terça-feira, 25 de março de 2014

Una Cancion, Capítulo 2 - Ensaiando um reencontro

Ponto de vista de Ucker

Um mês depois...

Correria. Era esse termo que Ucker usaria se alguém lhe pedisse que definisse o seu último mês em apenas uma palavra.

Desde que aceitara voltar para o RBD tudo estava uma bagunça. Parecia que alguém havia pegado a sua vida e virado de cabeça para baixo. Era tanta coisa a se pensar que por várias vezes nos últimos tempos ele se flagrara respirando fundo para não surtar. Sua cabeça estava a mil com tantos acontecimentos.

Por conta do compromisso que assumira com Pedro Damián, Christopher precisou fazer várias alterações na sua agenda. Alguns shows da sua carreira solo que ainda estavam sendo negociados foram cancelados subitamente, sessões de fotos foram antecipadas, entrevistas remarcadas e os treinos físicos intensificados. Chris sabia que a volta para o RBD exigiria ensaios das novas coreografias e queria estar em forma para dar o melhor em suas performances junto com os outros integrantes.

Ele também repassou o antigo repertório da banda, só para garantir que não passaria vergonha nos ensaios, além de ensaiar as novas canções que seriam inclusas no set list da turnê.

Mesmo com toda a “loucura” de cuidar da carreira solo e da volta ao grupo ao mesmo tempo, Christopher estava animadíssimo. Ele mal via a hora de reencontrar os seus antigos companheiros de banda. Como será que estavam todos? Ele mantinha contato com alguns e sabia notícias de outros por meio da imprensa, mas era claro que todos aqueles anos separados havia esfriado a relação deles.

Ele se lembrava com carinho de cada um. Maite com seu jeito carinhoso e delicado, Poncho e Christian sempre brincalhões, Anahí super falante e amiga. E claro, também tinha a Dulce. Como se esquecer dela?

Claro que ele estava ansioso e ao mesmo apreensivo pelo reencontro. Muitas dúvidas passavam pela sua cabeça: Será que o grupo ainda se daria tão bem quando antes? Será que o público ainda os aceitaria depois de tanto tempo? Como seria o clima nos ensaios, nas viagens, nos bastidores dos shows...? Tudo era uma grande incógnita para Ucker. Mas nada o intrigava mais que a Dulce. Ele nem ousava imaginar como seria o reencontro dos dois. Será que ambos se dariam bem? Será que ela guardava alguma mágoa dele? Conseguiriam os dois manter a amizade depois de tudo o quê aconteceu entre eles?

Ucker sabia que ela estava namorando um empresário, mas mesmo assim permitiu-se manter uma chama de esperança dentro de si. E se tudo fosse exatamente como era antes? Será que dessa vez ele teria coragem de tomar a atitude certa? De assumir que o seu sentimento pela ruiva era muito mais que uma confusão causada por encenações no palco e na novela? Hoje, mais do que nunca, ele tinha absoluta certeza do que sentia por ela e de que aquele sentimento permaneceu ardendo dentro dele por todos esses anos. Mas e ela? Ainda sentiria a mesma coisa?

Aquelas respostas apenas o tempo poderia dar a Christopher. Mas, para a sua sorte, o tempo estava passando rápido para ele.

***

Enfim o primeiro dia de ensaio chegou. Ucker se hospedara em um hotel reservado pela produção da banda na noite anterior afim de facilitar e agilizar essa fase de ensaios. Tudo estava sendo realizado sob o mais absoluto sigilo. Pedro não queria que a notícia do retorno do grupo vazasse antes do combinado de jeito maneira e por isso tomara todas as providências para tanto. A segurança fora reforçada, todos os profissionais envolvidos foram instruídos a não falar nada sobre o assunto e todos os seis “Rebeldes” haviam assinado um termo de sigilo que proibia a todos de comentar sobre o novo projeto na imprensa.

No hotel, um dos mais sofisticados e chiques da capital mexicana, os últimos cinco andares foram reservados para a produção do RBD. A equipe da banda também contava com elevadores privativos, vagas exclusivas na garagem e horários diferenciados no restaurante para que os outros hóspedes não os vissem. Ucker se sentia parte de uma missão especial do FBI. Tudo era tão secreto que lembrava aqueles filmes americanos que falavam sobre conspirações e a existência de extraterrestres.

O cantor riu sozinho da sua imaginação enquanto deixava o seu quarto após tomar um café da manhã na cama. Os ensaios aconteceriam em um estúdio localizado perto do hotel e seria lá que aconteceria o reencontro com os outros integrantes do grupo.

