolecer o coração do noivo.

Ela parou para escutar por um momento e depois voltou a falar – Tá certo! A gente se vê no final de semana! Já estou com saudades, mi vida! Besito! – Ela encerrou a chamada, deu uma última checada no visual e se virou para pegar a sua bolsa parando no meio caminho, surpresa por ter “plateia” para a sua discussão.

Droga! Só agora Christopher se dava conta que ficara parado feito uma estátua no meio do corredor, assistindo a Dulce falar no celular, se intrometendo no assunto alheio da forma mais descarada o possível. Agora era definitivo, ele precisava mesmo de mais uma dose e da tal dignidade que a Linda tanto falava. A situação era pior do que ele imaginava...

- Hã... Oi! – Ele falou, coçando o cabelo, completamente sem graça.

- Chris... – Ela disse, igualmente sem jeito.

Parecia que tinha um elefante branco no meio do corredor. De repente nenhum dos dois sabia o que fazer. Um encarava o outro, muito constrangidos, o grande espelho refletindo o mal-estar entre eles.

- É... então você ficou noiva? – Ele tentou puxar assunto, percebendo tarde demais que aquela não era uma boa hora para falar sobre aquilo.

- Pois é, fiquei... – Ela mexeu no anel, ainda mais nervosa – Você também está namorando, né?

- Namorando?

- É, aquela morena que está com você... – Ela tentou explicar, percebendo o espanto de Ucker com a pergunta.

- A Linda? Não, não... Ela é minha assessora! Nós somos muito amigos, mas é só! – Ele explicou, rindo da confusão da ruiva.

- Então o nome dela é Linda? – Ela parecia aliviada ao descobrir aquilo, mas Christopher não conseguiu descobrir o porquê.

- É sim... A Lí é super gente boa! Nós trabalhamos juntos há bastante tempo já, acho que desde que comecei a minha carreira solo – O cantor explicou, querendo eliminar de vez o mal entendido.

- Hoje o ensaio foi tão bacana, né? Me senti como nos velhos tempos... – De repente ela mudou o tom, passando de nervoso e preocupado para tranquilo e relaxado. Christopher se sentiu tão bem em vê-la daquele jeito, com um sorriso sincero no rosto, sem nenhum resquício de inquietação, que não se segurou. Soltou a primeira coisa que lhe veio a cabeça, sem pensar nas consequências.

- Que bom! Eu estava sentindo falta da minha Dulce...

Maria o encarou com a expressão indecifrável, os olhos castanhos cravados nele.

- Quer dizer... é que às vezes sinto falta de como tudo era antes. Das viagens, dos shows, da nossa amizade... – Ele tentou consertar, se enrolando ainda mais.

- É, eu também...- Ela assentiu, um meio sorriso nos lábios. Para ele era difícil saber exatamente ao quê ela estava se referindo. Será que os dois estavam falando da mesma coisa?

O silêncio tomou conta do lugar, os dois parados no meio do corredor, sem conseguir tirar os olhos um do outro. Algo dizia ao cantor que ambos estavam sim falando do mesmo assunto, e que tudo o que os dois disseram naquele corredor saiu de forma espontânea, sem nenhum planejamento. Poucas palavras foram ditas, mas o poder de confusão que elas causaram era bem grande. Dava para ver pela confusão no olhar de Dulce, ou para ouvir pelas batidas do seu coração disparado dentro do peito.

- Ahhhhhhh, aí estão vocês! Venham, venham! Está na hora da “rodada da carreira solo”! Venham chicos! Arriba, arriba! – Anahí apareceu aos berros, a empolgação escorrendo dos seus poros, e carregou os dois de volta ao bar falando sem parar em quanto a tal “rodada” seria super divertida.

Dulce se juntou a loira logo de cara. Talvez a ficha tivesse caído e ela agora se dava conta da situação “estranha” que acabara de acontecer no corredor e por isso estava arrumando um jeito de “escapar”. A Ucker só restou a opção de acompanhá-las, amaldiçoando a Any por ter estragado aquele seu único momento a sós com Maria.

Ponto de vista de Dulce

Depois daquela conversa totalmente estranha com Ucker, Dulce estava ainda mais nervosa. Quando disseram que era sua vez de subir no palquinho e cantar, ela achou que fosse ter um treco. Any e Chris já haviam cantado e mandaram muito bem! Seria totalmente vergonhoso se ela não desse conta do recado. Mas não podia evitar, não estava preparada para aquilo, de jeito nenhum. Todos já estavam chamando seu nome e a incentivando a ir para trás do microfone. Ela tentou agir naturalmente enquanto ia até lá e falava para os músicos qual música iria cantar. Não seria difícil para eles tocarem afinal dois deles, Eddy e Bicho já faziam parte da banda que a acompanhava em carreira solo. Logo os primeiros acordes começaram a soar. Dulce fez apenas o que sempre fazia naquela situação. Olhou para baixo, imaginou que estava em um show para seu público e que não importava o que a estava afligindo, eles mereciam que ela desse o melhor de si naquele momento. Dessa forma a ruiva conseguiu concentração para a performance. Cantou sem desafinar e ainda conseguiu animar a galera.

Christopher parecia curtir bastante aquela música, pois estava bem empolgado, até mesmo cantando a letra direitinho. O que era extremamente curioso já que era uma das músicas de seu primeiro CD, Luna. Dulce não pode evitar prestar atenção a ele naquele momento. Quando chegou a parte do refrão andou alguns passos na direção do garoto que continuava curtindo a música.

- "Es la sintonia. De tu ser, junto a mi piel. So-oh-oh somos sinfonia. Ese amor, no tiene fin…" - Dul olhava diretamente enquanto cantava expressando bastante emoção - Por eso que sabes que es cierto. Con solo un beso, rompemos el silencio. Sabes que es cierto, que con un beso, no importa mas el tiempo…

Nesse momento Ucker também olhou na direção de Dulce e seus olhares se cruzaram. A ruiva sentiu algo que não soube explicar. Tanta coisa expressa apenas por aquela troca de olhares. Era evidente a tensão que se formou no ar. Tanto que quando a segunda parte da música começou, Dulce demorou para se dar conta, e quando tentou entrar no meio da letra, acabou se atrapalhando, perdendo completamente o ritmo. A galera não a vaiou, tentou animá-la a continuar mas Dul simplesmente não conseguiu. Deixou o microfone no pedestal, desceu do palco e saiu deixando a todos sem entender nada. Ela sabia o papelão que havia acabado de fazer. E sabia que deviam estar achando que era louca por ter aquela atitude. Mas agora não dava para voltar atrás, Dulce correu para pegar um elevador e subir o mais rápido possível para seu quarto.

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Notas finais: Tipo assim, Dulce com ciúmes da Linda foi hilário. A conversa dos dois no banheiro foi muitoooo estranha, mas nada supera esse "chilique" que a Dul deu no final do cap. E agora, Maria? Pode isso, produção? Rs!

É gente, a situação tá ficando tensa entre os dois! E o próximo cap promete!

A gente se vê lá!

Beijos,

Manu

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Leia o próximo capítulo: Planos Adiados



terça-feira, 25 de março de 2014

Una Cancion, Capítulo 2 - Ensaiando um reencontro

Ponto de vista de Ucker

Um mês depois...

Correria. Era esse termo que Ucker usaria se alguém lhe pedisse que definisse o seu último mês em apenas uma palavra.

Desde que aceitara voltar para o RBD tudo estava uma bagunça. Parecia que alguém havia pegado a sua vida e virado de cabeça para baixo. Era tanta coisa a se pensar que por várias vezes nos últimos tempos ele se flagrara respirando fundo para não surtar. Sua cabeça estava a mil com tantos acontecimentos.