O coração de Christopher batia acelerado dentro do peito. Ele entrou no carro que o levaria até o estúdio e ficou contando os minutos para chegar ao estúdio. Quando chegou, subiu correndo até o terceiro andar, onde aconteceriam os ensaios do dia. Entrou no elevador e ficou contando junto com o marcador digital fixado na parede.

- Primeiro... Segundo...Terceiro – Assim que a porta abriu ele já deu de cara com uma de suas melhores amigas e ex-namorada, Anahí.

- Uckerzitoooooooo! Que saudades! – A loira gritou, jogando os braços ao redor do pescoço de Christopher e pulando com tudo em cima dele. Os dois trocaram um abraço apertado e Ucker relaxou um pouco. A sua recepção não poderia ser melhor. Já dava para perceber que, pelo menos, a Any continuava a mesma. Com certeza o relacionamento com ela seria fácil. Era apenas uma questão de colocar o papo em dia e se atualizar das novidades.

- Vem, já está quase todo mundo aqui! Você não vai acreditar quando ver a May. Ela está um mulherão! Nem parece a mesma May de antes... – A loira disparou a falar puxando o Ucker pela mão para o interior do estúdio. Ele não pode deixar de rir. Tudo estava acontecendo exatamente como antes. Era como entrar em uma máquina do tempo, ou como viver um “deja vu”. De repente ele sentia alguns anos mais novo, a euforia de antes tomando conta dele como sempre.

Estavam quase todos ali: Maite, Poncho, Christian, além dele e da Any. A May realmente estava um “mulherão”. Parecia que ela estava com um olhar mais decidido, mais maduro, talvez... Ucker não sabia definir. Poncho também estava com a expressão mais séria, com um cavanhaque, os cabelos bem aparados. Parecia um homem de negócios pronto para uma reunião. Será que era para algum papel ou era sua aparência mesmo? Anahí continuava loiríssima, sorrindo a toa e muito animada. Porém, dava para perceber que agora ela estava mais responsável. Ela andava com o telefone celular para cima e para baixo e ficava mandando mensagens a todo momento. Segundo a loira, era para checar se estava tudo bem com a sua “hija”. Já Christian não tinha mudado nada. Os cabelos continuavam tingidos com uma cor extravagante e ele não parava de fazer piada nem um minuto sequer.

- Holaaaa amigos! – Uma voz doce se sobrepôs ao “burburinho” que tomara conta do estúdio – Quer dizer que já começaram a festa sem mim?

Christopher não precisou se virar para saber quem havia acabado de chegar. Só de ouvir a voz o seu coração disparou dentro do peito. Ele tentou disfarçar, mas quando se deu conta já havia se virado e estava sorrindo como um bobo ao admirar a “pequena” que tanto lhe fazia falta.

Anahí foi a primeira a saltar em cima da Dulce para abraçá-la. Maite seguiu a loira e os meninos precisaram interromper o “tricô” das garotas para também terem a oportunidade abraçar a Maria. Poncho foi quem “puxou a fila”. Os dois trocaram um longo abraço e algumas poucas palavras. Já com Chris a recepção foi mais alegre. Ele abraçou a Dul e a tirou do chão, fazendo a ruiva soltar gritinhos de reprovação. Os dois amigos conversavam com muita empolgação falando a todo momento que estavam morrendo de saudades um do outro.

E então chegou a vez de Ucker. Ele respirou fundo e abriu os braços para abraçá-la também.

- Dulceee... – Christopher exclamou torcendo para que o seu tom de voz não entregasse o quanto ele estava feliz em reencontrá-la.

- Ucker!  - Ela disse com a voz baixa antes de aceitar o seu abraço. Porém, o momento durou muito menos do que ele desejava. Rapidamente ela se desvencilhou dele e se afastou, tomando o cuidado de não deixar que os seus olhos não se cruzassem. Mas o que estava acontecendo, afinal? Ela parecia estar com... medo. Chris esperava todos os tipos de reação por parte da Dulce, mas essa o pegou completamente desprevenido.

- Bueno, bueno... Vocês terão muito tempo para conversar depois! Agora é hora de começarmos a trabalhar! Temos muito o que fazer pela frente, “chicos” – Pedro bateu palmas para chamar atenção de todos, dando por encerrado o momento de “confraternização” de todos.

Os ensaios começaram. Os produtores mostraram as novas músicas e também novos arranjos para os antigos sucessos. Todo o grupo conversava muito animado discutindo as melodias, formas de interpretação e até mesmo já imaginavam o efeito que as “novidades” causariam nos shows.

Durante todo o dia Christopher tentou aproximar-se de Dulce, mas não teve nenhum sucesso. A ruiva o tratava com uma “frieza educada”, ao passo que interagia e brincava com todos os outros presentes no estúdio de forma alegre e simpática.

Ucker não conseguia compreender o que estava acontecendo, e claro, aquilo o desconcentrou. O resultado disso foi que ele errou praticamente todas as letras, esqueceu os versos das canções novas e se atrapalhou todo na hora de cantar.

- Nossa, acho que o Christopher vai precisar de uns ensaios extras para lembrar as músicas antigas... Tá mal mesmo, hein Uckerzito? – A Anahí brincou com o amigo.

- Não, não é nada disso... Acho que é só o cansaço. Estive trabalhando demais nesses últimos dias – Ele tentou se justificar.

- Tá bom, Ucker. Vou facilitar para você – Pedro interveio – Pausa para o almoço, turma. Vamos todos para o refeitório comer um pouco e recarregar as energias. Quem sabe assim o Chris consegue prestar atenção no ensaio quando voltarmos...

Todos desceram para o primeiro andar do estúdio, onde uma enorme mesa já estava posta. A variedade de comida era impressionante. O pessoal se serviu sem cerimônia e logo se sentarem, conversando entusiasmado.

Ucker juntou-se a eles por mera educação. Ele não estava no clima de “confraternizações”. Fora isso, o “gelo” que a Maria estava dando nele o deixava fora do assunto. Parecia que ele não era bem-vindo no papo.

O cantor já estava se perguntando quanto tempo ainda faltava para que aquele dia terminasse quando aconteceu. A Maria, que estava sentada do outro lado da mesa à direita do Christian, esticou o braço sobre a mesa para pegar o sal que estava bem em frente ao Ucker. Foi aí que ele notou o anel de brilhantes na mão da ruiva.

Então era isso? Ela estava noiva? Era por isso que Dulce estava o evitando daquele jeito? A novidade desceu como ácido pela sua garganta. De repente nada daquilo fazia mais sentido e tudo o que ele queria era ir embora. Voltar para a tranquilidade da sua casa, para a incerteza dos seus pensamentos. A verdade era que a Dulce já havia o esquecido e aquilo machucava demais. Pelo jeito a chama de um amor, por mais sincero e intenso que fosse, poderia sim se apagar...

***

O resto dia passou como um borrão. O desempenho de Christopher foi tão ruim na segunda parte do ensaio que o produtor executivo desistiu de continuar tentando e dispensou todos mais cedo.

- Hey pessoal, o que acham de aproveitarmos o tempo livre para colocarmos o papo em dia? Podemos sair, beber algo, não sei... – Christian propôs recebendo o apoio de quase todos.

- Hum... Desculpa pessoal, mas não estou no clima. Acho que não estou me sentindo bem. Vou direto para o meu quarto – Ucker respondeu mexendo nos cabelos.

- Garotos, não quero ser estraga-prazeres, mas lembrem-se que vocês estão sob contrato de sigilo. Cinco “RBD’s” juntos vai chamar muita atenção. Acho melhor vocês ficarem aqui no bar do hotel mesmo. Vocês podem pedir para o gerente fechar uma área reservada para vocês – Pedro assumiu o seu famoso papel de “única cabeça ajuizada” do grupo.

Depois de alguns minutos debatendo o assunto, todos aceitaram a sugestão do produtor e seguiram para o bar do hotel enquanto Ucker pegava o elevador privativo rumo ao seu quarto.

Quando chegou no dormitório, a sua assessora, a Linda, já estava o esperando. Apenas pessoas autorizadas poderiam entrar e Ucker já havia deixado a segurança do hotel devidamente avisada sobre a sua vista.

- Nossa, foi um sacrifício conseguir entrar. Pensei que fossem até pedir um exame de DNA – Ela brincou.

- Nem me fala! Estou me sentindo em um presídio, ou em algum reality show de TV. Só estão faltando as câmeras – Ele sorriu, o primeiro sorriso depois de horas.

- Nem brinca que é capaz de arrumarem algumas... Mas e aí, Chris! Como foi o primeiro dia de ensaio? Já marcou o casamento com a Dulce? – A garota de cabelos castanhos e olhos cor de mel brincou. Linda era uma das melhores amigas de Ucker. Os dois sempre viajavam juntos à trabalho e eram muito íntimos. Tanto que a assessora sabia de toda a história do amigo com a Maria.