Por conta do compromisso que assumira com Pedro Damián, Christopher precisou fazer várias alterações na sua agenda. Alguns shows da sua carreira solo que ainda estavam sendo negociados foram cancelados subitamente, sessões de fotos foram antecipadas, entrevistas remarcadas e os treinos físicos intensificados. Chris sabia que a volta para o RBD exigiria ensaios das novas coreografias e queria estar em forma para dar o melhor em suas performances junto com os outros integrantes.

Ele também repassou o antigo repertório da banda, só para garantir que não passaria vergonha nos ensaios, além de ensaiar as novas canções que seriam inclusas no set list da turnê.

Mesmo com toda a “loucura” de cuidar da carreira solo e da volta ao grupo ao mesmo tempo, Christopher estava animadíssimo. Ele mal via a hora de reencontrar os seus antigos companheiros de banda. Como será que estavam todos? Ele mantinha contato com alguns e sabia notícias de outros por meio da imprensa, mas era claro que todos aqueles anos separados havia esfriado a relação deles.

Ele se lembrava com carinho de cada um. Maite com seu jeito carinhoso e delicado, Poncho e Christian sempre brincalhões, Anahí super falante e amiga. E claro, também tinha a Dulce. Como se esquecer dela?

Claro que ele estava ansioso e ao mesmo apreensivo pelo reencontro. Muitas dúvidas passavam pela sua cabeça: Será que o grupo ainda se daria tão bem quando antes? Será que o público ainda os aceitaria depois de tanto tempo? Como seria o clima nos ensaios, nas viagens, nos bastidores dos shows...? Tudo era uma grande incógnita para Ucker. Mas nada o intrigava mais que a Dulce. Ele nem ousava imaginar como seria o reencontro dos dois. Será que ambos se dariam bem? Será que ela guardava alguma mágoa dele? Conseguiriam os dois manter a amizade depois de tudo o quê aconteceu entre eles?

Ucker sabia que ela estava namorando um empresário, mas mesmo assim permitiu-se manter uma chama de esperança dentro de si. E se tudo fosse exatamente como era antes? Será que dessa vez ele teria coragem de tomar a atitude certa? De assumir que o seu sentimento pela ruiva era muito mais que uma confusão causada por encenações no palco e na novela? Hoje, mais do que nunca, ele tinha absoluta certeza do que sentia por ela e de que aquele sentimento permaneceu ardendo dentro dele por todos esses anos. Mas e ela? Ainda sentiria a mesma coisa?

Aquelas respostas apenas o tempo poderia dar a Christopher. Mas, para a sua sorte, o tempo estava passando rápido para ele.

***

Enfim o primeiro dia de ensaio chegou. Ucker se hospedara em um hotel reservado pela produção da banda na noite anterior afim de facilitar e agilizar essa fase de ensaios. Tudo estava sendo realizado sob o mais absoluto sigilo. Pedro não queria que a notícia do retorno do grupo vazasse antes do combinado de jeito maneira e por isso tomara todas as providências para tanto. A segurança fora reforçada, todos os profissionais envolvidos foram instruídos a não falar nada sobre o assunto e todos os seis “Rebeldes” haviam assinado um termo de sigilo que proibia a todos de comentar sobre o novo projeto na imprensa.

No hotel, um dos mais sofisticados e chiques da capital mexicana, os últimos cinco andares foram reservados para a produção do RBD. A equipe da banda também contava com elevadores privativos, vagas exclusivas na garagem e horários diferenciados no restaurante para que os outros hóspedes não os vissem. Ucker se sentia parte de uma missão especial do FBI. Tudo era tão secreto que lembrava aqueles filmes americanos que falavam sobre conspirações e a existência de extraterrestres.

O cantor riu sozinho da sua imaginação enquanto deixava o seu quarto após tomar um café da manhã na cama. Os ensaios aconteceriam em um estúdio localizado perto do hotel e seria lá que aconteceria o reencontro com os outros integrantes do grupo.

O coração de Christopher batia acelerado dentro do peito. Ele entrou no carro que o levaria até o estúdio e ficou contando os minutos para chegar ao estúdio. Quando chegou, subiu correndo até o terceiro andar, onde aconteceriam os ensaios do dia. Entrou no elevador e ficou contando junto com o marcador digital fixado na parede.

- Primeiro... Segundo...Terceiro – Assim que a porta abriu ele já deu de cara com uma de suas melhores amigas e ex-namorada, Anahí.

- Uckerzitoooooooo! Que saudades! – A loira gritou, jogando os braços ao redor do pescoço de Christopher e pulando com tudo em cima dele. Os dois trocaram um abraço apertado e Ucker relaxou um pouco. A sua recepção não poderia ser melhor. Já dava para perceber que, pelo menos, a Any continuava a mesma. Com certeza o relacionamento com ela seria fácil. Era apenas uma questão de colocar o papo em dia e se atualizar das novidades.

- Vem, já está quase todo mundo aqui! Você não vai acreditar quando ver a May. Ela está um mulherão! Nem parece a mesma May de antes... – A loira disparou a falar puxando o Ucker pela mão para o interior do estúdio. Ele não pode deixar de rir. Tudo estava acontecendo exatamente como antes. Era como entrar em uma máquina do tempo, ou como viver um “deja vu”. De repente ele sentia alguns anos mais novo, a euforia de antes tomando conta dele como sempre.

Estavam quase todos ali: Maite, Poncho, Christian, além dele e da Any. A May realmente estava um “mulherão”. Parecia que ela estava com um olhar mais decidido, mais maduro, talvez... Ucker não sabia definir. Poncho também estava com a expressão mais séria, com um cavanhaque, os cabelos bem aparados. Parecia um homem de negócios pronto para uma reunião. Será que era para algum papel ou era sua aparência mesmo? Anahí continuava loiríssima, sorrindo a toa e muito animada. Porém, dava para perceber que agora ela estava mais responsável. Ela andava com o telefone celular para cima e para baixo e ficava mandando mensagens a todo momento. Segundo a loira, era para checar se estava tudo bem com a sua “hija”. Já Christian não tinha mudado nada. Os cabelos continuavam tingidos com uma cor extravagante e ele não parava de fazer piada nem um minuto sequer.

- Holaaaa amigos! – Uma voz doce se sobrepôs ao “burburinho” que tomara conta do estúdio – Quer dizer que já começaram a festa sem mim?

Christopher não precisou se virar para saber quem havia acabado de chegar. Só de ouvir a voz o seu coração disparou dentro do peito. Ele tentou disfarçar, mas quando se deu conta já havia se virado e estava sorrindo como um bobo ao admirar a “pequena” que tanto lhe fazia falta.

Anahí foi a primeira a saltar em cima da Dulce para abraçá-la. Maite seguiu a loira e os meninos precisaram interromper o “tricô” das garotas para também terem a oportunidade abraçar a Maria. Poncho foi quem “puxou a fila”. Os dois trocaram um longo abraço e algumas poucas palavras. Já com Chris a recepção foi mais alegre. Ele abraçou a Dul e a tirou do chão, fazendo a ruiva soltar gritinhos de reprovação. Os dois amigos conversavam com muita empolgação falando a todo momento que estavam morrendo de saudades um do outro.

E então chegou a vez de Ucker. Ele respirou fundo e abriu os braços para abraçá-la também.

- Dulceee... – Christopher exclamou torcendo para que o seu tom de voz não entregasse o quanto ele estava feliz em reencontrá-la.

- Ucker!  - Ela disse com a voz baixa antes de aceitar o seu abraço. Porém, o momento durou muito menos do que ele desejava. Rapidamente ela se desvencilhou dele e se afastou, tomando o cuidado de não deixar que os seus olhos não se cruzassem. Mas o que estava acontecendo, afinal? Ela parecia estar com... medo. Chris esperava todos os tipos de reação por parte da Dulce, mas essa o pegou completamente desprevenido.