- Casamento? Bom, ela realmente vai se casar. Mas com certeza não é comigo – Ele sentou-se na cama ao lado da Linda, soltando um longo suspiro.

- Casar? Conta essa história direito – A morena pediu. Christopher então narrou como foi o seu dia, detalhe por detalhe, dando bastante ênfase ao “gelo” que recebeu da ruiva e do anel que ela levava no dedo.
- Na boa Linda, vamos comigo ao ensaio amanhã? Pelo menos não vou ficar “boiando” no assunto, completamente excluído – Ele pediu, bastante arrasado.

- Mas o que eu vou fazer lá? Amanhã não é o ensaio das coreografias? – Linda indagou.

- É sim! Mas por favor, só diga que vai! Inventa uma desculpa qualquer para estar lá, você é ótima nisso! Só não quero sentir o que senti hoje... Se estiver lá, você não vai me deixar ficar “pra baixo” – Christopher praticamente implorou à amiga. Normalmente ele não gostava de dar o braço a torcer, mas Chris sabia que podia confiar na Linda.

- Tudo bem, eu vou – Ela se deu por vencida, percebendo que o amigo estava realmente mal – Mas agora chega de sofrer pela Dulce! Sabe do que você precisa? De uma cerveja para curar essa dor de amor. Vem, eu pago! – Ela disse, puxando Ucker pelo braço.

É, talvez ela tivesse razão. Nada melhor que dar uma volta para acalmar o seu coração.

Ponto de vista da Dulce

Dulce acordou um pouco mais tarde que o normal naquele dia. Depois do “happy hour” que ela, os outros RBD’s, os músicos e algumas pessoas da produção da banda fizeram na noite passada para comemorar o reencontro, ela não aguentou manter o horário pedido por sua assessora e amiga Iliana. O dia anterior havia sido de muita festa e alegria. Foi muito bom rever todos eles, voltar a cantar com o grupo e ainda sair para se divertir a noite. A única coisa que incomodou Dulce foi a forma como ela havia se comportado com Christopher. Ele nem mesmo fora ao bar junto com todos à noite. Havia dado uma desculpa para ficar no hotel. Dulce se sentia extremamente culpada por isso. Foi ela quem o tinha tratado com frieza enquanto ele veio todo simpático e receptivo. Ela se odiara por isso, mas sua razão dizia que era assim que ela devia agir. Ela não podia permitir uma reaproximação com Ucker, não depois de ter aceitado o pedido de casamento de Luis Rodrigo. Não depois da conversa que tiveram antes dela partir.

A garota não estava 100% segura de estar fazendo a coisa certa, no entanto. Não parecia justo tratar Christopher de forma diferente só porque queria proteger sua relação com o noivo. Eles eram amigos afinal, apesar da relação amorosa que tiveram no passado. E no momento não havia como a mídia especular nada a respeito, pois eles estavam realizando os ensaios em sigilo absoluto. O melhor a fazer seria tratá-lo normalmente, agir com ele como sempre agira. Continuar evitando se aproximar seria pior. Daria mais a pensar a todos e até a ela mesma. Maria estava decidida, não iria mais dar aquele gelo do dia anterior em Chris. Iria ser a mesma de sempre e tentar reatar aquela antiga amizade. Ela pediu o café da manhã no quarto, já que àquela hora não estariam mais servindo no refeitório. Comeu, tomou um banho e se arrumou correndo para não chegar atrasada ao ensaio. Ficou satisfeita ao ver que não era a última a chegar. Na verdade, apenas Anahí já estava no salão.

As duas se cumprimentaram e Dulce começou a fazer alguns alongamentos. Isso porque a manhã prometia ensaio das novas coreografias. Fazia algum tempo que a ruiva não fazia atividades físicas daquela intensidade, então era melhor estar preparada. Não queria provocar nenhuma contusão antes mesmo de começarem os shows. Enquanto isso ela se entretida em uma conversa super agradável com Any sobre como todos na banda haviam mudado. Dulce havia ficado muito feliz ao perceber que as coisas com a loira permaneciam do mesmo jeito. Ela continuava como sempre foi, mesmo depois de casar-se e ter uma filha:  animada, divertida e bem humorada. Perguntou diversas coisas sobre a vida e carreira de Dulce e a ruiva perguntou o mesmo a ela. Chegaram até a dar boas risadas juntas, não só naquela manhã, mas em alguns momento na noite anterior também. Dulce ficou mais próxima de Any do que de qualquer um dos outros durante a “festinha”. Por as duas serem comprometidas, acabaram ficando mais reservadas no meio da bagunça. Mas nem por isso deixaram de aproveitar o momento.