- Bueno, bueno... Vocês terão muito tempo para conversar depois! Agora é hora de começarmos a trabalhar! Temos muito o que fazer pela frente, “chicos” – Pedro bateu palmas para chamar atenção de todos, dando por encerrado o momento de “confraternização” de todos.

Os ensaios começaram. Os produtores mostraram as novas músicas e também novos arranjos para os antigos sucessos. Todo o grupo conversava muito animado discutindo as melodias, formas de interpretação e até mesmo já imaginavam o efeito que as “novidades” causariam nos shows.

Durante todo o dia Christopher tentou aproximar-se de Dulce, mas não teve nenhum sucesso. A ruiva o tratava com uma “frieza educada”, ao passo que interagia e brincava com todos os outros presentes no estúdio de forma alegre e simpática.

Ucker não conseguia compreender o que estava acontecendo, e claro, aquilo o desconcentrou. O resultado disso foi que ele errou praticamente todas as letras, esqueceu os versos das canções novas e se atrapalhou todo na hora de cantar.

- Nossa, acho que o Christopher vai precisar de uns ensaios extras para lembrar as músicas antigas... Tá mal mesmo, hein Uckerzito? – A Anahí brincou com o amigo.

- Não, não é nada disso... Acho que é só o cansaço. Estive trabalhando demais nesses últimos dias – Ele tentou se justificar.

- Tá bom, Ucker. Vou facilitar para você – Pedro interveio – Pausa para o almoço, turma. Vamos todos para o refeitório comer um pouco e recarregar as energias. Quem sabe assim o Chris consegue prestar atenção no ensaio quando voltarmos...

Todos desceram para o primeiro andar do estúdio, onde uma enorme mesa já estava posta. A variedade de comida era impressionante. O pessoal se serviu sem cerimônia e logo se sentarem, conversando entusiasmado.

Ucker juntou-se a eles por mera educação. Ele não estava no clima de “confraternizações”. Fora isso, o “gelo” que a Maria estava dando nele o deixava fora do assunto. Parecia que ele não era bem-vindo no papo.

O cantor já estava se perguntando quanto tempo ainda faltava para que aquele dia terminasse quando aconteceu. A Maria, que estava sentada do outro lado da mesa à direita do Christian, esticou o braço sobre a mesa para pegar o sal que estava bem em frente ao Ucker. Foi aí que ele notou o anel de brilhantes na mão da ruiva.

Então era isso? Ela estava noiva? Era por isso que Dulce estava o evitando daquele jeito? A novidade desceu como ácido pela sua garganta. De repente nada daquilo fazia mais sentido e tudo o que ele queria era ir embora. Voltar para a tranquilidade da sua casa, para a incerteza dos seus pensamentos. A verdade era que a Dulce já havia o esquecido e aquilo machucava demais. Pelo jeito a chama de um amor, por mais sincero e intenso que fosse, poderia sim se apagar...

***

O resto dia passou como um borrão. O desempenho de Christopher foi tão ruim na segunda parte do ensaio que o produtor executivo desistiu de continuar tentando e dispensou todos mais cedo.

- Hey pessoal, o que acham de aproveitarmos o tempo livre para colocarmos o papo em dia? Podemos sair, beber algo, não sei... – Christian propôs recebendo o apoio de quase todos.

- Hum... Desculpa pessoal, mas não estou no clima. Acho que não estou me sentindo bem. Vou direto para o meu quarto – Ucker respondeu mexendo nos cabelos.

- Garotos, não quero ser estraga-prazeres, mas lembrem-se que vocês estão sob contrato de sigilo. Cinco “RBD’s” juntos vai chamar muita atenção. Acho melhor vocês ficarem aqui no bar do hotel mesmo. Vocês podem pedir para o gerente fechar uma área reservada para vocês – Pedro assumiu o seu famoso papel de “única cabeça ajuizada” do grupo.

Depois de alguns minutos debatendo o assunto, todos aceitaram a sugestão do produtor e seguiram para o bar do hotel enquanto Ucker pegava o elevador privativo rumo ao seu quarto.

Quando chegou no dormitório, a sua assessora, a Linda, já estava o esperando. Apenas pessoas autorizadas poderiam entrar e Ucker já havia deixado a segurança do hotel devidamente avisada sobre a sua vista.

- Nossa, foi um sacrifício conseguir entrar. Pensei que fossem até pedir um exame de DNA – Ela brincou.

- Nem me fala! Estou me sentindo em um presídio, ou em algum reality show de TV. Só estão faltando as câmeras – Ele sorriu, o primeiro sorriso depois de horas.

- Nem brinca que é capaz de arrumarem algumas... Mas e aí, Chris! Como foi o primeiro dia de ensaio? Já marcou o casamento com a Dulce? – A garota de cabelos castanhos e olhos cor de mel brincou. Linda era uma das melhores amigas de Ucker. Os dois sempre viajavam juntos à trabalho e eram muito íntimos. Tanto que a assessora sabia de toda a história do amigo com a Maria.

- Casamento? Bom, ela realmente vai se casar. Mas com certeza não é comigo – Ele sentou-se na cama ao lado da Linda, soltando um longo suspiro.

- Casar? Conta essa história direito – A morena pediu. Christopher então narrou como foi o seu dia, detalhe por detalhe, dando bastante ênfase ao “gelo” que recebeu da ruiva e do anel que ela levava no dedo.
- Na boa Linda, vamos comigo ao ensaio amanhã? Pelo menos não vou ficar “boiando” no assunto, completamente excluído – Ele pediu, bastante arrasado.

- Mas o que eu vou fazer lá? Amanhã não é o ensaio das coreografias? – Linda indagou.

- É sim! Mas por favor, só diga que vai! Inventa uma desculpa qualquer para estar lá, você é ótima nisso! Só não quero sentir o que senti hoje... Se estiver lá, você não vai me deixar ficar “pra baixo” – Christopher praticamente implorou à amiga. Normalmente ele não gostava de dar o braço a torcer, mas Chris sabia que podia confiar na Linda.

- Tudo bem, eu vou – Ela se deu por vencida, percebendo que o amigo estava realmente mal – Mas agora chega de sofrer pela Dulce! Sabe do que você precisa? De uma cerveja para curar essa dor de amor. Vem, eu pago! – Ela disse, puxando Ucker pelo braço.

É, talvez ela tivesse razão. Nada melhor que dar uma volta para acalmar o seu coração.

Ponto de vista da Dulce

Dulce acordou um pouco mais tarde que o normal naquele dia. Depois do “happy hour” que ela, os outros RBD’s, os músicos e algumas pessoas da produção da banda fizeram na noite passada para comemorar o reencontro, ela não aguentou manter o horário pedido por sua assessora e amiga Iliana. O dia anterior havia sido de muita festa e alegria. Foi muito bom rever todos eles, voltar a cantar com o grupo e ainda sair para se divertir a noite. A única coisa que incomodou Dulce foi a forma como ela havia se comportado com Christopher. Ele nem mesmo fora ao bar junto com todos à noite. Havia dado uma desculpa para ficar no hotel. Dulce se sentia extremamente culpada por isso. Foi ela quem o tinha tratado com frieza enquanto ele veio todo simpático e receptivo. Ela se odiara por isso, mas sua razão dizia que era assim que ela devia agir. Ela não podia permitir uma reaproximação com Ucker, não depois de ter aceitado o pedido de casamento de Luis Rodrigo. Não depois da conversa que tiveram antes dela partir.

A garota não estava 100% segura de estar fazendo a coisa certa, no entanto. Não parecia justo tratar Christopher de forma diferente só porque queria proteger sua relação com o noivo. Eles eram amigos afinal, apesar da relação amorosa que tiveram no passado. E no momento não havia como a mídia especular nada a respeito, pois eles estavam realizando os ensaios em sigilo absoluto. O melhor a fazer seria tratá-lo normalmente, agir com ele como sempre agira. Continuar evitando se aproximar seria pior. Daria mais a pensar a todos e até a ela mesma. Maria estava decidida, não iria mais dar aquele gelo do dia anterior em Chris. Iria ser a mesma de sempre e tentar reatar aquela antiga amizade. Ela pediu o café da manhã no quarto, já que àquela hora não estariam mais servindo no refeitório. Comeu, tomou um banho e se arrumou correndo para não chegar atrasada ao ensaio. Ficou satisfeita ao ver que não era a última a chegar. Na verdade, apenas Anahí já estava no salão.

As duas se cumprimentaram e Dulce começou a fazer alguns alongamentos. Isso porque a manhã prometia ensaio das novas coreografias. Fazia algum tempo que a ruiva não fazia atividades físicas daquela intensidade, então era melhor estar preparada. Não queria provocar nenhuma contusão antes mesmo de começarem os shows. Enquanto isso ela se entretida em uma conversa super agradável com Any sobre como todos na banda haviam mudado. Dulce havia ficado muito feliz ao perceber que as coisas com a loira permaneciam do mesmo jeito. Ela continuava como sempre foi, mesmo depois de casar-se e ter uma filha:  animada, divertida e bem humorada. Perguntou diversas coisas sobre a vida e carreira de Dulce e a ruiva perguntou o mesmo a ela. Chegaram até a dar boas risadas juntas, não só naquela manhã, mas em alguns momento na noite anterior também. Dulce ficou mais próxima de Any do que de qualquer um dos outros durante a “festinha”. Por as duas serem comprometidas, acabaram ficando mais reservadas no meio da bagunça. Mas nem por isso deixaram de aproveitar o momento.

- Buenos dias, chicas! - gritou uma voz masculina que ecoou pelo grande salão. As duas se viraram e viram Jack, o novo coreógrafo do grupo. Ele havia sido apresentado aos 6 no dia anterior logo que chegaram para conhecer a equipe com a qual trabalhariam nos próximos meses. Jack foi um dos que se deu bem com o grupo logo de cara - Muy bien, tô vendo que já estão se preparando para mexer o esqueleto o dia todo! - exclamou ele empolgado, mas no segundo seguinte sua expressão murchou - Mas cadê o restante do povo? Devem estar se recuperando da ressaca depois da noitada de ontem, né?

- Buenos dias, Jack! - respondeu Any aos risos - Maite, Poncho e Christian podem até estar atrasados por isso, mas o Uckerzito não saiu ontem à noite! Dê um desconto a ele!

- Pior ainda, né? Esse não tem nem desculpa de ter exagerado na bebida ou ter ficado acordado até tarde… Quero ver o que vai inventar - Jack falava sério, mas dava pra saber que ele estava só enchendo o saco de propósito - Provavelmente deve ter encontrado alguma “pollita”, como diz o Christian, para passar a noite com ele, só pode ser!

- Claro que não deve ser isso! - falou Dulce sem pensar. Ela nem imaginava por que havia afirmado aquilo com tanta convicção. Como ela poderia saber, afinal? O máximo que sabia era que Ucker não estava namorando ninguém no momento, e sua fonte eram só as revistas e sites de fofoca. Talvez fosse o que ela esperasse de Christopher ou então o que preferia acreditar. Céus, a ruiva estava mesmo confusa!

- Dulce tem razão - concordou Any tirando a amiga do apuro. Ela não sabia se a loira tinha feito isso para ajudá-la ou se foi pura coincidência. De qualquer forma, ficou grata a ela - O bebê é rapidinho com as garotas, mas nem tanto…

Os dois riram. Dulce deu apenas um sorriso amarelo e voltou para seus alongamentos. Se esqueceu de quais já tinha feito, então começou tudo de novo. Cerca de cinco minutos depois, os integrantes do RBD que faltavam no ensaio chegaram. Como era de costume, os garotos trouxeram consigo muito barulho e inquietação. Dulce desistiu de seus passos de yoga naquele momento. Já não haveria como conseguir se concentrar. Dessa vez eram Poncho, Chris e Maite que estavam agitando o ambiente, todos riam e comentavam sobre a noite anterior. Christopher, que vinha mais atrás, não estava assim tão empolgado. Ela decidiu que iria até lá falar com ele, perguntar se estava tudo bem. Quando começou a andar em sua direção, no entanto, percebeu que não estava sozinho. Ele conversava com uma mulher. Os dois pareciam bem próximos, deviam se conhecer há algum tempo. Ou pelo menos era o que parecia. Ela não parava de pegar no braço dele e de se aproximar para dizer as coisas em seu ouvido.

Dulce instantaneamente suspeitou que rolasse algo entre os dois. Principalmente porque conseguia ouvir que ele a chamava de “linda” a todo momento. Ela se sentiu incomodada e constrangida por ter ficado encarando um dois mesmo que apenas por alguns segundos. Os dois não pareceram perceber já que estavam muito entretidos na conversa, mesmo assim a ruiva disfarçou e fingiu que tinha ido pegar alguma coisa em sua bolsa que havia deixado no fundo do salão. Ela não pode deixar de ficar pensando sobre o que Jack havia dito minutos atrás. Afinal ele poderia ter razão. Ucker poderia mesmo ter deixado de ir ao “happy hour” do dia anterior por estar acompanhado. Só que obviamente não era alguém que ele havia acabado de conhecer. Dulce não sabia porque estava se questionando sobre tudo aquilo. Não era da conta dela com quem Christopher estava saindo. Ela devia ficar feliz por ele ter encontrado alguém e apenas isso. Quem sabe em um momento que o encontrasse sozinho ela conseguisse consertar as coisas e eles pudessem voltar a ser aos amigos de antes.

Jack se apressou em dispersar a bagunça e acabar com o falatório que havia tomado conta de todos, ou praticamente todos os presentes. O coreógrafo mandou ficarem todos em suas posições de costume em cima do palco. Essa foi uma parte engraçada, afinal nenhum deles lembrava mais quais eram suas posições de costume. Então Jack teve que, um por um, os colocar em seus devidos lugares para que pudessem começar a ensaiar. Para começar relembraram as coreografias antigas. Algumas delas iriam permanecer nos shows, para agradar os fãs. Dulce ficou nervosa ao perceber que iam começar com a música “Un Poco de Tu Amor”, um dos primeiros singles da banda e uma das muitas coreografias que ela fazia com Christopher. Essa em especial, eles dançavam juntos apenas no começo, mas os passos eram bem sensuais e exigiam uma grande proximidade dos dois. Ela esperava que a “namorada” de Ucker não fosse ciumenta, afinal aquele era o tipo de coisa que dava muito a imaginar e que certamente fariam as “Vondys” pirarem em todos os shows.

As batidas da introdução da música começaram sem que Dulce se desse conta. Como num passe de mágica Christopher já estava atrás dela. A ruiva então se virou na direção dele e ambos se posicionaram para esperar o momento de começar a dançar. Como Dulce ainda não havia cumprimentado Ucker naquele dia, ela deu um sorrisinho para ele, que não foi correspondido. Chris estava muito sério. A garota não sabia dizer se era por que ele estava concentrado e não queria errar a coreografia, ou se tinha outro motivo. De qualquer forma, se sentiu mal com a frieza do companheiro. Talvez ele estivesse lhe dando o troco por causa do dia anterior, mas isso seria infantil demais, não seria? Christian começou a cantar os primeiros versos da música por cima da música original que tocava e aquela era nossa deixa para iniciar os passos de “UDTA”. A mão de Christopher tocou levemente as costas de Dul e eles dobraram levemente as pernas descendo e depois subindo. Nessa parte Dulce se lembrava que tinha de virar na direção do público, mas acabou fazendo isso de forma muito intensa o que resultou em uma bela cotovelada nas costelas de Chris.