- Buenos dias, chicas! - gritou uma voz masculina que ecoou pelo grande salão. As duas se viraram e viram Jack, o novo coreógrafo do grupo. Ele havia sido apresentado aos 6 no dia anterior logo que chegaram para conhecer a equipe com a qual trabalhariam nos próximos meses. Jack foi um dos que se deu bem com o grupo logo de cara - Muy bien, tô vendo que já estão se preparando para mexer o esqueleto o dia todo! - exclamou ele empolgado, mas no segundo seguinte sua expressão murchou - Mas cadê o restante do povo? Devem estar se recuperando da ressaca depois da noitada de ontem, né?

- Buenos dias, Jack! - respondeu Any aos risos - Maite, Poncho e Christian podem até estar atrasados por isso, mas o Uckerzito não saiu ontem à noite! Dê um desconto a ele!

- Pior ainda, né? Esse não tem nem desculpa de ter exagerado na bebida ou ter ficado acordado até tarde… Quero ver o que vai inventar - Jack falava sério, mas dava pra saber que ele estava só enchendo o saco de propósito - Provavelmente deve ter encontrado alguma “pollita”, como diz o Christian, para passar a noite com ele, só pode ser!

- Claro que não deve ser isso! - falou Dulce sem pensar. Ela nem imaginava por que havia afirmado aquilo com tanta convicção. Como ela poderia saber, afinal? O máximo que sabia era que Ucker não estava namorando ninguém no momento, e sua fonte eram só as revistas e sites de fofoca. Talvez fosse o que ela esperasse de Christopher ou então o que preferia acreditar. Céus, a ruiva estava mesmo confusa!

- Dulce tem razão - concordou Any tirando a amiga do apuro. Ela não sabia se a loira tinha feito isso para ajudá-la ou se foi pura coincidência. De qualquer forma, ficou grata a ela - O bebê é rapidinho com as garotas, mas nem tanto…

Os dois riram. Dulce deu apenas um sorriso amarelo e voltou para seus alongamentos. Se esqueceu de quais já tinha feito, então começou tudo de novo. Cerca de cinco minutos depois, os integrantes do RBD que faltavam no ensaio chegaram. Como era de costume, os garotos trouxeram consigo muito barulho e inquietação. Dulce desistiu de seus passos de yoga naquele momento. Já não haveria como conseguir se concentrar. Dessa vez eram Poncho, Chris e Maite que estavam agitando o ambiente, todos riam e comentavam sobre a noite anterior. Christopher, que vinha mais atrás, não estava assim tão empolgado. Ela decidiu que iria até lá falar com ele, perguntar se estava tudo bem. Quando começou a andar em sua direção, no entanto, percebeu que não estava sozinho. Ele conversava com uma mulher. Os dois pareciam bem próximos, deviam se conhecer há algum tempo. Ou pelo menos era o que parecia. Ela não parava de pegar no braço dele e de se aproximar para dizer as coisas em seu ouvido.

Dulce instantaneamente suspeitou que rolasse algo entre os dois. Principalmente porque conseguia ouvir que ele a chamava de “linda” a todo momento. Ela se sentiu incomodada e constrangida por ter ficado encarando um dois mesmo que apenas por alguns segundos. Os dois não pareceram perceber já que estavam muito entretidos na conversa, mesmo assim a ruiva disfarçou e fingiu que tinha ido pegar alguma coisa em sua bolsa que havia deixado no fundo do salão. Ela não pode deixar de ficar pensando sobre o que Jack havia dito minutos atrás. Afinal ele poderia ter razão. Ucker poderia mesmo ter deixado de ir ao “happy hour” do dia anterior por estar acompanhado. Só que obviamente não era alguém que ele havia acabado de conhecer. Dulce não sabia porque estava se questionando sobre tudo aquilo. Não era da conta dela com quem Christopher estava saindo. Ela devia ficar feliz por ele ter encontrado alguém e apenas isso. Quem sabe em um momento que o encontrasse sozinho ela conseguisse consertar as coisas e eles pudessem voltar a ser aos amigos de antes.