Ambos já não conseguiram mais continuar a dança. Christopher fazendo cara de dor e passando a mão no lugar onde fora atingido e Dulce pedindo desculpas repetidamente. No fim das contas não tinha sido nada de mais então logo eles puderam recomeçar a coreografia. Infelizmente não foi nada fácil para Ucker e Dul pegarem o ritmo e conseguirem dançar ao menos sincronizada mente. É claro que todos os outros também estavam tendo dificuldades principalmente para lembrar dos passos. Mas Jack estava ali para isso e ajudou nessa parte. No caso de DyC era evidente que os problemas eram bem maiores. Os dois simplesmente não conseguiam acertar o passo. Para ajudar, várias das músicas antigas que estavam sendo usadas, eram músicas onde eles tinham que dançar juntos. E parecia ser ai que morava o problema. Quando os passos eram individuais ambos mandavam bem, mas quando se juntavam a coisa demorava para sair direito, ou as vezes nem saía.

- Chicos, o que é que estava acontecendo com vocês? - perguntou Jack um pouco desapontado mas tentando dar ânimo a eles ao mesmo tempo - Onde está aquela química toda que vocês dois tinham em cima do palco? Quero mais paixão, mais sensualidade! Deixem a inibição de lado e se joguem, ok?!

Os dois tentaram seguir o conselho de Jack e deram uma leve melhorada. O que não durou muito tempo. Quando ele começou a ensinar as coreografias novas Dulce e Christopher voltaram a estaca zero. A dupla simplesmente não conseguia se entender “dançativamente” falando. Nenhum dos dois tentou sugerir uma troca de parceiros, eles sabiam que Dulce e Chris, Any e Poncho, eram pontos chaves na banda. Esses pares deveriam estar próximos por boa parte das duas horas de show que costumavam fazer. Estava no contrato deles dez anos atrás, e agora não deveria ser diferente. Ao final do dia o saldo foi positivo num geral. Conseguiram relembrar várias das antigas coreografias e aprender alguns passos das novas músicas que entrariam no repertório dos shows. Infelizmente o ponto alto do ensaio acabou sendo o “vexame Vondy”. Todos, sem exceção, estavam tirando sarro de Dulce e Christopher porque eles não conseguiram acertar o passo juntos.

Os dois tentaram rir e entrar na brincadeira, mas Dulce pelo menos estava se sentindo um pouco envergonhada com aquilo. Não era de seu feitio deixar que fatores externos atrapalhassem enquanto ela estava no meio de um trabalho importante como aquele. Por mais que parecesse que tudo era só diversão, ela sabia levar a sério os assuntos do grupo. Sempre soube. Mesmo que fosse uma pessoa meio avoada no dia-a-dia, quando se tratava de trabalho ela era extremamente profissional, ou costumava ser pelo menos. Desconfiou seriamente que aquele episódio tivesse a ver com a recente tensão vivida com o caçula do RBD. Estava rolando um clima esquisito entre eles, logo, querendo ou não, isso acabava afetando a performance deles. Dulce começou a se lembrar de alguns momentos da época antes do fim da banda quando situações parecidas com aquela aconteceram. As mais marcantes foram duas: um pouco antes dela começar a sair com Christopher e semanas depois de eles terem terminado. Curiosamente os dois momentos em que ela mais teve problemas com desempenho no palco estavam relacionados ao garoto.

Pensar naquilo só deixou Dulce ainda mais constrangida e irritada. Ela odiava quando as coisas não saiam como ela planejava. A única coisa que pensara em fazer naquele dia, que era se reaproximar de Ucker, não havia nem podido tentar. Ainda para piora, eles haviam sido um fiasco ensaiando juntos. Maria só pensava em voltar para seu quarto e esquecer que aquele dia havia acontecido. Desde Christopher chegando com uma garota desconhecida na ensaio até o fato de ser o alvo das piadinhas de todos. A ruiva esperou a primeira oportunidade de escapar do almoço que os outros estavam planejando fazer em conjunto. Deu uma desculpa muito esfarrapada e subiu para o seu quarto. Ao chegar lá, apenas tirou os sapatos e se jogou na cama. Ao contrário do que desejava, as lembranças não saíram de sua cabeça. Tanto as do dia presente, quanto as do passado semelhante a ele. Por mais que não quisesse, Dulce ficou pensando nisso por um tempão. Também não conseguia tirar da cabeça aquela garota que Ucker tanto chamava de “linda”. Tudo bem, ela até que era bonita, mas não era pra tanto.

Céus, o que diabos estava dando nela? Dul se levantou da cama e foi até o banheiro. Jogou água fria no rosto para ver se aquilo a fazia acordar para a realidade. Ao passar a mão sobre o rosto, olhando para o espelho, ela pode ver o anel de brilhantes em seu dedo. Seu anel de noivado. Ele reluzia devido a alguns raios de sol que entravam pela janela. No mesmo instante seu celular tocou, assustando a ruiva que havia se esquecido que ele estava no modo vibra no bolso de sua blusa. Ela pegou o aparelho e viu que era Luis Rodrigo. Imediatamente sentiu que aquilo era um sinal. Um sinal de que ela estava fazendo algo errado. Se preocupando com coisas que não deveria se preocupar. Voltou para o quarto e atendeu ao celular.

- Bueno.

- Hola, mi amor. Como está?

- Bem e você? - respondeu Dulce meio seca.

- Estou bem… Mas está mesmo tudo bem com você? - insistiu Luis percebendo que havia algo errado com a noiva.

- Mesmo. Estou bem, não se preocupe. Só estou me sentindo um pouco cansada por causa dos ensaios das novas coreografias. Mas logo me acostumo com a rotina.

- Não vejo a hora de você voltar para casa no final de semana - disse ele com tom de empolgação - Estamos morando juntos há apenas um mês e já sinto como se nunca tivesse morado sozinho antes.

- Também sinto a sua falta, mi vida - respondeu Dul, tentando soar um pouco menos desanimada e perturbada dessa vez - Logo estarei ai, vai passar rapidinho, você vai ver…

- Eu duvido. Mas está bem, no sábado eu arrumo uma forma de você me compensar por passar a semana longe.

- Será muito mais de uma semana, Rodri - advertiu ela.

- Eu sei, por isso a cada final de semana terá que pensar em algo diferente - ele riu e eu ri também. Voltando a me lembrar porque havia aceitado o pedido de casamento dele.

- Adiós, mi vida. Nos falamos depois, preciso descansar.

- Hasta luego, Mary - se despediu ele a chamando pela apelido que ela odiava - E não se esqueça daquilo que conversamos…

Então ele desligou. Sua última frase havia acabado com qualquer clima romântico que tenha existido durante aquela ligação. Também acabou de vez com a vontade de dormir da moça. Lembrar daquela conversa só a deixava inquieta. Dulce não havia gostado nada dela. Aconteceu um dia antes de ir para o local dos ensaios. Luis Rodrigo tinha sido contra a ideia do reencontro desde o começo e fez questão de deixar isso bem claro. Dulce ficou extremamente decepcionada, pois esperava o apoio dele naquela decisão. Um tempo depois ele voltou atrás disse que ela devia fazer o que achava certo. A garota então resolveu não desistir de nenhuma das duas coisas. Aceitou o pedido de casamento de Rodrigo, mesmo sabendo que ficariam afastados um bom tempo por causa da turnê. Ela explicou para ele que o fato de voltar para o RBD não mudava em nada o que ela sentia por ele e nem iria atrapalhar em sua relação. Luis entendeu e disse que esperaria por ela o tempo que fosse.

Até ai tudo lindo e maravilhoso. Dulce iria viajar para os ensaios com a consciência tranquila. Ela não esperava, porém que Rodrigo iria colocá-la contra a parede um dia antes de ela viajar. Ele veio do nada com uma conversa estranha sobre Dulce se lembrar de que já não era uma adolescente como na época em que entrou para o elenco da novela e que agora era uma mulher madura e comprometida, por isso deveria manter uma postura mais respeitosa e se comportar com cautela em relação aos seus companheiros de grupo e até mesmo aos fãs. Segundo Rodrigo, ele dizia aquilo tudo para alertá-la, afinal o mundo o “show-business” era cheio de armadilhas e trapaças. Só que Dulce sabia que não era só isso. Luis tinha medo mesmo era da exposição a que Dulce estaria sujeita voltando a fazer parte de uma banda mundialmente famosa como o RBD. Ela sabia que ele gostava de manter tudo fora do alcance da mídia e que se dependesse dele, ela já teria largado a carreira artística faz tempo.

Dulce María jamais em sua vida imaginou depender de um marido para viver. Ela desde pequena havia trabalhado no meio artístico e tudo que havia conquistado era fruto de muito esforço e dedicação. Nada lhe foi dado de mão beijada nem em função de troca de favores, como acontecia muito nesse meio. Dulce cresceu como artista e ganhou seu lugar ao sol por si mesma. Por isso ela não admitia que alguém fizesse pouco de sua carreia, como se fosse algo que ela pudesse largar assim sem mais nem menos. Esse fora o maior motivo de brigas entre ela e seu noivo durante os anos de relacionamento que tiveram. Quando voltaram pela última vez, Dulce acreditava que haviam superado esse obstáculo, mas aquele último discurso de Rodrigo a havia deixado extremamente confusa. No dia que ela viajou ele nem sequer mencionou a conversa, se despediu dela como se estivesse tudo bem e assim foi também nas ligações quando eles se falaram no dia anterior. A ruiva havia preferido deixar o assunto de lado e fingir que nada havia acontecido, mas ele voltando a menciona a conversa minutos atrás tornava isso meio impossível.


Por mais que soubesse que deveria sair e tentar encontrar o outros, Dulce preferiu passar o resto da tarde no quarto ouvindo música e escrevendo. Ela pediu seu almoço, comeu e até tirou um cochilo. Quase se esqueceu que tinha que voltar para o estúdio para mais horas de ensaio. Se não fossem seus assessores virem lhe acordar, ela com certeza teria faltado. O que não seria uma boa ideia, afinal deixaria claro que havia alguma coisa errada com ela. E isso era tudo o que Maria não queria. Ela tinha que manter a pose e convencer a todos e, principalmente a si mesma, de que estava tudo perfeitamente bem. Então trocou de roupa e deixou o hotel com a cabeça erguida, pronta para superar mais aquele desafio em sua, nada fácil carreira de cantora.

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Leia o próximo capítulo: Happy Hour

domingo, 16 de março de 2014

Una Cancion, Capítulo 1 - Peças do destino

Ponto de vista de Christopher
- Bueno!

- Ucker?

- É ele. Quem fala?

- Bueno Ucker, aqui é Pedro Damian. Será que você tem um minuto para esse velho conhecido?

Christopher interrompeu a corrida que estava fazendo na esteira e passou a realmente prestar atenção ao telefonema. Veja bem, não era todo dia que o ex-produtor executivo do RBD te ligava... Ele não falava com o seu “velho conhecido” desde que a banda se separara, há exatos 10 anos. Aquela ligação era uma completa surpresa e Christopher não tinha ideia do por que Pedro estava entrando em contato.

- Claro, claro! Sabe como é né, Pedro... Nós sempre temos tempo para os amigos – Ele respondeu com simpatia pegando uma toalha para secar o suor do rosto.

Fazia um dia agradável na capital do México e Ucker estava se perguntando por que não havia saído para se exercitar lá fora, na pista de corrida do prédio onde morava quando o produtor deu continuidade à conversa.

- Tenho uma proposta irrecusável para você, Ucker – Pedro disse com a voz empolgada – Estamos planejando uma série especial de shows para comemorar os 10 anos de despedida  da banda. Será uma turnê com poucas apresentações nos países onde o RBD fez mais sucesso. Os shows serão revolucionários! Produção de primeira, novas músicas e coreografias, cenário e iluminação especiais... A ideia é mostrar que o que foi bom fica para sempre nos nossos corações, e por isso, merece ser relembrado e celebrado – Pedro falava de uma forma sedutora, se esforçando para mostrar todos os pontos positivos da proposta, apresentando a novidade de uma forma que ficava muito difícil de resistir.

A vontade de Christopher era aceitar logo de cara. Afinal, ele guardava boas recordações dos tempos que cantou no RBD. Claro que o sucesso da banda também trouxe muitas coisas negativas para a sua vida, como a falta de privacidade, a agenda sempre cheia, a falta de tempo... Mas no final de tudo, o saldo era positivo. Porém, antes de dizer sim, ele tinha muitas questões que precisavam ser levadas em consideração. Questões essas que ultrapassavam o limite do profissional e chegavam à parte mais profunda do seu coração e mexiam com os seus sentimentos.

- Poxa Pedro, com certeza vai ser um sucesso! Tenho certeza que os fãs vão adorar – Ucker falou qualquer coisa para ganhar tempo. Sua cabeça girava com tantas possibilidades e ele precisava pensar.

- Eu não tenho dúvidas disso! Já falei com a Anahí e a Maite e as duas estão dentro. E a Dulce também já aceitou... – Pedro disse isso como não queria nada, fingindo que aquela era apenas mais uma informação entre tantas outras. Mas o produtor sabia, assim como o próprio Ucker, que aquele foi o golpe “certeiro” para “ganhar” o cantor. A simples menção do nome Dulce Maria tornava a situação muito mais “interessante” para Christopher. Assim como as mariposas eram atraídas para a luz, aquela frase também tinha o poder de atraí-lo para qualquer situação, fosse boa ou não. Ele não tinha como evitar, era o seu instinto.

- E então, o que me diz? – O produtor insistiu do outro lado da linha.

- Poxa Pedro, é uma proposta ótima! Só preciso ver como está a minha agenda. Você sabe, né? Agora tenho a minha carreira solo e será necessário conciliar as duas coisas. Vamos fazer o seguinte: Vou te passar o telefone do meu empresário. Aí você pode falar para ele todos os detalhes da turnê, as datas dos shows e tudo mais. Depois eu converso com ele, discutimos o assunto, e aí te dou uma resposta, pode ser? – Ucker improvisou. Ele não queria dispensar o convite logo de cara, mas ainda não sabia se deveria ou não aceitar. Era uma questão delicada e o melhor a se fazer naquele momento era ganhar tempo.

- Claro que pode! Só não demore muito para me responder! Se não começamos a turnê sem você – Pedro brincou, completamente ciente de que a banda dependia dos seis integrantes juntos. Sem um deles o RBD não era o RBD.

Os dois trocaram mais algumas palavras e se despediram de maneira amistosa. Assim que desligou, Ucker seguiu para a ducha, desistindo da sua corrida. No dia seguinte ele sairia para se exercitar no parque do condomínio, estava decidido. Mas por ora, havia coisas mais importantes para pensar...

Enquanto sentia a água lavar o seu corpo, ele refletia sobre a ligação que recebera há pouco. Não se tratava apenas de pensar na volta do grupo, e sim se ele estava pronto para ter um contato tão próximo com a sua parceira de banda, Dulce.