Jack se apressou em dispersar a bagunça e acabar com o falatório que havia tomado conta de todos, ou praticamente todos os presentes. O coreógrafo mandou ficarem todos em suas posições de costume em cima do palco. Essa foi uma parte engraçada, afinal nenhum deles lembrava mais quais eram suas posições de costume. Então Jack teve que, um por um, os colocar em seus devidos lugares para que pudessem começar a ensaiar. Para começar relembraram as coreografias antigas. Algumas delas iriam permanecer nos shows, para agradar os fãs. Dulce ficou nervosa ao perceber que iam começar com a música “Un Poco de Tu Amor”, um dos primeiros singles da banda e uma das muitas coreografias que ela fazia com Christopher. Essa em especial, eles dançavam juntos apenas no começo, mas os passos eram bem sensuais e exigiam uma grande proximidade dos dois. Ela esperava que a “namorada” de Ucker não fosse ciumenta, afinal aquele era o tipo de coisa que dava muito a imaginar e que certamente fariam as “Vondys” pirarem em todos os shows.

As batidas da introdução da música começaram sem que Dulce se desse conta. Como num passe de mágica Christopher já estava atrás dela. A ruiva então se virou na direção dele e ambos se posicionaram para esperar o momento de começar a dançar. Como Dulce ainda não havia cumprimentado Ucker naquele dia, ela deu um sorrisinho para ele, que não foi correspondido. Chris estava muito sério. A garota não sabia dizer se era por que ele estava concentrado e não queria errar a coreografia, ou se tinha outro motivo. De qualquer forma, se sentiu mal com a frieza do companheiro. Talvez ele estivesse lhe dando o troco por causa do dia anterior, mas isso seria infantil demais, não seria? Christian começou a cantar os primeiros versos da música por cima da música original que tocava e aquela era nossa deixa para iniciar os passos de “UDTA”. A mão de Christopher tocou levemente as costas de Dul e eles dobraram levemente as pernas descendo e depois subindo. Nessa parte Dulce se lembrava que tinha de virar na direção do público, mas acabou fazendo isso de forma muito intensa o que resultou em uma bela cotovelada nas costelas de Chris.

Ambos já não conseguiram mais continuar a dança. Christopher fazendo cara de dor e passando a mão no lugar onde fora atingido e Dulce pedindo desculpas repetidamente. No fim das contas não tinha sido nada de mais então logo eles puderam recomeçar a coreografia. Infelizmente não foi nada fácil para Ucker e Dul pegarem o ritmo e conseguirem dançar ao menos sincronizada mente. É claro que todos os outros também estavam tendo dificuldades principalmente para lembrar dos passos. Mas Jack estava ali para isso e ajudou nessa parte. No caso de DyC era evidente que os problemas eram bem maiores. Os dois simplesmente não conseguiam acertar o passo. Para ajudar, várias das músicas antigas que estavam sendo usadas, eram músicas onde eles tinham que dançar juntos. E parecia ser ai que morava o problema. Quando os passos eram individuais ambos mandavam bem, mas quando se juntavam a coisa demorava para sair direito, ou as vezes nem saía.

- Chicos, o que é que estava acontecendo com vocês? - perguntou Jack um pouco desapontado mas tentando dar ânimo a eles ao mesmo tempo - Onde está aquela química toda que vocês dois tinham em cima do palco? Quero mais paixão, mais sensualidade! Deixem a inibição de lado e se joguem, ok?!

Os dois tentaram seguir o conselho de Jack e deram uma leve melhorada. O que não durou muito tempo. Quando ele começou a ensinar as coreografias novas Dulce e Christopher voltaram a estaca zero. A dupla simplesmente não conseguia se entender “dançativamente” falando. Nenhum dos dois tentou sugerir uma troca de parceiros, eles sabiam que Dulce e Chris, Any e Poncho, eram pontos chaves na banda. Esses pares deveriam estar próximos por boa parte das duas horas de show que costumavam fazer. Estava no contrato deles dez anos atrás, e agora não deveria ser diferente. Ao final do dia o saldo foi positivo num geral. Conseguiram relembrar várias das antigas coreografias e aprender alguns passos das novas músicas que entrariam no repertório dos shows. Infelizmente o ponto alto do ensaio acabou sendo o “vexame Vondy”. Todos, sem exceção, estavam tirando sarro de Dulce e Christopher porque eles não conseguiram acertar o passo juntos.

Os dois tentaram rir e entrar na brincadeira, mas Dulce pelo menos estava se sentindo um pouco envergonhada com aquilo. Não era de seu feitio deixar que fatores externos atrapalhassem enquanto ela estava no meio de um trabalho importante como aquele. Por mais que parecesse que tudo era só diversão, ela sabia levar a sério os assuntos do grupo. Sempre soube. Mesmo que fosse uma pessoa meio avoada no dia-a-dia, quando se tratava de trabalho ela era extremamente profissional, ou costumava ser pelo menos. Desconfiou seriamente que aquele episódio tivesse a ver com a recente tensão vivida com o caçula do RBD. Estava rolando um clima esquisito entre eles, logo, querendo ou não, isso acabava afetando a performance deles. Dulce começou a se lembrar de alguns momentos da época antes do fim da banda quando situações parecidas com aquela aconteceram. As mais marcantes foram duas: um pouco antes dela começar a sair com Christopher e semanas depois de eles terem terminado. Curiosamente os dois momentos em que ela mais teve problemas com desempenho no palco estavam relacionados ao garoto.

Pensar naquilo só deixou Dulce ainda mais constrangida e irritada. Ela odiava quando as coisas não saiam como ela planejava. A única coisa que pensara em fazer naquele dia, que era se reaproximar de Ucker, não havia nem podido tentar. Ainda para piora, eles haviam sido um fiasco ensaiando juntos. Maria só pensava em voltar para seu quarto e esquecer que aquele dia havia acontecido. Desde Christopher chegando com uma garota desconhecida na ensaio até o fato de ser o alvo das piadinhas de todos. A ruiva esperou a primeira oportunidade de escapar do almoço que os outros estavam planejando fazer em conjunto. Deu uma desculpa muito esfarrapada e subiu para o seu quarto. Ao chegar lá, apenas tirou os sapatos e se jogou na cama. Ao contrário do que desejava, as lembranças não saíram de sua cabeça. Tanto as do dia presente, quanto as do passado semelhante a ele. Por mais que não quisesse, Dulce ficou pensando nisso por um tempão. Também não conseguia tirar da cabeça aquela garota que Ucker tanto chamava de “linda”. Tudo bem, ela até que era bonita, mas não era pra tanto.

Céus, o que diabos estava dando nela? Dul se levantou da cama e foi até o banheiro. Jogou água fria no rosto para ver se aquilo a fazia acordar para a realidade. Ao passar a mão sobre o rosto, olhando para o espelho, ela pode ver o anel de brilhantes em seu dedo. Seu anel de noivado. Ele reluzia devido a alguns raios de sol que entravam pela janela. No mesmo instante seu celular tocou, assustando a ruiva que havia se esquecido que ele estava no modo vibra no bolso de sua blusa. Ela pegou o aparelho e viu que era Luis Rodrigo. Imediatamente sentiu que aquilo era um sinal. Um sinal de que ela estava fazendo algo errado. Se preocupando com coisas que não deveria se preocupar. Voltou para o quarto e atendeu ao celular.

- Bueno.

- Hola, mi amor. Como está?

- Bem e você? - respondeu Dulce meio seca.

- Estou bem… Mas está mesmo tudo bem com você? - insistiu Luis percebendo que havia algo errado com a noiva.

- Mesmo. Estou bem, não se preocupe. Só estou me sentindo um pouco cansada por causa dos ensaios das novas coreografias. Mas logo me acostumo com a rotina.

- Não vejo a hora de você voltar para casa no final de semana - disse ele com tom de empolgação - Estamos morando juntos há apenas um mês e já sinto como se nunca tivesse morado sozinho antes.

- Também sinto a sua falta, mi vida - respondeu Dul, tentando soar um pouco menos desanimada e perturbada dessa vez - Logo estarei ai, vai passar rapidinho, você vai ver…

- Eu duvido. Mas está bem, no sábado eu arrumo uma forma de você me compensar por passar a semana longe.

- Será muito mais de uma semana, Rodri - advertiu ela.

- Eu sei, por isso a cada final de semana terá que pensar em algo diferente - ele riu e eu ri também. Voltando a me lembrar porque havia aceitado o pedido de casamento dele.

- Adiós, mi vida. Nos falamos depois, preciso descansar.

- Hasta luego, Mary - se despediu ele a chamando pela apelido que ela odiava - E não se esqueça daquilo que conversamos…

Então ele desligou. Sua última frase havia acabado com qualquer clima romântico que tenha existido durante aquela ligação. Também acabou de vez com a vontade de dormir da moça. Lembrar daquela conversa só a deixava inquieta. Dulce não havia gostado nada dela. Aconteceu um dia antes de ir para o local dos ensaios. Luis Rodrigo tinha sido contra a ideia do reencontro desde o começo e fez questão de deixar isso bem claro. Dulce ficou extremamente decepcionada, pois esperava o apoio dele naquela decisão. Um tempo depois ele voltou atrás disse que ela devia fazer o que achava certo. A garota então resolveu não desistir de nenhuma das duas coisas. Aceitou o pedido de casamento de Rodrigo, mesmo sabendo que ficariam afastados um bom tempo por causa da turnê. Ela explicou para ele que o fato de voltar para o RBD não mudava em nada o que ela sentia por ele e nem iria atrapalhar em sua relação. Luis entendeu e disse que esperaria por ela o tempo que fosse.