Aquela era uma história complicada... Eles haviam começado a namorar depois de algum tempo atuando juntos como Roberta e Diego, mas nunca tinham assumido nada para o público. Na época, eles não queriam levar aquele lance tão a sério. Eles se divertiam muito juntos, e só isso bastava. Estar com a Dulce foi, sem dúvidas, a melhor parte de toda aquela loucura que foi o RBD. Ele adorava tudo nela... O gênio “complicado”, o sorriso, a voz, o cheiro...

Mas na época tudo era muito confuso para os dois. Christopher ainda era muito jovem, e também tinha a sensação de se sentirem influenciados pelas personagens que viviam. Por várias vezes os produtores pediam aos dois que simulassem que existia algo a mais entre eles para entreter os fãs. Com o tempo, a encenação virou realidade e trouxe muitas dúvidas à cabeça do casal, principalmente a do Ucker. Ele não sabia se o que sentia pela Dulce era real ou se era somente fruto de tudo o que os dois passaram juntos: novela, seriado, shows, viagens, entrevistas, sessão de fotos... Como separar a realidade da ficção? Para ele parecia impossível na época e, foi por isso talvez, que no último show da banda, realizado em Madrid, eles trocaram um beijo no palco e depois se despediram de forma tão... estranha.

Ucker se lembrava muito bem daquela cena. Depois do beijo, que ele deu de surpresa na Dulce enquanto cantavam “Este Corazón”, ela veio falar com ele no camarim. Ele sentia que ela esperava por uma decisão final, algo definitivo, a resposta para as dúvidas que perturbavam o coração dos dois. Mas Christopher fora covarde e deixou que tudo acabasse com ela devolvendo o anel que ele lhe dera e com frases vazias de “Acho melhor a gente terminar por aqui”; “Talvez seja melhor cada um seguir o seu caminho”; “Se cuida” e, a pior de todas: “A gente se fala”. No momento em que ela virou as costas ele percebera que tomara a decisão errada. Por todos aqueles anos ele pensara que era tarde demais para aquele amor e que não havia nada mais que ele pudesse fazer para mudar isso.

Ele fechou os olhos, sentindo o seu coração doer dentro do peito como sempre acontecia quando lembrava daquela cena. Como ele poderia ter perdido uma mulher daquela? Como?

Christopher saiu do banho e começou a se secar. Ele ouviu o telefone tocar e reconheceu o número do empresário na tela.

- Bueno!

- Christopher, Pedro Damian me ligou. Ele me passou os detalhes da nova turnê, acho que é um convite muito interessante. Quando podemos nos reunir para discutir os detalhes? – O empresário foi direto ao assunto, dispensando a cordialidade.

- Nós conversamos hoje cedo e ele me contou algumas de suas ideias. Por mim já está ótimo. Eu aceito – Ele disse, com a voz firme e decidida.

Talvez não fosse tão tarde assim...

Ponto de vista de Dulce

Jantares românticos sempre deixaram Dulce apreensiva. Claro, porque eles nunca eram apenas jantares românticos. Não no caso de seu namorado Luis Rodrigo. Rorô, como os fãs dela costumavam chamá-lo, era o típico romântico tradicional. Ele nunca se contentava com um simples jantar à luz de velas com boa comida e taças de vinho. Ele sempre preparava alguma surpresa chocante ou algo realmente impressionante. Dulce sentia que ele a queria conquistar a cada dia. De certa forma isso poderia parecer insegurança, mas a garota achava simplesmente encantador. Ela esperava pacientemente sentada em sua sala de estar. Luis viria buscá-la as oito em ponto. Como sempre, Dulce ficara pronta muito antes da hora. Nunca fora daquelas que deixa o cara esperando horas enquanto se arrumava.

Enquanto ele não chegava resolveu ir até o seu quarto secreto. Aquele era seu lugar preferido no mundo todo. Um lugar onde ela podia sonhar, compor, escrever, pintar, inventar e criar todas as loucuras que quisesse. Dulce não pode deixar de sentir um frio na barriga quando olhou a foto do grupo ao qual fez parte durante quase cinco anos de sua vida. Ela mal podia acreditar que eles iriam mesmo se reencontrar. Ela chegou até a pensar que isso jamais aconteceria, havia passado muito tempo. Quando Pedro Damian a contatou pelo celular, ela imaginou que fosse para tratar de alguma nova promoção de seu último disco ou então de alguma proposta de trabalho nova que ela poderia ter recebido. O convite a pegou de surpresa e ela quase teve que recusar. Por obra do destino, talvez, os últimos shows de sua turnê foram cancelados de última hora e a promoção de seu álbum solo se encerrou. Logo ela não estava com nenhum projeto em andamento e nada lhe impedia de aceitar a proposta de Pedro.

Só de imaginar estar de volta ao palco com o RBD já lhe dava frio na barriga. Um medo e uma excitação intensa a dominavam. Será que ainda sabia performar num palco junto com outras cinco pessoas? Será que havia esquecido as letras das músicas? Será que o público ainda os receberia com a mesma energia e empolgação? Ok, essa última pergunta era fácil de responder. Dulce na verdade não tinha nenhuma dúvida de que os rbdmaníacos ainda existiam por todo o mundo e que iriam amar a notícia do retorno. Mas entre todas as inseguranças que surgiram na cabeça da ruiva, uma delas a estava perturbando um pouco demais. E tinha a ver com seus ex/futuros companheiros de grupo. Ela não os via há muito tempo. Alguns menos outros mais, mas todos eles estavam bem afastados. Mesmo que Dulce tivesse tentado manter contato, havia ficado impossível conciliar os horários e datas de todos. Apesar de sentir saudade de todos eles Dulce tinha receio de como seria conviver com eles novamente. Será que seriam os mesmo amigos de sempre ou as coisas teriam mudado?

A garota então começou a refletir sobre cada um deles, se lembrando quais foram as últimas novidades que havia ouvido deles e imaginando o que poderia ter mudado. Maite era a que mais tinha a ver com Dulce, pelo menos no quesito carreira profissional. As duas haviam feito novelas e filmes e tinham alguns CDs lançados. Também encontrava Maite de vez em quando pelos corredores da Televisa ou em premiações que ambas participavam. Maite tivera muitos relacionamentos com pessoas famosas e não-famosas e no momento a morena se encontrava solteira. Ao que Dulce imaginava ela devia continuar a mesma de sempre, logo a convivência com ela provavelmente seria fácil e agradável como de costume. Já Anahí havia se casado com o ex-governador do Estado do México (preciso confirmar essa informação*) e já tinha uma linda filha de dois anos. Ela sim devia ter mudado muito, Dulce não conseguia imaginar Anahí como mãe. Mas também a surpreendeu que a ex-companheira tivesse aceitado o convite de Pedro. Talvez no começo ela estranhasse ver a nova Any, mas com o tempo apostava que iriam encontrar uma maneira de serem amigas novamente.

Dulce sabia, através de sua produção que as duas já haviam aceitado participar do retorno da banda. Infelizmente ainda não havia a confirmação de nenhum dos garotos. Maria se flagrou torcendo para que eles aceitassem. Até porque já estava se acostumando com a ideia. Se alguém desse pra trás e cancelassem o retorno ela ficaria frustrada. Christian era o que mais ela tinha certeza que aceitaria. Ele sempre fora do tipo que não pensa muito para embarcar em uma aventura. Dulce sentia muita falta de seu jeito divertido e espontâneo e não via a hora de reencontrá-lo. Poncho, no entanto, era o que menos tinha chances de querer voltar ao grupo. Ele havia abandonado completamente a faceta de cantor e há muito tempo só se dedicava a atuação. Nem mesmo ela que havia namorado o mexicano podia prever o que ele responderia a Pedro. Outro que era uma incógnita para Dulce era Christopher. Mas isso não era nenhuma novidade, afinal Chris sempre fora uma incógnita para ela.