Até ai tudo lindo e maravilhoso. Dulce iria viajar para os ensaios com a consciência tranquila. Ela não esperava, porém que Rodrigo iria colocá-la contra a parede um dia antes de ela viajar. Ele veio do nada com uma conversa estranha sobre Dulce se lembrar de que já não era uma adolescente como na época em que entrou para o elenco da novela e que agora era uma mulher madura e comprometida, por isso deveria manter uma postura mais respeitosa e se comportar com cautela em relação aos seus companheiros de grupo e até mesmo aos fãs. Segundo Rodrigo, ele dizia aquilo tudo para alertá-la, afinal o mundo o “show-business” era cheio de armadilhas e trapaças. Só que Dulce sabia que não era só isso. Luis tinha medo mesmo era da exposição a que Dulce estaria sujeita voltando a fazer parte de uma banda mundialmente famosa como o RBD. Ela sabia que ele gostava de manter tudo fora do alcance da mídia e que se dependesse dele, ela já teria largado a carreira artística faz tempo.

Dulce María jamais em sua vida imaginou depender de um marido para viver. Ela desde pequena havia trabalhado no meio artístico e tudo que havia conquistado era fruto de muito esforço e dedicação. Nada lhe foi dado de mão beijada nem em função de troca de favores, como acontecia muito nesse meio. Dulce cresceu como artista e ganhou seu lugar ao sol por si mesma. Por isso ela não admitia que alguém fizesse pouco de sua carreia, como se fosse algo que ela pudesse largar assim sem mais nem menos. Esse fora o maior motivo de brigas entre ela e seu noivo durante os anos de relacionamento que tiveram. Quando voltaram pela última vez, Dulce acreditava que haviam superado esse obstáculo, mas aquele último discurso de Rodrigo a havia deixado extremamente confusa. No dia que ela viajou ele nem sequer mencionou a conversa, se despediu dela como se estivesse tudo bem e assim foi também nas ligações quando eles se falaram no dia anterior. A ruiva havia preferido deixar o assunto de lado e fingir que nada havia acontecido, mas ele voltando a menciona a conversa minutos atrás tornava isso meio impossível.


Por mais que soubesse que deveria sair e tentar encontrar o outros, Dulce preferiu passar o resto da tarde no quarto ouvindo música e escrevendo. Ela pediu seu almoço, comeu e até tirou um cochilo. Quase se esqueceu que tinha que voltar para o estúdio para mais horas de ensaio. Se não fossem seus assessores virem lhe acordar, ela com certeza teria faltado. O que não seria uma boa ideia, afinal deixaria claro que havia alguma coisa errada com ela. E isso era tudo o que Maria não queria. Ela tinha que manter a pose e convencer a todos e, principalmente a si mesma, de que estava tudo perfeitamente bem. Então trocou de roupa e deixou o hotel com a cabeça erguida, pronta para superar mais aquele desafio em sua, nada fácil carreira de cantora.

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Leia o próximo capítulo: Happy Hour

2 comentários:

  1. Ai gente ameeeeeei esse reencontro pfvr muito emocionante *O*
    E essa Maria que não sabe o que fazer e fica tratando o bebê com frieza... não sei de quem eu tenho mais dó, se dela por ter essa insegurança ou dele de não entender a situação D:
    Af o Rodrigo ta sendo um babaca... por um lado até entendo, porque ele é fichinha pro Ucker né... mas por outro carai deixa de ser possessivo ¬¬
    E essa amiguinha do Ucker pode ir tirando o cavalinho da chuva.. certeza que ela vai se aproveitar da situação IUhaIUhAI

    beeijos meninas!

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    1. Acho que eu tenho mais dó do Ucker! Tadinho, ele estava muito iludido com esse reencontro e a Dul ficou tratando ele mó mal! Mas eu sou um pouco suspeita para falar, porque é claro que vou defender o Uckerzinho, né?!

      Rodrigo está sendo MUITO babaca! Poooxa, deixa Vondy ser feliz! O que custa? Só ele quer ter a Dul? Nãããooo! Tem que deixar pro Christopher também! kkk

      E nãããooo! Linda é gente boa! Ela está preocupada com o Uckerzinho, só isso! Os dois são brothers, nada mais!

      Beijãoo Tá! Valeu por comentar! =)

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