Pensar naquilo a fez sorrir por um momento. Ao mesmo tempo em que gostava desse lado misterioso de Ucker, também o detestava. Eles haviam sido bons amigos por muito tempo. Mas quando tentaram ser mais do isso as coisas não deram muito certo. Era triste saber que isso talvez tivesse atrapalhado a amizade deles. Quando deixaram de sair, principalmente após o fim da banda, perderam o contato e nunca mais foram os mesmos de antes um com o outro. Mesmo com tudo isso, Dulce não se sentia nenhum pouco mal de admitir que sentia falta dele. O caçula da banda era uma ótima pessoa que sempre se deu bem com todos e que sempre trazia uma energia muito boa aonde quer que chegasse. Seria muito bom tê-lo por perto de novo nesse retorno do RBD. Ela torcia por isso. Torcia para que todos aceitassem, aliás. Uma buzina já conhecida tirou Dulce de seus devaneios. Ela pegou a bolsa e saiu pela porta da sala. Foi até o carro de Luis. Ele a esperava encostado na porta.

- Olá, mi amor - disse ele com um sorriso - Você está maravilhosa como sempre - ele pegou sua mão e deu um beijo nela e depois a abraçou.

- Você também está incrível. Impecável como sempre - ela sorriu e depois lhe deu um beijo rápido nos lábios.

- Vamos que nosso jantar já está nos esperando - ele então abriu a porta do carro, como bom cavalheiro que era, para que Dulce pudesse entrar.

Ela entrou e eles foram rumo à casa de Luis Rodrigo. Iriam jantar lá mesmo, mas isso não queria dizer que seria algo simples. O namorado costumava organizar os melhores jantares e festas em sua casa. Tudo sempre muito fino e agradável. Para aquela noite não podia ser diferente. Os dois estavam há quase seis anos juntos, entre idas e vindas é claro. Chegaram a ter um término mais sério que durou cerca de dois anos. Mas fazia aproximadamente dez meses que eles voltaram da última vez e estavam firmes e fortes novamente. Dessa vez Dulce acreditava que seria para sempre. Ela amava Rodri, como costumava chama-lo, e a relação deles era predominantemente calma e feliz. Por ele não ser do meio artístico, não haviam muitas conturbações. Nas vezes que se separaram havia sido por culpa da distância, ou por uma incompatibilidade de interesses. Coisas que com o tempo eles foram superando. Agora ela já se sentia madura o suficiente naquela relação para afirmar que ambos aceitavam um ao outro como eram.

Chegaram na casa de Luis e foram diretamente para a sala de jantar onde um garçom os esperava. Sim, ele havia contratado um garçom. Aquilo não surpreendeu Dulce, já estava acostumada. Ainda achava um exagero, mas já não reclamava. Se ele achava necessário, então que assim fosse. Os dois se sentaram e foram servidos por um banquete digno de rei e rainha. Dulce, que nunca escondera seu gosto por uma boa comida, se fartou com os pratos. Ao final ela estava cheia e não se sentia nenhum pouco romântica. Luis ao contrário estava num de seus dias mais galantes. Fazia elogios a todo momento e ficava perguntando se ela estava gostando do jantar. Ela sentiu-se mal por não estar acompanhando o clima que ele tentava criar. Devia ser porque Dulce ainda não contara a Rodrigo que havia aceitado voltar ao RBD. E ela sabia que esse assunto era delicado e que seu namorado podia não gostar muito da ideia.

Ele normalmente a apoiava em todos os seus projetos, por mais que isso significasse que ficaria longe dela por um tempo. No começo fora difícil, é claro, eram muitos shows e muitas viagens a todo momento. Mas com o tempo ele se acostumou com a rotina da ruiva. No entanto a novidade do reencontro da banda trazia mais implicações do que apenas o fato de que ela entraria numa nova turnê e viajaria o mundo novamente. Luis poderia ser o homem mais compreensível do mundo, mas o fato de dois ex-namorados de Dulce estarem no grupo incomodaria qualquer namorado. Talvez não tanto por Poncho, que fora uma relação mais antiga e que toda a imprensa teve conhecimento. O grande problema era Christopher, pois muito poucas pessoas sabiam que havia acontecido algo entre eles na época que o RBD ainda existia. Fora uma relação conturbada que não acabara exatamente do jeito que Dulce previra.

Muitos diziam que aquele era o “assunto inacabado” de Dulce María. Ela, obviamente, tentava sempre afastar essa ideia. Afinal, lembrar dos momentos que passou com Ucker ainda era um pouco difícil. Eram lembranças boas, mas que também a faziam recordar de momentos de sofrimento. Por muito tempo ela ficara sem entender porque não conseguia seguir em frente, porque aquela “falta de conclusão” a atormentava tanto. Por sorte ela conhecera Rodrigo, que a fez se apaixonar novamente e superar essa fase. Ela estava segura do que queria, mas não podia deixar de pensar no que seus amigos e seu namorado pensariam dela voltando para a banda e convivendo novamente com Christopher. Ela esperava de coração que todos confiassem que ela seria madura o suficiente para lidar da melhor forma com aquilo. Talvez fosse estranho no começo, por causa da forma como haviam se despedido no último show da banda e por causa dos estranhos encontros que tiveram depois disso. Mas ela acreditava que o tempo havia levado embora todas as dúvidas e inseguranças que tinham naquela época.

- Mi vida - começou a dizer Luis, interrompendo novamente os devaneios da namorada. Dulce estava realmente em outro canal naquela noite. Ela se sentiu mal por isso e tentou se concentrar no elegante homem à sua frente - Já não posso mais esperar. A ansiedade está me matando. Estou querendo fazer isso há um longo tempo e finalmente acho que chegou o momento. Ambos estamos em momentos tranquilos de nossas vidas, e acredito que seja a hora certa para tanto... - ele então se levantou de onde estava e veio se ajoelhar perto de Dulce. A garota sentiu seu coração acelerar de emoção, medo e desespero. Rodri não poderia estar mais enganado. Aquele não era o momento certo para aquilo. Infelizmente já era tarde para Dulce dizer qualquer coisa - Quer se casar comigo? - perguntou ele entregando um lindo anel de brilhantes para ela.

Dulce ficou sem palavras. Ele planejando pedi-la em casamento esse tempo todo enquanto ela planejava dizer a ela que estava voltando ao seu antigo grupo e que iriam ter que ficar longe um do outro novamente. É, os dois não estavam tão em sintonia como ela imaginava. Luis começou a ficar visivelmente incomodado com a demora de Dulce em responder. A garota por sua vez simplesmente não conseguiria dizer que sim, e também não queria dizer que não. Ela estava completamente confusa. Então ela se levantou e andou de um lado para o outro do cômodo. Rodrigo a observou preocupado, mas não disse nada. Ele sabia que havia algo de errado, mas resolveu esperar para que namorada dissesse o que estava acontecendo.

- Mi amor, eu estou muito feliz pelo pedido. E você estava certo, seria um momento perfeito... pelo menos até dois dias atrás - ela começou explicando - Mas surgiu uma coisa. Eu ia te contar hoje mesmo, mas você me pegou de surpresa com esse pedido...

- Me diga agora então... o que pode ser tão importante que te impeça de aceitar meu pedido de casamento?

- Pedro convidou a mim e todos os outros ex-integrantes do RBD para um reencontro. Faremos alguns shows e etc... E eu já havia aceitado...

Luis Rodrigo deixou o anel cair no chão.
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Leia o próximo capítulo: Ensaiando um reencontro